Levo a tempestade comigo
Hoje chove, lá fora vejo o asfalto ficando molhado e a água da chuva caindo sobre os telhados. Aqui dentro eu sinto lágrimas molhando o meu rosto e caindo sobre os lençóis já úmidos.
Sinto a dor de quem um dia foi abandonada. Tenho uma tempestade dentro de mim, posso ouvir as trovoadas e sentir a angústia do relâmpago que me mostra: ainda estou viva.
Sinto o frio de quem já está sozinha há muito tempo, sinto o medo de quem já não tem pra onde ir.
Eu sinto a sede da sua presença e me sinto faminta, estou desnutrida e eu sei, ainda estou viva.
As lágrimas deixam meus lençóis muito molhados e preciso trocá-los, mas não posso. Eles são a prova de que ainda me lembro de você.
Posso me alimentar de outras coisas e beber de outras águas, mas não quero. A fome e a sede me lembram o quanto você faz falta.
A dor me mostra que valeu a pena e por isso chove. Levo a tempestade comigo pra onde quer que eu vá, é ela quem me prova todos os dias que você ainda está comigo e que sua lembrança será eterna.