Diálogo implícito
Eu não sabia o que, afinal, ele queria. Fiquei repassando aquele breve tempo de sua presença na minha cabeça. Estávamos tendo uma conversa - temos muitas, aliás - em que ele me aconselhava. Sei que somos amigos, porém eu não havia requisitado sua ajuda - até por que não seria a melhor pessoa para isso - mas ele começou a falar e eu decidi não cortá-lo.
Começou dizendo que conversar é a melhor saída para as pessoas se acertarem - mal sabia ele que o outro não tem conserto. Resolveu citar um exemplo. Uma moça que ele havia conhecido em sua última viagem e que se aproximou muito, ficavam abraçados, tornaram-se íntimos- por acaso, quem seria ela, Murilo? - e conversavam muito. Ela contou que se apaixonou e o sentimento era recíproco, mas eles não conversavam sobre esse sentimento. O tal homem é aquele tipo complicado, que gosta, mas não quer algo de verdade - parecia mesmo que você está falando do meu problema.
Murilo, meu amigo, disse que eu devia conversar com Rodolfo, o tal fulano responsável por esta conversa estar acontecendo. Ele achava que eu devia dizer o que quero - eu sei o que quero, e ele não é isso - , que devia deixá-lo fazer parte do meu futuro - já o coloquei no passado - e me permitir ser feliz.
Após isso, olhou-me sincero e doce - aquele olhar... - e com sua tranquilidade plena me abraçou e saiu pela grande porta da sala principal. Eu permaneci sentada, o tempo todo estava ouvindo sua voz melodiosa, sua boca suave que boas lembranças me traz. E não sabia o que afinal ele queria, mas uma coisa eu queria... Queria gritar alto, forte "Eu amo você, Murilo".