A outra
Desde a primeira vez que o vi, eu senti que seria sua. Nossos olhares se cruzaram, havia algo em mim que parecia compatível com você. Senti uma vibração em meu interior que não pude explicar. E posso dizer com toda certeza que fui correspondida desde este instante. Foi amor à primeira vista.
Todo o tempo em que estivemos juntos era um deleite em meu ser. Minha energia parecia eterna ao estar com você e isto era tudo o que eu precisava. Sentir o seu corpo, seus dedos me acariciando, me tocando como se você adivinhasse tudo o que eu precisava sentir, como se adivinhasse os gemidos de prazer que eu poderia produzir. Todos os dias, despertar você era o mais lindo começo para o meu dia que jamais poderia imaginar. Ouvir a sua voz sussurrando era algo inexplicável. O seu cheiro, o seu hálito, nunca estive em um estado de tantos delírios. Os momentos em que sentava ao seu lado, em que via filmes com você, em que ouvíamos todas as suas músicas preferidas, em que você escrevia lindas mensagens de amor para mim, eram momentos em que nunca gostaria que tivessem passado e que com certeza guardarei sempre em minha memória. Pois o tempo passa. E cada vez mais eu sou deixada de lado. Sinto que há algum problema comigo. Chamo, chamo e não entendo o motivo deste abandono de sua parte. Quando percebi, o pior havia acontecido: havia outra. É claro, não poderia ter outra explicação mais óbvia, outro motivo para tamanho despeito. Estou ficando velha demais e não sirvo para muito mais coisa. Fui jogada fora, como uma carcaça velha que havia de ser trocada. Por outra coisa mais amável para chamar de sua. Sou agora uma inútil, desprezível e tudo o que me restará são as memórias guardadas comigo. Sinto neste instante que vou apagar e não voltarei. É o fim para mim. Não posso me conformar por ser trocada desta forma por uma coisa mais atraente, mais completa, mais nova... e que tenha Android. Não precisa mais se preocupar em me recarregar. Adeus, meus amor. Modo offline.