Efeito Marionete
Efeito marionete
Passando por uma avenida movimentada, notei uma propaganda que me fez parar e voltar para me certificar dos detalhes do espetáculo. A foto da garota que atuava na peça me deixou além de curioso, tentado a vê-la de perto.
A garota era uma atriz esculpida manualmente em formas tão perfeitas, que eu quis me aproximar dela para ter certeza de que ela não era real. Pois se ela tiver um coração, vou querer sentir e tocá-lo.
Eu fui um dos primeiros a chegar ao teatro para vê-la, então sentei na primeira fila com a intenção de tocá-la, mas pelo movimento do local, percebi que todos também queriam se aproximar dela.
Olhei para trás e o teatro estava lotado, não havia mais espaço e as pessoas se aglomeravam sentando nos corredores, outras permaneciam em pé e eu estava na frente do palco, bem próximo, ao alcance do olhar dela.
As luzes se apagaram e a escuridão invadiu o palco. Eu não enxergava nada, apenas ouvia uma música de fundo anunciando e abrindo espaço para a arte, que começaria a criar vida na habilidade de mãos mágicas, criando e fazendo a vida surgir com magia e arte.
Luzes piscavam alternadas. Uma aqui outra lá, misturando-se a um fundo de estrelas. Lendo a arte em cena, eu vi vaga-lumes voando e do escuro saiu uma garota vaga-lume piscando sua luz. Piscando, piscando, piscando...
Eu me imaginei com minha luz, voando com ela na cena. Ela pisca, eu pisco... Ela pisca, eu pisco... Ela pisca, eu pisco e ela foi embora.
As luzes focaram um espaço do palco e eu escutei o galopar de um cavalo, pocotó, pocotó, pocotó, pocotó. Entre o galopar surgiu um lindo cavalo marionete e eu me imaginei em cena com ele, cuidando e brincando em uma cena criada por mim, na minha imaginação, onde corríamos no palco e ele comia em minhas mãos. Eu o queria para mim!
Foi nesse momento que outra luz se acendeu e no seu foco uma linda marionete se aproximou caminhando charmosa e tranquila. Parecia uma boneca, mas não era. Ela estava viva, pois chegou perto de mim e pediu para galopar no meu cavalo. Eu fiquei estático no texto e não respondi, mas senti o calor da sua alma passando por mim.
Eu olhava ela galopar escutando, pocotó, pocotó, pocotó, pocotó e galopando ela sumiu com o cavalo marionete no escuro do palco me deixando para trás.
As luzes se apagaram e a menina vaga-lume surgiu novamente piscando a sua luz, piscando, piscando, piscando, piscando. Eu voei com ela naquele palco escuro. Ela piscava, eu piscava... Ela piscava, eu piscava... Ela piscava, eu piscava, assim eu me hipnotizei pela sua luz e sumimos no escuro piscando, piscando, piscando, piscando nossas luzes na arte, na cena, no palco, no texto e no sonho brincando de vaga-lumes sem saber se a garota da cena era mesmo real ou não.
Paulo Ribeiro de Alvarenga
Criador de vaga-lumes
Iluminando pensamentos
VruuummmmZuuummmm...