O amadurecimento da paixão parte 2.
O amadurecimento da paixão, continuação.
Para quem ainda não leu, sugiro que leia a primeira parte dessa história para que não se perca ao decorrer da mesma.
Taissa escutou o que eu havia lhe dito com atenção, sorriu para mim e demorou algum tempo para responder. Mesmo com a evidente satisfação que carregava, não deixou de ser surpreendente para ela ouvir da pessoa que a desprezou palavras com tanta sinceridade.
- Tudo bem Dani, isso é passado. Somos outras pessoas agora né, e você não precisa se sentir culpado por nada disse Taissa, sem tirar os olhos dos meus.
Eu sabia que ela estava certa, no fundo eu sabia. Muita coisa tinha acontecido e era tarde demais para se arrepender, afinal a vida não é um diário que escrevemos o que bem entendemos e depois podemos voltar e editar o que foi escrito. Infelizmente eu aprendi isso da pior forma.
Concordei com a cabeça após ouvir o que ela me disse, e assim seguimos o assunto.
- E aí, como tá sendo morar aqui pra você? Sentiu alguma diferença além de ter que vir trazer bola aqui fora quase toda hora? Dei um sorriso para ela, que retribuiu.
- Não senti muita diferença não, o lugar que eu morava é praticamente a mesma coisa. A diferença é que aqui eu ainda tenho o que fazer, tipo trazer bola que certas pessoas chutam na minha casa. Nós dois rimos.
- Você mudou muito, sabia? Continua magrela, mas nem parece mais aquela menininha que estudou comigo a um tempão. Tomou chá de bambu foi garota? Rimos mais uma vez, e ela respondeu:
- Eu não te disse que agora somos outras pessoas? Ninguém fica igual pra sempre né, tudo muda. Se até as plantas crescem, por que comigo seria diferente? Ela deu um sorriso de canto.
Senti ironia em suas palavras, mas naquela altura do Campeonato pouco me importava. Era fato mais que consumado que eu tinha vacilado e se quisesse aquela garota teria de batalhar como um louco para conquistá-la. E o pior é que eu era péssimo nisso.
- Verdade, tudo muda. Só o que não muda é que sempre existe uma chance para recomeçarmos. Se até uma planta pode voltar a crescer depois de ser maltratada, por que com a gente seria diferente? Arranquei outro sorriso dela, que ficou surpresa com a resposta que eu lhe dei. E sinceramente, nem eu sei de onde tirei aquilo. Ou eram os anjos me dando uma ajudinha extra, ou então eu era um conquistador barato e não havia descoberto ainda.
- Continua o mesmo nerd de sempre né Dani? Quase tudo mudou, mas você nunca vai deixar de sair com essas palavras do nada né. Ela riu e eu também, concordando com o que ela acabara de afirmar.
- Vem cá, você conhece o Daniel? Ela perguntou, e eu sem entender nada respondi:
- Sim conheço, ele está aqui do seu lado agora.
Ela riu e continuou: - não é você seu bobo, tô falando do Daniel que mora lá em cima. Tô afim dele.
Aquela resposta caiu como uma bomba no meu colo. Eu sabia quem era o cara, mas isso não era o pior de tudo. O pior é que ela estava querendo outra pessoa, ela queria ficar com outro cara. E enquanto isso eu estava ali, louco por ela alimentando uma possível chance que ela praticamente jogou pelo ralo.
Com muita raiva, porém sem deixar que ela percebesse, respondi: - conheço sim, ele vem jogar bola aqui com a gente algumas vezes. Boa sorte pra você, tomara que consiga ficar com ele. Minha vontade era de chorar, e eu não sabia o porque. Nunca na minha vida havia sentido um sentimento tão forte e inexplicável daquela maneira. Me senti impotente, um covarde sem capacidade para ir a luta depois de um golpe extremamente violento.
- Obrigada Dani, vamos ver o que acontece. Acho difícil, porque muitas garotas estão afim dele. Mas quem sabe né? Ela sorriu e eu apenas a encarei sem sorrir de volta.
- É, quem sabe, respondi friamente.
Nossas mães continuavam a conversar, enquanto nós dois continuávamos no total silêncio. Parecia até aqueles casais que brigam e ficam no mesmo lugar só por obrigação, ou então duas pessoas que se gostam e acabaram de ficar completamente sem graças por algo que admitiram sem querer.
Para quebrar o clima, Taissa ligou o seu celular e colocou uma música. Funk, que na época era o que todos os adolescentes escutavam. Não sei o que ela queria com aquilo, mas colocou uma música em que a mulher que cantava dava alguns gemidos simulando uma provocação a pessoa que ela queria ficar. O problema não foi a música que ela colocou, e sim o fato de ela ter começado a imitar o que a cantora fazia.
Fiquei sem ação e não consegui fazer nada, apenas continuei ali pensando o que ela queria com tudo aquilo. Após o ocorrido, nossas mães encerraram a conversa e nós decidimos entrar também.
- Tchau, Dani ela disse, se levantando e indo em direção a sua casa ainda olhando para mim.
- Tchau, Tai respondi já me virando e entrando em casa, desnorteado com aquela avalanche de coisas que acontecera em um só dia.
Depois do jantar, resolvi ir para meu quarto e descansar. Era muita coisa para uma criança de apenas 13 anos processar. Dei boa noite para minha mãe e fui deitar, quando chegou meu primo Pedro para dormir junto comigo.
- Isso é hora de vir pra cá moleque? Achei que teu pai ia te levar pra casa, mas fica aí. Vamos trocar uma ideia disse a ele, que sempre considerei um irmão.
Pedro é da mesma idade que eu, e sempre convivemos juntos. Meu tio o levava diversas vezes lá para casa e também sempre viajávamos juntos. Não existiam segredos entre nós, éramos confidentes um do outro.
- Tu tá estranho leke, que tá pegando? Perguntou Pedro, que me conhecia como ninguém.
- A garota misteriosa estudou comigo cara. Na verdade não tinha mistério nenhum, eu que não lembrava dela. O nome dela é Taissa, era gamadinha em mim quando estudamos juntos e eu nem dava bola pra mina.
- Já entendi tudo. Agora ela veio morar aqui, ficou maior gata e você ficou chupando dedo né? Pela tua cara, tô vendo que o jogo virou e quem gamou nela foi você. Ele riu, me deixando irritado.
- Sei lá parceiro, quero falar dessa parada não. Aconteceu tanta coisa que eu nem sei te dizer o que tá rolando comigo. Vou dormir, amanhã conversamos mais sobre isso. Respondi já virando para o lado, e ouvindo ele concordar dizendo que também estava cansado.
- Aí chega o momento crucial. O momento em que nada mais existe, nada mais consegue fugir e evitar o inevitável. É só você e seus pensamentos, só você naquele mergulho profundo de confusões e verdades que são jogadas na sua cara enquanto a sua mente se aventura em incansáveis descobertas.
Era como se eu tivesse assistindo um telejornal, e naquele momento começasse a passar um resumo de tudo que aconteceu na cidade. Eu me perdi em tantas idas e voltas da minha vida, fiquei preso entre o saber o que estava acontecendo e ao mesmo tempo não saber de absolutamente nada.
Mergulhei de uma vez em meus pensamentos, como um biólogo em busca de novos dados para uma pesquisa incrivelmente importante. Lembrei daquela voz, daquele lindo sorriso e do cheiro do seu perfume. Eu precisava dela, eu a queria para mim. Queria tocá-la, queria beijá-la. Desejava passar a mão e sentir cada pedacinho do seu corpo, beijar seu pescoço e sentir enquanto respiro bem suavemente o seu cheiro.
Viajei por completo nos cenários mais perfeitos que minha mente podia criar, imaginei-a de todas as formas possíveis e sensações que jamais senti me invadiam sem que eu pudesse controlar.
- Mas assim como a sua mente te ilude com as criações magnificas de cenas, ela também faz questão de te mostrar o quanto você está sendo idiota e que aquilo não passa de uma ilusão. Imediatamente me veio na cabeça que quem errou com ela foi eu, e em seguida que ela estava afim de outro cara. Sim, parecia castigo, mas esse cara tinha o mesmo nome que o meu.
Foi mais forte que eu. A nossa mente é uma coisa maluca. Ao mesmo tempo que é capaz de nos fazer querer lutar até o último segundo, também é capaz de te destruir é deixar-lhe totalmente sem chão. Imaginei que em breve ela estaria nos braços de outro, sendo feliz com outro alguém. Ele quem a beijaria, ele quem ia poder sem resistência tocar seu corpo e sentir seu cheiro. Aquele cara que a falaria coisas doces no ouvido, e que também faria promessas e planos para o futuro. Não consegui segurar, e como uma pessoa que acabou de perder algo ou alguém muito importante, eu chorei. Chorei em silêncio para que ninguém escutasse, até porque era mais que o suficiente eu mesmo me dar conta de que era um covarde perdedor.
Mas só tem uma diferença de quem perde algo ou alguém para quem perdeu apenas um round da luta: quem perde algo ou alguém não tem volta, mas quem perde só o primeiro round pode seguir lutando.
Não sei de onde veio essa força, mas de mim que não foi. Eu seria incapaz de me manter esperançoso depois de tantas descobertas desfavoráveis em um só dia. Seja lá quem me enviou, ela seria utilizada com toda certeza. Como uma vela que acabou de ser acesa em meio a um blecaute, me mantive confiante e coloquei na cabeça que lutaria por ela até o fim. Deitei a cabeça no travesseiro e apaguei, dormindo profundamente sem sonhar com nada após um dia repleto de emoções.
Fui acordado bruscamente por meu primo, que dizia sem parar:
- Bora moleque, bora! Levanta, vai tomar um banho e um café pra irmos jogar bola. Já são mais de meio dia seu otário ele disse rindo, me observando levantar rapidamente.
Era um costume zoarmos o tempo inteiro um da cara do outro, então eu disse a ele:
- Otário é? Vou te mostrar quem é otário aqui! Parti pra cima dele e o empurrei no chão, iniciando assim uma luta como costumávamos fazer quase sempre.
Seguramos um no pescoço do outro, e eu disse: - vamos parar com essa mocice e tomar café logo, me solta que eu te solto também.
- Tá bom, dessa vez passa. Mas isso vai ter volta, pode esperar respondeu Pedro, recebendo a mesma resposta de mim.
Tomei um banho e depois fui tomar café, indo para a rua encontrar com o pessoal logo em seguida. Chegando lá, já estavam todos reunidos para mais uma partida de futebol. Só o que ninguém imaginava, era que este jogo não seria apenas mais um daqueles jogos comuns que disputávamos. Haviam muitas emoções reservadas para aquele dia.
- De um lado, ficava o meu time. Eu, pedro, Rafael e Bruno; já o outro time era composto por Mateus, Iago, Gabriel e Daniel. Pera aí, Daniel?
Não era miragem. Era ele mesmo, Daniel, com aquele cabelinho ridículo jogadinho na cara que era moda na época. Meu cabelo sempre foi liso e grande, mas eu não usava da mesma maneira que ele. Penteava normalmente, sem seguir estilo algum.
- Encarei-o de longe, sem cumprimentar-lhe e o clima ficou pesado. Sem dúvidas, bela maneira para iniciar uma partida de futebol. Quem joga sabe que não ah nada melhor que aquele gostinho de rivalidade no ar.
Pedro veio até mim, bateu no meu ombro e perguntou-me o motivo de tanta reprovação a Daniel. Me limitei a responder-lhe que em breve ele saberia, e que era para manter-se concentrado que aquele jogo eu só perderia se me tirassem de lá de maca. Sem entender nada, meu primo concordou e voltamos as posições indicadas para que o jogo tivesse início.
Daniel de um lado, Daniel do outro. Dois rivais lutando por um só objetivo. Quem sairia campeão daquela batalha?
Chinelos de um lado, chinelos do outro. Isso era necessário para que a marcação dos gols ficasse amostra e não acontecessem tantas brigas por conta disso.
Mateus, que também nunca foi bem visto pela nossa galera, disse do outro lado em provocação ao nosso time: - hoje vai ser 5 a 0, vamos ter que fazer a troca de lado rapidinho.
- Quem fala muito pouco faz. Rola a bola e parte pra cima moleque, eu só resolvo jogo na prática. Respondi a ele, recebendo o apoio dos meus companheiros de time.
- O jogo teve início e a correria também. Era toque de bola para lá, toque de bola para cá. Diversas jogadas e dribles de efeito que só tornavam as provocações ainda mais fortes. Nosso time começou em desvantagem, com Daniel do time deles arrebentando. Eu era obrigado a admitir mesmo contra minha vontade que o moleque tinha talento.
Com o calor maltratando, demos uma pausa no jogo para beber água. Estava 4 x 3 para eles e o cansaço já dominava todos nós.
Após a volta, Rafael que era um dos meus melhores amigos e também gostava muito de provocar disse ao outro time: - é assim mesmo, a primeira é sempre dos pintos! Esse jogo é nosso, de virada é mais gostoso. Recebemos a provocação de volta e o jogo foi reiniciado. A frase de Rafael me contagiou, e resolvi partir para cima com tudo.
Rafael tocou para Bruno, que passou para Pedro na direita. Meu primo sempre jogou muito e era o melhor do time com certeza. Pedro dominou bonito na esquerda e tocou em mim que passava como uma bala na direita. Como sempre fui magrinho, a velocidade era o meu maior triunfo. Dominei e coloquei a bola na frente já indo em direção ao gol, quando fui derrubado por Daniel do time adversário.
Levantei já partindo para cima dele, segurando-o pela camisa.
- Ficou maluco seu babaca? Eu devia era sair na porrada contigo agora, acha que eu não sei que tu chegou de maldade seu merda! Disse com sangue nos olhos.
- Daniel ia me responder, mas meus amigos já estavam a minha volta me segurando e dizendo que não adiantaria de nada brigar aquela hora.
- Qual foi irmão, para com isso. Solta o cara e vamos encerrar o jogo, namoral disse Pedro, acompanhado de Rafael e todos os outros.
Mesmo descontente, cheguei a conclusão de que eles estavam com a razão. Até porque, o meu maior prazer seria vencer o jogo na bola, e não na violência.
Soltei o meu rival e nos encaramos, antes que os amigos dele o puxassem para o outro lado. A falta era muito perigosa, representava a chance que precisávamos para empatar o jogo e deixar a situação ainda mais tensa. Resolvi chamar a responsabilidade e pedi para cobrar.
- Deixa que eu bato essa disse, bastante confiante e recebendo o apoio da galera.
Antes que eu me preparasse para chutar, o portão se abriu e Taissa apareceu para deixar o jogo ainda mais interessante.
- E aí, meninos. Posso assistir o jogo daqui? Perguntou ela, recebendo os olhares de todos presentes.
Todos concordaram, e eu fiquei olhando para ela antes de voltar as atenções para o meu objetivo principal. E agora, convenhamos, tudo acabara de ganhar um brilho todo especial.
Meu estilo de jogo nunca foi chute forte. Sempre chutei colocado e por isso não costumava tomar distância para concluir em gol. Me concentrei e olhei para Gabriel, goleiro do time adversário para focalizar direitinho a forma do chute.
Os jogadores do time adversário estavam a poucos metros de mim, formando o que chamamos de barreira no futebol. Daniel estava entre eles, e a vontade que eu tinha era de chutar a bola diretamente na cara dele. Mas a vitória seria bem mais importante para mim.
- Coloquei a bola no chão e botei a mão nela para ajeitá-la, um ritual que sempre fazia antes de qualquer cobrança de falta ou pênalti.
Sem tomar distância, dei um leve toque na bola colocando-a por cima da barreira no ângulo do goleiro. Foi um golaço, sem chances para Gabriel.
Meus amigos vieram me abraçar, e eu não escondi o sorriso com o gol. Taissa olhou para mim e disse:
- Parabéns, não sabia que jogava tão bem assim. Sorrimos um para o outro e o jogo recomeçou.
Estava tudo empatado, 4 x 4. Quem fizesse o quinto gol ganharia a partida. Foi uma correria total, muitas pancadas e ótimas defesas dos dois goleiros. Daniel, o meu rival recebeu uma bola e passou por mim e por Pedro, ficando cara a cara com o goleiro. Tudo estava aparentemente perdido, dificilmente ele perderia essa chance.
Quando a vitória parecia escapar das nossas mãos, Rafael apareceu como um bicho correndo e se jogou na frente de Daniel, que chutou em cima dele.
- Sou eeeeeeu! Sou eeeeeu! Aqui não, seu babaca! Aqui não gritava Rafael, provocativo como sempre.
Fiquei rindo sozinho de Rafael, e logicamente feliz pela chance de vencer o jogo que continuava possível. Bruno, que estava no nosso gol, lançou uma bola com a mão e eu dominei no peito. Rafael passou correndo na frente e pediu para que eu tocasse para ele. Parti para cima da marcação, ameacei chutar e puxei a bola. Mateus, do time deles caiu sentado e eu cruzei na medida para Rafael que cabeceou bonito e fez o gol da vitória.
- É nooooooooooooossooooo! A vitória é nossa! Quem é melhor agora aqui hein? Quem é melhor seus babacas todos nós gritávamos, ensandecidos por ter vencido o jogo.
- Taissa olhava admirada, e eu correspondia sorrindo para ela.
Andei na sua direção bem devagar por conta do cansaço, coloquei a mão em seu braço e falei: - essa vitória foi pra você. Sem esperar sua resposta, me virei e saí andando voltando para onde estavam os meus amigos.
A comemoração parecia não ter fim. Sempre fomos competitivos até demais, e ninguém aceitava perder nem em par ou ímpar.
- Foi até que a paz durou pouco e Daniel veio andando em nossa direção. Aproximando-se de mim ele desafiou: fazer gol no Gabriel é fácil. Quero ver fazer em mim, que além de jogar na linha sou goleiro profissional do Madureira.
Todos rimos e meus amigos perguntaram: E aí Daniel, vai deixar esse playboyzinho te desafiar? Eu, que já quase não gostava de um desafio, aceitei na hora.
- Tu é goleiro profissional do Madureira? Então tá, vamos ver se tu é bom mesmo. Só eu e você, sem barreira. Quero ver se tu pega.
- Daniel andou em direção ao gol e se posicionou, enquanto eu fazia meu ritual de sempre.
Tirei o chinelo e fiquei descalço, e todas as atenções estavam direcionadas aquele momento.
Respirei fundo e olhei para Taissa, que prestava atenção a cada detalhe. Eu sei que ela sabia que tudo aquilo era por causa dela, e é claro que aquilo fazia com que ela se sentisse desejada. Afinal, que mulher não gosta de saber que dois caras estão lutando tanto pelo seu amor?
- Não tinha mais como correr. Estávamos ali, frente a frente, dois rivais com o mesmo nome com um só objetivo: decidir quem sairia vencedor naquele round.
Antes de chutar, lembrei de tudo que ocorreu no dia anterior. De todo o meu medo de perder Taissa para outro cara, da minha aflição por imaginá-la nos braços de outra pessoa que faria com ela tudo que eu desejava fazer, da minha imensa fraqueza por não conseguir lutar como homem para tê-la para mim.
Tudo isso foi como abastecer um tanque que estava sem combustível. Foi como ligar na tomada um celular que necessitava de carga, colocar pilha em um brinquedo que você tanto gosta de brincar.
Olhei para Taissa mais uma vez, afastei meus pensamentos e dispensei toda a classe. Lembrei das palavras de Daniel dizendo que era goleiro profissional, se gabando como se aquilo significasse ser melhor que alguém.
Eu não era assim, mas infelizmente deixei a raiva me dominar. A nossa mente é um labirinto, se deixarmos as coisas se perderem alguns sentimentos que você não costuma sentir com frequência te dominam.
- Eu e Daniel nos encarávamos, como se fosse a batalha final. Mas não era, aquilo só estava começando. Todos seguiam observando, ansiosos pelo desfecho daquilo que mais parecia um teatro ainda longe do seu fim.
Afastei um pouco o pé da bola e chutei. De bico, sem preocupação alguma com qualidade. Foi um chutaço, uma verdadeira pancada de pé esquerdo. A bola foi no ângulo novamente, fazendo o portão onde se localizava o gol balançar. Daniel nem se mexeu.
Olhei para ele com desprezo, dei um sorriso e disse: - para quem é goleiro profissional do Madureira, você está precisando treinar mais, hein. Sem responder nada, Daniel e seus amigos subiram derrotados.
- Meus amigos me deram os parabéns e eu os cumprimentei pela nossa vitória, me despedindo deles em seguida. Todos foram para suas casas e meu primo entrou para a minha, me dizendo que ia tomar um banho e beber água.
Novamente, havia sobrado apenas eu e Taissa. Andei na sua direção e encostei ao lado dela, que estava encostada em um carro na frente do seu portão.
- Parabéns pela vitória ela disse, sorrindo para mim. Você jogou muito! Ela concluiu.
- Obrigado, mas eu tô preocupado com outra coisa agora respondi, deixando-a intrigada.
- E com o que seria? Ela perguntou. Sem tirar os olhos dela respondi, sendo ousado:
- Com esse vestido justinho que você tá usando. Coloquei a mão na cintura dela e fui descendo devagar, colocando a mão em sua coxa e apertando com um pouco de força. Passei a mão bem calmamente para cima e para baixo, concluindo em seguida: como pode isso, a magrela de antigamente ficou muito gostosa. Dei um sorriso para ela, sem saber até então de onde tirei coragem para fazer o que fiz.
- Deixa de ser safado, garoto ela disse rindo, mas sem reagir a meus toques.
Sorri de volta para ela e segurei em sua mão com calma, como se quisesse protegê-la e demonstrar que eu seria capaz de fazer qualquer coisa por ela. Coloquei meus dedos entre os dela e olhando-a fixamente falei:
- Tudo que fiz hoje foi por você. Os gols, as jogadas, a luta até o fim independente do cansaço. Eu errei muito contigo no passado, mas quero mudar isso. Eu quero ficar contigo Tai, eu quero merecer o seu amor e a sua admiração. Quero proteger você, quero poder estar contigo sempre. Eu tô aqui, eu vou cuidar de você. Magrela disse sorrindo, completamente sem graça.
"Fim do segundo capítulo."
O amadurecimento da paixão parte 2.
Após algum tempo, resolvi seguir escrevendo e publiquei o segundo capítulo dessa história bem complexa que aconteceu na vida de Daniel. Confesso que o meu maior incentivo foi ler os comentários de todos vocês, que fizeram questão de me apoiar e pedir a continuação. Espero que tenham gostado, e caso queiram ler os próximos capítulos é só comentar.
Podem deixar aqui também suas opiniões sobre todas as complicações que envolvem essa história, e o que acham que vai acontecer nos próximos capítulos. Essa interação com vocês é o que me motiva!