Minha doença

Era apenas uma manhã comum, quando acordei, o sol entrava pela janela do meu quarto e iluminava o céu da minha boca. Havia algo a mais em meus olhos, eu enxerguei algo que não devia. Acabei pegando uma gripe, mas não uma gripe qualquer, foi uma gripe daquelas que fazem tudo parar de uma forma mútua. Aquela que esquenta o coração e esfria a mente.

Meus pensamentos voaram como um pássaro, de uma forma oriunda e talvez hostil.

Levantei-me, vagarosamente coloquei os pés no chão, ele havia mudado de alguma forma, havia gelo, mas parecia insano.

Adquiri um poder qualquer que nem eu podia controlar.

O amor é uma gripe, daquelas bravas que te transformam em trapos. Me acabei naquele chão, fui congelada por uma idiotice. Felizmente o sol sempre estava lá, fui descongelada.

De fato, nem tudo é o que parece e eu não pareço doente.

Você atacou meu fígado, meus rins, meus vasos sanguíneos. Você é o cigarro que fumo, você atacou meus pulmões. Meu ser complexo...

Estou com os sintomas de tuberculose, vivo tossindo sangue quando falo de ti.

Estou com tétano, meus músculos se contorcem quando me atrevo a pensar em ti.

Peguei uma febre quando percebi de fato que já não tinha sua frieza. Eu acho que tenho câncer, seu amor se espalhou em todos meus sistemas, todos os meus pseudos.

Tenho diabetes, minha glicose aumentou, estou em falta de ti... minha insulina.

Mas meu pulso ainda pulsa, por enquanto... logo, logo posso ter um infarto.

Também tenho asma, perco o ar quando te vejo.

Tenho problemas mentais, você é meu calmante, minha droga, minha viciante nicotina, você é psicodélico.

Tenho hepatite, nem sei se é A, B ou C, minha pressão aumenta contigo.

Eu tenho aneurisma, é assim tão complexo, mas quase normal, já era de se esperar, você atacou meu cérebro, a qualquer momento posso ter um AVC.

Mas meus pulsos ainda pulsam...

Talvez seja fácil compreender o que não pode ser compreendido.

Você é a gordura trans que eu consumo, todo o caramelo IV, todo meu teor faminto.

Você é a peste negra que me persegue.

Chega! Basta! Cansei dessas doenças, irei dormir.

Enfim dormi, acordei as 3 da tarde, chovia muito, meu quintal estava alagado. Abri então as portas que são direcionadas a rua, criei uma grande emoção, todas elas faziam meu peito pulsar ligeiramente.

Me inundei nos grandes tornados das pequenas gotículas que pairavam no chão.

Tudo parecia estar curado aqui dentro de mim, mas algo mudou quando você passou diante dos meus olhos molhados, não podendo distinguir se era lagrima interior ou as lagrimas das chuvas. Naquele momento tudo voltou. Tudo parou... cai em sono eterno, não pude compreender do que ou que causou minha queda. Não há certeza se foi infarto, câncer, tuberculose, asma, gripe, AVC, aneurisma, febre ou hepatite, talvez tenha sido amor ou quem sabe ilusão de alta frequência completamente sem cura.

Não há resultancia, nem concordância ou muito menos preposição, mas foi você o causador do meu eterno coma.

Helena de uranus
Enviado por Helena de uranus em 24/02/2016
Reeditado em 24/02/2016
Código do texto: T5553820
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