Quando você descobre que não há mais o depois?
Quantos são os assuntos que deixamos pendentes em nossas vidas?
Quantas vezes dizemos te ligo depois e jamais retornamos a ligação?
Quantas vezes nos despedimos de alguém, mas na verdade queríamos dizer, apenas fique?
Quantas vezes mudamos rápido de música porque ela nos trás as melhores e piores lembranças?
Quantas vezes pensamos no inicio de um novo relacionamento, dessa vez vai dar certo?
Quantas vezes desejamos que o momento congelasse e que fosse exatamente como está para sempre?
Quantas vezes respiramos fundo e estamos prontos a dizer tudo o que temos guardado há anos e na hora exata, respiramos fundo novamente e pensamos: “Deixa para depois, não é uma boa hora”!
Quando é uma boa hora? Quando é a hora certa para dizer eu te amo?
E se o amanhã não existir mais?
E se você não tiver outra chance para dizer qualquer coisa que seja?
E se você adiar tanto que chega uma hora você descobre que não há mais o seu depois?
Assim sendo, eu lhes digo uma hora você descobre sim que não há mais o depois para você, não importa o tempo, o meu foi há poucos dias. Sim! Eu descobri que não tenho mais o meu depois eu falo, depois eu escrevo uma carta ou qualquer depois que eu queira usar.
Não que eu vá morrer ou que eu tenha sido diagnosticada com uma doença terminal, nem nada disso. Eu apenas deixei o tempo passar dia-a-dia, bem na minha frente e não fiz muito além de espionar a minha própria historia como coadjuvante enquanto o filme se passava.
Ao invés de dizer: “Hey! Olha aqui eu gosto de você”, eu apenas dizia: “Oi, quanto tempo?”.
Ao invés de dizer: “Já passou muito tempo, mas eu ainda gosto de você”, eu apenas dizia: “Nossa como o tempo passou rápido, como você está?”.
Eu amei e depois não deixei de amar, não deixei de achar que eu teria um “depois” feliz.
Te perdi a primeira vez, deixei que você fosse embora, não pedi para ficar, não pedi para voltar, fingi que estava tudo bem, sorri, brindei, alguns dias senti saudades, não deixei nenhum dia de te amar e quando eu achei que você nunca mais voltaria você mandou uma mensagem e disse: “Hey! Eu voltei!”. Eu não sabia se era real ou se eu estava sonhando, mas percebi que era real quando ouvi sua voz e quando pude tocar novamente em você.
Passou uma semana e tudo parecia ilusório, e eu mais uma vez guardei tudo o que eu tinha a dizer para o momento que eu considerava ser o certo.
Hoje você acordou ao meu lado, sorriu, fez uma cara que fez meu coração acelerar, sorriu novamente, respirou fundo, passou a mão pelo rosto, pegou minha mão e disse que sentia muito. Em meio a tudo eu apenas sorri, mas de tão nervosa. Eu já tinha vivido essa cena há exatos dezessete anos atrás. Você pediu desculpas até eu conseguir dizer alguma coisa. E eu percebi que eu não poderia dizer nada. Que o momento que eu esperei durante todo esse tempo chegou e simplesmente passou bem rápido. Você se levantou, fechou a mala, vestiu a roupa, me abraçou e disse que não poderia ficar, disse que eu não poderia te pedir isso. Você deu um beijo no meu rosto, saiu e fechou a porta. Junto com você foi toda a minha esperança e toda a minha vontade de acreditar que amores reais existem.
Eu tive a melhor semana da minha vida, o melhor amor que eu poderia viver, mas porque você voltou se você sabia que no fim você iria embora outra vez?
Você disse que precisava me ver mais uma vez, que precisava me sentir e me tocar, mas você sabia que era tudo pela ultima vez enquanto eu pensava que era a primeira de muitas outras que viriam, mas não, eu vivi as minhas ultimas vezes sem saber, sem sentir. O seu amor é egoísta. Não se ama pela metade. Não se vive pela metade.
Passou vinte quatro horas que aquela porta se fechou e agora recebo uma mensagem sua dizendo que chegou bem, dizendo que gostaria de estar aqui. Eu não posso e não quero acreditar em você. Não quero imaginar que essa é a última página do livro da nossa história.
Quando eu penso em alguma coisa para te responder, chega a seguinte mensagem:
“Passamos menos tempo juntos do que muitos casais passam na vida, mas acredite o pouco que vivemos é real, e vai ser real para sempre em nossas vidas, mesmo que separados. Não posso ficar com você agora e talvez nunca, mas jamais esquecerei o que vivemos. Estamos a quilômetros de distância, mas eu te sinto comigo todos os dias. Eu fui embora uma vez e nunca me perdoei, por isso voltei, eu tinha que me despedir do meu amor, eu tinha que dizer que você tem e merece viver a sua vida, eu tinha que te ter mais uma vez em meus braços e tinha que dizer que eu te amo, o quanto te amei e sempre vou amar. Você também nunca me pediu para ficar ou voltar, mas nunca deixei de acreditar que o nosso amor foi e é real.”
Eu não conseguia terminar de ler, porque meus olhos estavam repletos de lágrimas, mas quando terminei, percebi que aquilo era um adeus. O adeus mais triste e bonito – se é que se pode encontrar beleza na tristeza – que alguém poderia ter.
Eu apaguei o que eu tinha escrito e não mandei mais nada. Nunca mais liguei. Guardei o que de melhor vivemos, e ele estava certo o pouco que vivemos foi muito mais intenso e real do que muitas pessoas vivem durante toda a vida.
Nunca mais encontrarei esse tipo de amor disso eu tenho certeza, mas
eu não posso deixar de acreditar.
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