O amadurecimento da paixão
"O amadurecimento da paixão."
Talvez leve muito tempo até você se apaixonar de verdade.
Talvez você desista, talvez você se desanime, talvez você chegue a conclusão de que paixões e amores não combinam com o seu estilo.
É provável que surjam diversos pensamentos e situações na sua cabeça, como por exemplo o que será que eu tenho que não consigo gostar de ninguém? Quando será que essa agonia vai acabar? Quando eu vou conhecer alguém que vai fazer o meu coração disparar de verdade?
Porém, é possível também, que essas respostas só sejam encontradas e desvendadas depois que você relaxar. Quando deixar de procurar, quando não houver mais aquela aflição e aquela vontade descontrolada de encontrar a qualquer custo alguém que faça seu coração bater mais forte.
Na maioria das vezes é assim que acontece, pra encontrarmos alguém que nos desperte um sentimento realmente intenso, é necessário manter a calmaria dentro de si e não se deixar levar pelos impulsos da ansiedade.
Muitas pessoas se apaixonam sem saber, ou pelo menos querem acreditar que não sabem.
Você pode se apaixonar em uma fila de mercado. Você pode se apaixonar na porta de uma sorveteria, pode se apaixonar na loja de um shopping.
A sua grande paixão pode estar na esquina de casa, ou até mesmo no lugar mais improvável, em frente a uma oficina conversando sobre qualquer coisa com uma simples pessoa que caminhava por ali.
É possível que você se apaixone em uma festa de 15 anos, relembrando aqueles tempos de antigamente onde os casais dançavam agarradinhos e começavam a partir daquele dia a compartilhar suas vidas. Você pode se apaixonar na sua escola, ou até mesmo por alguém que mora a quilômetros de distância da sua casa.
Sim, isso é completamente possível nos dias de hoje, com a tecnologia avançada que possuímos. É possível que você conheça o grande amor da sua vida em uma sala de bate-papo numa conversa casual, ou porque não no chat do seu Facebook por meio de uma solicitação de amizade até então despretensiosa.
Tanto as paixões quanto os amores podem acontecer na sua vida quando você menos imaginar. Em uma distração durante o caminho até o seu trabalho, na volta pra casa após um cansativo dia na faculdade, em um esbarrar de corpos ao andar de pressa para não se atrasar para um compromisso importante.
O que é fato é que você nunca vai estar preparado psicologicamente e muito menos fisicamente para se apaixonar. E a graça está exatamente aí, em querer fazer de tudo para se adequar aquela situação tão nova, que você não imagina e tampouco faz questão que deixe de fazer parte da sua vida.
Daniel é um rapaz aparentemente normal, apesar de não gostar de fazer coisas tão comuns como as pessoas tratadas como corretas fazem.
Apaixonado por escrever e também por música, Daniel sempre acreditou que a vida é um eterno aprendizado. Sendo assim, ele tornava aqueles aprendizados que adquiria conforme ia ganhando experiência em amadurecimento.
Amadurecimento que ele atribui a dificuldades, já que na sua opinião a pessoa que não atravessa momentos complexos dificilmente vai conseguir ser madura no futuro.
-Eu me chamo Daniel. Tenho 17 anos e nasci no Rio de Janeiro.
Não sou diferente e muito menos melhor que ninguém, apenas procuro fazer da minha vida aquilo que acredito que seja bom pra mim.
Sempre gostei de conversar. Principalmente com as pessoas mais velhas, pessoas nas quais eu deposito todas as minhas dúvidas e sempre aprendo muito com suas experiências e histórias de vida. Também utilizo como motivação, levando em conta que existem pessoas de idade que carregam dentro de si mais vontade de viver do que muitos jovens cheios de saúde.
Com 11 anos de idade, as minhas únicas obrigações eram estudar e brincar. Ou, me expressando de forma mais clara, ser feliz. E sim, graças a Deus, eu sempre fui feliz.
Minha família nunca foi extremamente rica. Nunca viajamos pelo mundo, em momento algum fomos pra outro país que não fosse o nosso de origem. Não visitamos outros estados, não conhecemos outra cidade. Sempre vivemos aqui, e a nossa felicidade sempre residiu neste lugar. Na cidade maravilhosa.
Pão de açúcar, Cristo Redentor, Maracanã. Estes são só um dos diversos pontos turísticos do Rio de Janeiro, cidade que encanta e faz pessoas de todos os lugares e países do mundo se apaixonarem com tanta beleza.
Não só a beleza dos pontos turísticos, como também das cariocas. Lindas, sensuais e sempre simpáticas, é impossível não ficar admirado. Usando quase sempre roupas curtas pra fugir do calor, mostram seus corpos repletos de curvas e atributos que dificilmente em outro lugar você encontre igual.
Na cidade maravilhosa eu construí a minha vida. Nasci, cresci e amadureci, além de viver momentos que ficarão marcados eternamente na minha memória. No Rio de Janeiro eu conheci pessoas incríveis, fui a lugares fantásticos e juntamente com a minha família escrevi as minhas melhores histórias.
No Rio de Janeiro eu estudei, guardei na minha cabeça todos os sonhos que tinha vontade de realizar. Aqui eu tive muitas paixões de adolescente, passageiras mas que sempre deixam marcas na gente.
Sabe aquela coisa de andar de mãos dadas, de dar beijinho no rosto, levar chocolate pra dar de presente? Tudo isso eu fiz. Foram coisas pequenas, mas que pra mim foram muito especiais.
A minha primeira paixão de adolescente que considerei séria de verdade foi aos 13 anos. Enquanto jogava bola na rua como sempre fiz com os amigos, eu me lembrava que havia se mudado não a muito tempo pra casa da frente uma família nova.
Confesso que em momento algum tive interesse em saber quem eram aquelas pessoas, pois eu não esperava que aquilo pudesse acrescentar algo de relevante a minha rotina. No entanto, sem questionarem se eu gostaria ou não de saber, entraram no meu quarto contando sem pausas que uma das pessoas que haviam se mudado pra lá me conhecia.
Aquilo foi um tanto quanto bizarro pra mim, porque eu realmente não conseguia compreender como uma pessoa que chegou de repente sem mais nem menos jurava me conhecer. Imediatamente veio na minha cabeça que ela podia estar se confundindo, no meu modo de pensar ela devia estar fazendo menção a outra pessoa que achava ser eu.
Porém, depois daquele dia decidi não tocar mais no assunto, e segui a vida normalmente. Escola, casa, rua. Escola, casa, rua. E assim sucessivamente.
Até que no dia citado anteriormente, enquanto jogava bola e pensava em tudo isso, um dos meus amigos que disputava mais uma de nossas partidas desastrosas de futebol na rua chutou a bola na casa dessa pessoa até o momento misteriosa aos meus olhos.
- Tá de sacanagem né, moleque? Não dá pra combinar de chutar a bola devagar contigo. Você não sabe se controlar. Agora quero ver como eu vou fazer pra ela devolver a bola pra gente disse eu, bastante descontente com o que acabara de ocorrer.
- Se quiser continuar jogando, vai ter que tomar coragem e chamar por alguém no portão. Não adianta só ficar discutindo disse um dos meus amigos, chamado Rafael.
Irritado com o comentário absurdo ao meu ver que Rafael tinha feito, exclamei:
- Ah, então quer dizer que é assim? Vocês chutam a bola, ela cai na casa de uma pessoa que eu não conheço e sou eu que pago o pato? Não vou gritar ninguém, se querem passar vergonha não contem comigo.
Ainda sim, depois de muito discutirmos sobre quem chamaria no portão, eu fiquei com a função. Pois eles me convenceram de que eu que morava ali perto, então seria mais fácil ela entregar pra mim do que pra eles.
É lógico que não concordei porque sou muito orgulhoso, mas eu sabia que eles tinham razão. E mesmo contra a minha vontade, eu resolvi gritar por alguém naquele bendito portão.
- Ooooooooou. Ô de casa! Eu gritei, quando veio na direção do portão uma garota linda.
Loira, baixinha, com os olhos azuis e o cabelo até o meio das costas. Taissa, que eu já conhecia "vocês vão entender em breve," chamou a atenção de todos ali presentes. Aquela garota só tinha 12 anos, mas ninguém daria isso. Apesar de muito jovem, já tinha um corpo bem desenvolvido pra sua idade o que me deixou impressionado.
Após o susto com a situação bem inesperada por todos nós, ela abriu o portão e caminhou na minha direção sem dizer uma palavra sequer. Apenas me entregou a bola, nos olhamos por uns 10 segundos mais ou menos e ela voltou pra casa.
Com cara de pura surpresa, eu encarei os meus amigos e perguntei indignado:
Quem será essa garota? Ela diz que me conhece pra todos da minha família mas eu não faço a mínima ideia de quem ela seja. Eu disse isso com agonia, pois mesmo não querendo admitir esse mistério já vinha me ocupando a cabeça faz tempo.
- Se você não sabe, como nós vamos saber? Só cuidado pra não ficar gamadinho nela hein, disse Rafael acompanhado de todos os outros.
Eu que já não estava satisfeito com os fatos ocorridos anteriormente, pedi pra que encerrássemos aquele assunto e voltássemos a jogar. E assim foi feito.
Tudo seguiu de um modo tranquilo, embora o encontro com aquela desconhecida tivesse mexido comigo. Eu só tinha 13 anos, e era muito confuso pra mim entender o que estava acontecendo. Precisava conversar com ela. Perguntar o seu nome e descobrir de onde ela diz me conhecer.
Nada pra mim fazia sentido. Se ela sabia quem eu era e encontrou comigo a instantes, o que custava me dizer seu nome e me chamar pra conversar?
A cada momento que passava eu ia ficando mais confuso, até que a confusão aumentou tanto que eu mesmo chutei a bola na casa dela outra vez.
Fiquei irritado comigo mesmo, até que uma luz dentro de mim se acendeu.
Opa, talvez esse milagroso chute tenha saído dos meus pés em boa hora, pensei.
Era ou não uma desculpa perfeita pra chamá-la, e com um pouco de sorte saber qual era o seu nome? Ou quem sabe o que tanto me encabula, de onde ela me conhecia.
Tomei coragem e disse a galera que eu a chamaria de novo. Bastante nervoso, o que era estranho pra mim, já que poucas situações realmente me tiravam a calma. Fui caminhando até o portão da casa dela e gritei qualquer coisa só pra que ela viesse. Já que até ali, eu não sabia que ela se chamava Taissa e muito menos que tinha só 12 anos.
Dessa vez ela não veio com a mesma rapidez de antes, o que me fez pensar que ela havia ficado estressada pelo fato da bola ter caído lá mais uma vez.
Me afastei do portão e esperei. E quando as minhas expectativas com relação a vinda dela já não se faziam mais tão esperançosas, ela surgiu abrindo o portão e vindo novamente ao meu encontro.
Todos observavam ansiosos qual seria a atitude dela. Aposto que muitos pensaram que ela jogaria a bola na minha cara, em castigo por fazê-la de palhaça tantas vezes. Dei um sorriso discreto ao imaginar o que todos estariam pensando, enquanto ela se aproximava ainda mais de mim.
Conforme ela ia chegando, o cheiro doce mas ao mesmo tempo suave do perfume que ela usava invadia o meu nariz. O calor do corpo dela me deixou ainda mais nervoso, era tão diferente sentir que aquela garota desconhecida para mim estava causando aquilo tudo de maneira tão rápida.
Então não deu pra evitar mais. Estávamos ali, frente a frente, olhando um nos olhos do outro, não tinha como sair correndo ou mudar a trajetória dos fatos. Encarei-a de maneira séria esperando alguma atitude brusca, quando ela estendeu a mão e tocou no meu braço.
Não sei explicar. Meu corpo tremia, eu fiquei mais nervoso do que já estava e não seria capaz nem de controlar mais as minhas atitudes.
Apenas fiquei ali, a observando e deixando com que ela fizesse o que bem entendesse. Não fiz isso porque era o que eu queria fazer, mas sim porque os impulsos estavam agindo por mim.
Eu podia tocá-la, abraçá-la. Ela estava a menos de dois passos de mim.
Tudo parece fácil depois que deitamos a cabeça no travesseiro, mas na prática é tão diferente. Ah, como eu gostaria de ser corajoso o suficiente para segurar na mão dela, puxá-la e a beijar sem pensar em mais nada e nem o porque precisava daquilo.
Eram sensações inexplicáveis, foi como um turbilhão de sentimentos misturados se movimentando sem dar trégua. Era como um carro desgovernado sabe, eu não conseguia controlá-lo, apenas sabia que
estava ali e que alguma coisa estava acontecendo.
Não sei por quanto tempo ficamos ali, para mim pareceu uma eternidade. É provável que não tenham se passado nem 50 segundos, mas aquela sensação de fugir completamente da realidade e voltar não me permitia ter noção do que era verídico e do que era fictício.
Então, em seguida ao toque em meu braço que despertou dentro de mim coisas que eu nunca senti, ela se aproximou ainda mais e disse, com uma voz doce e ao mesmo tempo muito provocativa:
- Tá aqui a bola, Dani. Só tomem cuidado pra não exagerar na força, e acabar quebrando alguma coisa lá em casa.
Sem parar de olhar pra ela, e ainda paralisado com o que estava acontecendo, eu agradeci e ela já foi se afastando.
Depois que aquela garota que tava me deixando maluco em todos os sentidos entrou, instintivamente começamos a comentar sobre o caso. Meus amigos insistiam em dizer que ainda rolaria alguma coisa entre nós dois, e como toda pessoa faz eu rebatia na mesma hora. Mas é claro que eu já sabia que era o que eu mais queria que acontecesse.
Foi então que a minha mãe saiu pra olhar a rua, e por coincidência a mãe daquela garota também apareceu pra conversar com ela.
E como todas as mães são, rapidamente entraram em um assunto super empolgante e o papo continuou animadamente entre as duas.
Sem clima pra continuar jogando, todos nós nos despedimos e cada um seguiu pro seu lado. Com exceção da minha mãe e da mãe da garota misteriosa que seguiam jogando conversa fora, e de mim que fiquei sentado ali escutando o que elas diziam na esperança de que alguém aparecesse.
Esse alguém que claro, vocês sabem quem é. A garota desconhecida que chegou do nada bagunçando a minha cabeça.
Como um milagre dos céus, parecendo até mesmo que Deus tinha escutado o que eu inconscientemente pedia, ela apareceu e se sentou ao meu lado.
Fiquei surpreso mas não escondi o sorriso, e então ela foi quem puxou assunto mais uma vez. O que fazia eu me sentir impotente, já que desde quando ouvi falar nela, nunca fiz uma tentativa sequer de saber algo sobre ela.
- E aí, você mora aqui a muito tempo? Perguntou ela, fazendo com que eu demorasse algum tempo pra responder, já que eu estava viajando naquela voz, no cheiro do seu perfume e no calor do seu corpo que estava tão próximo do meu.
- Nem tanto assim, acho que fazem uns 4 5 anos. Não sei ao certo. E você, em que lugar morava antes de vir pra cá? Perguntei baixo, para que ninguém escutasse o que conversávamos.
- Eu morava em Irajá respondeu ela, tem certeza que não se lembra mesmo de mim? Fez a pergunta que me fez congelar.
Então era realmente eu a pessoa que ela dizia conhecer. Ela sabe quem sou, já estivemos juntos em algum momento. Não da maneira que eu queria, juntos no sentido de lugar.
Me esforcei bastante antes de prosseguir a conversa, mas o esforço foi em vão. Não me lembrava daquela garota, e isso me deixou bem constrangido. Ali estava eu, morrendo de vontade de ficar com ela e não tinha nem a capacidade de me lembrar quem ela era? "Que papelão Daniel, pensei."
- Sinceramente, não consigo lembrar. Me desculpa. Acaba com a minha curiosidade de uma vez, e me diz quem é você? Qual é o seu nome?
Perguntei sem esconder a ansiedade, que se fazia bem perceptível tanto no meu olhar quanto na voz.
E então ela me deu a resposta que eu jamais esperava ouvir. Aliás, o que não foi tão surpreendente assim, já que pensando pelo lado consolador tudo havia sido uma surpresa até ali. Nada mais seria capaz de me chocar com tanta intensidade.
Meu nome é Taissa. Estudamos juntos quando você tinha uns 9 anos e eu 8. Eu sou a menina loirinha que era louca pra ficar contigo e você nem dava bola. Ela sorriu, um sorriso que com certeza significava satisfação, por saber que depois de tanto tempo ela causou em mim tudo que não causou anos atrás e que eu simplesmente desprezei.
Sem ter o que dizer e com a cabeça a mil, eu apenas continuei a encarando e sorri para ela.
- Tá vendo aí otário, seu pai e seus amigos sempre te disseram isso.
Cuidado com a mulher que você despreza hoje, ela pode mudar e fazer você se apaixonar e sofrer o dobro do que ela sofreu, pensei.
Após um tempo calado, mexi no cabelo como sempre fazia em momentos de nervosismo e com a última remessa de coragem que me restava eu disse a ela:
Sim, eu lembro de você, Tai. Lembro muito bem. Sei o quanto vacilei contigo, e só eu e os meus pensamentos sabem como eu me arrependo disso. Sorri novamente para ela.
Fim do primeiro capítulo.
"Amadurecimento da paixão."
Após muito tempo fugindo eu resolvi publicar meu primeiro texto. É possível que vocês encontrem erros de português, pois eu ainda não estou preparado o suficiente para escrever algo com a perfeição que vocês merecem.
Porém, mesmo assim resolvi publicar para que vocês conheçam essa história. Caso tenham se interessado e tenham sentido vontade de ler a continuação, por favor comentem.
Podem fazer qualquer tipo de comentário. Até porque é com esse objetivo no qual escrevemos. Receber e aprender com os comentários daqueles que possuem conhecimentos mais avançados e que gostam de ajudar.
Um abraço e obrigado.