A MENINA DOS OLHOS VERDES - PARTE 1


Pelas minhas andanças no meu ofício pelo interior do interior do estado, vi no meio de minhas inspeções de manutenção algo que me chamou a atenção, não era nada relacionado ao meu trabalho, e sim, o que estava fora daquele projeto e do outro lado da calçada, saindo de uma padaria. Aquela moça saiu caminhando com uma sacola na mão que me fez sentir a inspiração do Vinicius de Moraes e do Jobim, quando fizeram aquela canção. Bem, eu estava na cidade que por densidade demográfica tem mais mulheres bonitas na região e por que não do estado? Enfim, é discutível o assunto. Trabalhando na cidade das mulheres bonitas, ver uma mulher bonita era comum, mas aquele meu suspirar não era comum, não mesmo.

Passado os dias no calendário voltei a cidade agora para uma festa com uns amigos, no auge das minhas flamejantes aventuras de minha mocidade. Fui na expectativa de encontrar aquela moça, e para minha sorte não demorou muito e a vi, ganhei por enquanto a noite. Garota bonita e cheirando a leite, olhos verdes, cabelo preto, corpo esguio que parecia uma versão de cabelos pretos daquelas bonecas que encontramos as vezes numa propaganda especifica. Depois de minha pessoa enviar algumas interrogações a uns amigos coletei alguns dados interessantes, mas para apagar minhas alegrias momentâneas fiquei sabendo que a moça dos olhos verdes tinha namorado, e imaginei no momento que ele tinha saído e ela estava o esperando. Então eu pensei: "Não faz parte de mim mexer no que é dos outros."

Então fui curtir aquela festa numa cidade do interior e esperar a festa me ganhar ainda mais. Depois de algumas doses de um whiskey que eu não queria, olhei para uma menina parada ali, era a menina dos olhos verdes, e estava com amigas.

E falei:
- Uai, ela não tem namorado?
Um amigo respondeu:
- Oh cara, esqueceu da parte que eu falei que o namorado dela mora fora, no Pernambuco?
- Se tu falou foi pra você, pois não escutei, e nesse caso não é namorado, é "namorado."
- Porque as aspas no namorado!?

Dei com os ombros para a pergunta...

E fiquei olhando aquela menina linda com as amigas e umas mulheres. Em algum momento a vi olhando para mim e meio que comentando algo com as amigas, podia ser coisa da minha mente quase etílica, ou outra coisa. Fiquei olhando e meio que os olhares se encontraram na multidão e devagarinho, matando na unha, como diz o matuto, um sorriso brotou.

Eureca!

Não quis saber enchi meu ego, arrumei o cabelo fui na direção dela, dei aquela olhada cerrada, estilo Clint Eastwood, de lado com a boca levemente aberta, queria por queria me parecer num momento Hollywoodiano e fui lá. Me apresentei, falei algo sobre a festa, de onde eu era, perguntei onde ela é, e essas perguntas de festas que todos sabem quais são. Ela bem educada conversou comigo, bem calminha e com o jeito meigo. Mas aparentava esta receosa, pois um cara invadiu seu espaço e chegou logo assim, do nada. Depois de algum tempo vi esse receio sair, deve ter sido pela minha atitude de não chegar falando de cara o que ela provavelmente estava esperando ouvir, e também não fiquei falando coisas filosóficas, uma porque não sei, e outra, eu estava no meio de uma festa, então acho que fui meio termo.

A princípio os pensamentos se bateram. Depois de arar bem a terra, agora vamos pro próximo passo, chamar para dançar! Na hora de fazer o convite fui fitado por uma mulher com o copo de cor chamativa na mão.

Ela falou:
- Oi oi oi, quem é você?
- Oi eu sou o...

Depois de me apresentar a mulher com o copo chamativo na mão a gente começou a conversar em trio, e parecia que eu conhecia aquelas pessoas faziam horas, mas na verdade eram só minutos. Conversa vai conversa vem e nisso descubro que a mulher tinha o nome de Helena, e era a mãe da moça. Parei e pensei: "Isso é bom ou é ruim?" Antes de saber se eu estava a dois passos do paraíso ou do purgatório a mãe fala:

- Ei ela tem namorado! Mas pode dançar com ela.

Foi como eu tivesse entrado no purgatório e saído pro paraíso...

Eu fiquei meio que envergonhado e falei "ela adivinhou meu pensamento?" Quando olhei para a menina dos olhos verdes estava com as bochechas rosadas e com um sorriso encantador envorgonhada, então a chamei para dançar. Ah que cheiro era aquele! Parecia que ela tinha descansado sua beleza deitada num jardim de flores do campo. Enquanto apreciava aquele olor, os passos foram lentos num único compasso fomos dançando num ritmo, ela com certeza no da musica e eu em outro ritmo, naquele que inflama a alma. No meio disso, não passou pela minha cabeça soltar aqueles xavecos cotidianos de festa e tentar algo a mais, pois além da garota ter namorado, bem, "namorado" a mãe dela estava ali, e outra, aquele momento estava tão pleno que eu queria mesmo era deleitar naquilo e viver num paradoxo; Barulho de festa e azaração ao meu lado, um chamado! E eu com a menina que vi pela primeira vez nas minhas inspeções de meu ofício.

No auge das 2h da madrugada e como alegria de pobre dura pouco, eis que a mãe da moça a chama para ir embora, eu com aquele cheiro e aquele gosto de querer bis nos olhos dou tchau e a moça me dá um beijo no rosto e diz "Tchau foi um prazer te conhecer, gostei do teu jeito." Nossa senhora amada, aquilo foi para eu querer ir embora também, não com ela, mas embora pra minha cidade porque a minha sorte diária chegou no auge e no começo do dia. Me despedi dela, das amigas e da mãe, quando suspirei com um sorriso no rosto vendo-as saírem e olho para o lado para falar com meus amigos, vi que estava sozinho na festa.

Quem aguenta ver um amigo conversando com uma menina na festa por horas? Falando em horas elas passam rápido quando o momento é bom.

Depois de rodar entre as pessoas num esbarra e esbarra infernal que sempre me tira do sério, encontro um dos meus amigos, estava lá bem acompanhado, e o outro estava perto, acompanhado também. E me vi só e na vela como diz o ditado, mas não me importava já tinha ganhado a noite mesmo. A festa fluiu e eu fiquei ali tranquilamente bem curtindo o som, ao lado de meus amigos que estavam acompanhados, diga-se de passagem... Então, resolvemos voltar para nossa cidade, se despediram das garotas, 
quem não bebeu levaria o carro e assim, voltamos para casa. Um dormindo na frente, o motorista sempre atento e eu no banco de trás sonhando alto e muito bem acordado. Ah aquela menina dos olhos verdes.



Continua...
Wotson de Assis
Enviado por Wotson de Assis em 29/10/2015
Reeditado em 04/11/2015
Código do texto: T5430587
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