A tímida e o jogo da verdade part 1
Ela era muito tímida para acreditar que alguém como ele poderia se interessar por uma garota nerd, que se escondia atrás dos seus livros na biblioteca.
Amanda vivia de sonhos, assim como aqueles que lia.
Seus romances não saiam para além do cheiro daquelas páginas antigas, cheios de perfeição e desafios, que ela nunca imaginaria realizar em sua vida.
O mundo real já era um grande desafio, por exemplo, como em passar entre duas pessoas ou por araras de roupas, mesas e não ferir ninguém ou derrubar nada. Ela entendia que esse era seu carma, nunca queria chamar atenção, mas o universo conspirava contra.
Não sabia dizer se era feliz, mas as pessoas gostavam dela. Tinha uma beleza que ela própria desconhecia, com seus longos cabelos ruivos, sardas discretas e olhos castanhos avermelhados.
Amanda tinha um segredo, uma paixão que se negava pensar por muito tempo ou até admitir. O mais novo e belo professor da faculdade. Um cara alto, olhos azuis rasgados feito um gato e com os cabelos mais brilhosos que já viu, que caiam lateralmente ao seu rosto, típico dos príncipes que Amanda descritos nos romances que lera no seu" pretérito mais que perfeito, totalmente fora do seu padrão de namorados.
Silas era galante, misterioso e tinha um sorriso absurdamente lindo.
Apesar de Amanda saber que ele nunca a notaria, não ficava triste e até agradecia por ser uma pessoa racional, que não ficaria enchendo páginas de um diário sobre seu amor platônico. Além do que, não saberia nem como conversar ou lidar com um cara daquele, se desse bola para ela.
Amanda já tinha namorado outros caras, mas dentro da sua realidade nerd. Daqueles que adoravam histórias em quadrinhos, jogavam R.P.G, conversavam sobre clássicos e tinha um poster do STAR WARS pendurado na parede do quarto com vários personagens em miniatura sob uma prateleira logo abaixo.
Amanda aprendia muito com esses caras, as vezes até mais que um livro. Sua mãe brincava que eles eram uma enciclopédia ambulante, mas percebia que nunca viu um brilho sequer nos olhos da filha.
Amanda queria flores em vez de livros, queria passeios no parque ao invés de ir à eventos de Cosplay e precisar se fantasiar de alguma coisa que a deixariam terrivelmente incomodada, queria se sentir linda e não fútil por gostar de se maquiar, enfim queria viver algo diferente de tudo aquilo que vivia.
Tudo começou a mudar quando uma patricinha da faculdade foi obrigada a cumprir estágio na biblioteca. Helena era uma lutadora de MMA por dentro, estressada, escandalosa e autoritária.
Mas não seria novidade se ela gostasse e se tornasse amiga de Amanda, porque não existia no mundo alguém que não conseguisse gostar de uma pessoa que não julga e apenas se comporta ou fala conforme o necessário.
Amanda ria com Helena, apesar de não concordar com algumas atitudes, no fundo a admirava. Um alguém que sabia tanto de si e não tinha medo do mundo, pelo contrário as pessoas tinham medo dela.
Era linda, sedutora e tinha respostas na ponta da língua. É, Amanda se tornou a melhor amiga de uma pessoa totalmente diferente dela e aquilo fez muito bem para seu ego.
Certo dia Amanda estava reposicionando distraidamente alguns livros que uns alunos tinham deixado ali a pouco tempo e uma voz grave chamou-a pelo nome.
_ Amanda?
Quando se virou para ver de quem se tratava, todos os livros caíram em seus pés e ela ruborizou imediatamente. Lá estava Silas com sua camisa perfeitamente passada e seu perfume amadeirado, olhando para ela assustado. A questão era: como sabia seu nome?
_ Posso te ajudar
_Imagina, sou toda atrapalhada mesmo.
Disse quase gaguejando e sem ar.
_Estava precisando de um livro de mitologia, na realidade especificamente este.
Ele entregou-lhe um papel com o nome do livro e sua caligrafia era perfeita. Imediatamente sem falar nenhuma palavra, ela buscou no banco de dados do computador e foi procurar no longo corredor de prateleiras. Silas sem falar nenhuma palavra a seguiu. Tensa Amanda só pensava em não tropeçar e derrubar 20 prateleiras de livros de uma só vez. Seu corpo estava quente, suas mãos pingavam e parecia sentir o ritmo e a temperatura da respiração do professor.
_Aqui professor.
_Muito obrigada.
Ele ficou a olhando como se tivesse algo para falar, mas Helena chegou ao local.
_Silas, querido como está?
_Aqui na faculdade é professor Silas, Helena.
_Ai que chatice, enfim, hoje vai ter uma festinha lá na república e você está intimado a ir.
_Você vai Amanda?
O coração dela dispara e finge não entender a pergunta, porque estava ainda se questionando como ele sabia seu nome.
_Não.
_Vai simmmmmmmmm A MI GA. Ia te convidar hoje mesmo, você está fedendo livros, vamos sair desse lugar por favor.
_Ai Helena, não fale assim de mim.
Helena pisca, abraça Silas e sai da biblioteca sussurrando coisas, bem próxima ao ouvido dele. Amanda sente um aperto em seu peito, mas ao mesmo tempo estava com muita vontade de ir aquela festa. Volta para casa com aquilo no pensamento e então liga pra sua irmã Amora.
_Alô
_Amora?
_E ai pimentinha?
_Preciso da sua ajuda.
_O que foi?
_Fui convidada para uma festa.
_Ai outra fantasia de cosplay, desculpa amor, mas não vou costurar nada para você ir para guerra.
_Amora! Para.
Amora ri com aquele fungar de porco.
_ Se controla Amora! Não é isso!
_Ta, então o que?
_Fui convidada para ir em uma festa. Só que na república de uma garota que trabalha comigo.
_Meu Deusssssssssssssss acabou o mundo. Mundo você vai acabar.
_Amora, Amora, para de gritar sua louca. Amora, para!
_Não tem ninguém no ateliê só eu, relaxa mana.
_Não sei como me vestir.
Disse Amanda em um tom mais nervoso, se sentiu como Helena nessa hora.
_Ah, mas eu sei! Deixa comigo pi.
_Tá, mas não é certeza eu ir, fui convidada de última hora, não sei se é verdade. Alô? Alô? Droga!
Amora já tinha desligado.
Tempos depois Helena chega na biblioteca e apoia no balcão.
_Ta afim dele?
O coração de Amanda acelera.
_Afim de quem?
_Para de ser tapada Amanda. Do Silas, claro!
_Nã... eu.. cla.. Claro que não!
_ Hum, sei. Bom hoje você está intimada a ir para a festa. Vou te buscar tá?
_ Por que?
_Ah sei la, to cansada das mesmas putas daquela república.
Amanda ri e fica tensa ao mesmo tempo. Não sabe se pagará mico ou destruirá alguma coisa.
Chegando em casa, cumprimenta sua mãe , toma um café, mas não fala uma palavra.
_ O que foi Amanda, está tensa?
_Não, estou bem.
_Amora falou que você vai sair hoje.
_Ah! Vou, nada demais.
Beija sua mãe e sobe pro seu quarto. Chegando lá encontra uma blusa de cetim preta, uma mini-saia rodada preta, estampada com pequenas flores verdes, um brinco cheio de swarovski preto e uma sandália preta de salto alto toda trançada.
_ O que é isso Amora? Modelo rock ín roll ?
_Você, vestida, hoje.
_Eu não vou conseguir andar com esse sapato.
_Você vai cair de testa no chão, mas você vai com essa! SAN DÁ LIA!
_Você é louca!
Uma hora depois Amanda estava vestida e produzida por Amora. Quando se olhou no espelho sentiu um sentimento diferente. Só que dessa vez não era timidez, se sentia linda e mais que isso sentia que via uma Amanda que sempre quis ser, mas nunca se atreveu em encontrar. As lágrimas chegaram em seus olhos, mas não deixou que se derramassem.
Continua...
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