"Eu quero você"
Tirei o papel todo amassado do bolso do meu short jeans, tentei inutilmente protege-lo da chuva enquanto conferia o endereço rabiscado com pressa ali, guardei-o novamente e corri até o numero da casa que eu deveria chegar, olhei meu reflexo no vidro da porta e respirei fundo. Meus cabelos gotejavam a água da chuva, meu corpo tremia, mas não sabia se era frio, medo ou ansiedade, respirei fundo mais uma vez e me permiti brincar com um sorriso nos lábios enquanto esticava minha mão e dava duas leves batidas, voltei a alinha meu braço ao corpo e minha mochila que estava pendurada somente por uma alça, escorregou do meu ombro molhada bem na hora que ouvi o barulho da tranca da porta fazendo-me esquecer de respirar.
Abracei-me ainda com o sorriso leve, agora de lado, brincando em meus lábios ao ouvir a chave caindo e ele praguejar enquanto a pegava e abria a porta, deu um passo a frente a fim de ver quem era e meu sorriso se tornou do mesmo tamanho que seu espanto. Ele me encarava e eu sorria, o vi percorrer meu corpo com os olhos e não acreditar no que via, esfregava o rosto e sua boca ainda entreaberta de surpresa não dizia nada, talvez quem tivesse passado ali naquele momento questionaria porque os dois bobos se encaravam sem trocar uma palavra, a chuva já não fazia qualquer diferença e foi só quando não consegui me controlar e bati o queixo de frio que ele despertou, pegou minha mochila e me puxou para dentro de casa.
Tudo era muito bonito lá dentro, ele saiu em disparada gaguejando que ia pegar algo para me secar e aquecer, meu sorriso só aumentava e quando ele voltou com uma toalha e uma camisa sua, não conseguia conter o sorriso nem mesmo para perguntar se eu preferia um chocolate quente ou café. Peguei a toalha e a roupa que me oferecia, disse que não queria nada, mas ele me interrompeu se lembrando de que eu gostava de café e me guiou até o banheiro onde eu pudesse me trocar, antes de entrar eu o chamei e disse que gostava também de chocolate quente, isso o fez sorrir e eu fechei a porta.
Eu já estava seca e aquecida, estávamos conversando no sofá enquanto um filme que deveríamos assistir rolava na televisão, mas a sensação de olhar em seus olhos ainda era inacreditável, ás vezes nos pegávamos tocando o rosto um do outro com cautela, como se fosse um sonho e qualquer movimento brusco nos fizesse acordar. Ele me fez cafuné, eu fiz cafuné nele, comemos pipoca, nos abraçamos até os olhos marejarem e nos beijamos... Sem duvida, a melhor parte foi finalmente poder sentir seu beijo, e quando nos afastamos ele me perguntou entre dois filmes qual eu queria, eu sorri e estiquei meus braços brincando de “unidunite” e parando nele disse:
- Eu quero você!