UMA BELA MADRUGADA
UMA BELA MADRUGADA
A madrugada começa a se manifestar e o orvalho começa a dar o ar da sua graça. Do meu som melodias apaixonadas fazem-me lembrar dos meus tempos de mocidade, onde tudo era belo, tranquilo e sem embaraços. Lembro-me dos meus primeiros amores sem temores, pois ainda estava a engatinhar na arte de amar. Minha adolescência foi atribulada, pois o que eu almejava, ficava apenas na minha mente, visto que a situação era difícil, o vil metal era contadinho e, não podíamos nos exacerbar na folia das boemias do meu tempo.
Apesar das dificuldades vivíamos felizes e na imensa tranquilidade, pois não existia violência, nem a droga maldita destruidora de vidas. Éramos felizes e não sabíamos, pois sempre vivemos na esperança de um futuro melhor e mais humano. Serenatas homéricas era nossa forma de encantar as nossas primeiras namoradas. A noite era uma criança para quem desejava desfrutar os momentos felizes que ela nos proporcionava.
As amizades eram fraternas e não havia dissabores e nem dores a lamentar. O rol de amigos era exemplar e quando não estávamos a papear íamos as tertúlias dançar. A jovem-guarda estava estourando e fazendo muito sucesso e as bandas estrangeiras davam o ar da sua graça. Dançávamos bastante e de rostos colados contávamos e nos deliciávamos com histórias de amor.
Nas festas juninas as quadrilhas eram tradicionais e os forrós pé de serra dominavam as festas, fogos de artifício, rojões, fogueiras, comidas típicas, e as donzelas faziam seus pedidos a santo Antônio, o santo casamenteiro pedindo um bom homem que lhe proporcionasse felicidade e um bom casamento. Assim eram as festas de antanho. Era festa o ano inteiro, inclusive Natal e Ano-Novo.
De uma coisa não podíamos esquecer, os estudos, pois a rigorosidade dos pais era grande e não podíamos dar chances para o castigo e as palmatórias nas mãos. A educação pública era rigorosa e o estudo muito puxado. Graças a essas qualidades educacionais grandes homens se destacaram num passado não muito longe. O nosso futebol era diferente, a bola de meia era algo de não podia faltar. As peladas no meio da rua era uma tranquilidade, pois não havia muitos carros e a tranquilidade dominava a nossa diversão.
O tempo foi passando e nós crescendo, e cada um tomando um destino diferente. As escolas militares era o boom do momento. Passávamos muito tempo fora em outras plagas, e nos encontrávamos somente nos férias de final de ano. Já crescidos e evoluídos com namoradas certas e com posição garantida íamos casando e formando famílias. Ah! Que passado bom o nosso, repleto de coisas boas que não voltam mais.
A vida continua e hoje já homens feitos com filhos e netos agradecemos a Deus e ao Cristo por ter nos proporcionado uma família exemplar. Minha família uma prole de 12 irmãos, sendo dois já falecidos em tenra idade. Mesmo com alguns percalços podemos nos considerar felizes. Porém nos dias atuais os homens mudaram a sua feição, o seu modo de viver e de administrar. Só pensam no poder e esquecem o que existe de mais sublime para a sociedade que é um social forte e bem conduzido.
Veio à corrupção, a roubalheira, os petrolões e mensalões, a ganância de querer enriquecer fácil sem trabalhar em prol do povo. Uma diferença muito grande do meu tempo para os dias atuais. Jovens perdidos e inseridos nas drogas, menores que não querem estudar, mas estão se especializando na “arte” de roubar e matar. Triste a situação atual da jovialidade de hoje.
Saudades do meu tempo, muita saudade, mas por piedade pedimos a Deus que ilumine os adolescentes, os jovens para mudarem de vida e tentarem revolucionar e mudar a situação em que nossa pátria se encontra, antes com hierarquia e disciplina e hoje sem educação, sem social, num ócio violento onde predomina a prostituição, as drogas e a criminalidade. O Brasil ainda tem jeito, mas se faz necessário o surgimento de um líder que queira trabalhar sem segundas intenções para nos livrar da crise horripilante por qual passamos. Pense nisso!
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-FORTALEZA/CEARÁ