Saudades de Um Amor

Conhecemos-nos na porta da igreja, por ocasião do casamento de amigos que tínhamos em comum. Ele muito amigo do noivo e eu da noiva. Aliás, o esbarrão foi tão forte que me levou ao chão, o que o deixou muito constrangido, pediu mil desculpas. A minha vontade era de chorar ou sair correndo, mas como não podia fazer feio o desculpei e entrei para a igreja para fugir os olhares das pessoas.

Mas na festa quando me viu veio falar comigo querendo saber se estava bem mesmo se não havia me machucado no que disse

-Não, claro que não! Fique tranqüilo.

Mesmo sentido dor nos joelhos porque os havia ralado. Vendo que estava sozinha na mesa, aliás, já havia observado que lá na igreja também estava só então perguntou

-Posso me sentar aqui um momento?

-Claro! Fique a vontade.

Sentou, foi logo se apresentado,

-Me chamo José Jacinto e você?

- Maria Lúcia

-Prazer Maria Lúcia, Você tem um nome muito bonito.

-Obrigada o seu também é bonito.

Abriu um largo sorriso de dentes brancos e perfeito

-Muita gentileza sua, meu nome não é bonito, é a junção do nome do meu avô paterno e materno.

Enquanto ele falava, fiquei olhando vendo o quando ele era bonito, um homem parecido com modelos das revistas, aqueles que quando anda na rua para o transito, alto moreno, cabelos negros, olhos encantadoramente negros e atraentes, corpo atlético, parecia mais um deus grego enquanto eu, coitada, era baixa com 1,60 metros altura acima do peso para não dizer gorda, porque com essa altura estava pesando 85 quilos, não era bonita ainda mais estando acima do peso. Só servia para ser amiga, mas com tantas moças lindas quem iria se interessar por mim. Levei um susto quando ele pediu o número do meu telefone, passei, mas sabendo no íntimo que ele estava fazendo isso somente para aplacar a dor de sua consciência pelo que havia acontecido na porta da igreja. Uns amigos dele o chamaram para apresentá-lo a outras pessoas. Fiquei só na mesa mais pouco depois foi embora porque naquele dia estava só, minha família não pode ir ao casamento por ter uma festa de bodas de ouro para ir.

No outro dia como era domingo estava tranqüilo lendo quando minha mãe me chama para atender ao telefone ao atender, levei um susto porque do outro lado da linha estava aquele homem lindo perguntando se poderia me ver, passei o endereço, não demorou muito para ele chegar até a minha casa. Ele foi gentil, atencioso para com todos. Conversou muito comigo rimos muito, foi embora quando já passava das dez horas da noite. Deste dia passou a frequentar minha casa direto porque entre nós nasceu uma grande e linda amizade. Sabia que seria assim pelas razões bem claras. Como sabia que ele tinha uma namorada que morava no interior e que ele ia lá a cada quinze dias. Quando ele viajava para ver a namorada sempre passava em casa com suas camisas pedindo para dobrá-las para não chegar à casa da namorada com a roupa toda amassada por não ser bom em dobrar roupa.

Fazia isso com prazer por gostar muito da amizade que havia entre nós, até que um dia notei que ele não estava indo para a casa da namorada, Até que tive coragem e perguntei

- O que aconteceu que você não esta indo na casa de sua namorada?

-Terminei com ela.

-Por qual motivo? Posso saber?

- Agora não, um dia te conto.

Pensando que ele estava sofrendo me calei. Porem deste dia ele só sala comigo, todo final de semana estava em casa, até que um dia uma prima pergunta

-Maria Lúcia, você esta namorando o gato do José Jacinto?

-Claro que não! Somos somente amigos.

-Amigos?

-Sim!

-Maria Lúcia deixe de ser bobo, esse moço esta te namorando, não esta vendo

-Me namorando?

-Claro! Você pensa que um rapaz lindo como ele, iria ficar só? Esta assim, de mulher, no pé dele, ele nem olha para elas, só tem olhos para você, só sai com você. Todo fim de semana esta aqui em sua casa. Se eu não fosse sua prima, não gostasse tanto de você já teria dando em cima.

Depois desta conversa parece que deu um estalo dentro mim pois passei a vê-lo com outros olhos, não disse nada porque não queria acabar com a amizade que havia entre nós, guardei esse sentimento que estava nascendo dentro mim. No meu aniversário ele mandou um lindo buque de flores para meu trabalho, No sábado perguntou se havia gostado do presente disse que sim e agradecei toda sem jeito e com muita timidez. Disse ótimo! Abriu aquele lindo sorriso que fazia o meu coração derreter. Saíamos para jantar para comemorar, continuamos como dois grandes e bons amigos. Isso durou mais alguns meses Até que em um domingo à noite estávamos sentando vendo TV na sala de casa meus pais na área externa da casa conversando com um casal de amigos. Quando ele levantou, vindo sentar perto de mim. Ficou assim sentando por uma meia hora, sem dizer nada me abraçou e deu um beijo, levei o maior susto do mundo. A minha reação foi emburrá-lo, levantei sal depressa da sala indo para onde meus pais estavam. Não sai mais de lá. Minha mãe perguntou

-Onde esta o José Jacinto?

-Na sala vendo tevê

-Porque o deixou sozinho?

-Porque esta fazendo calor o chamou, não quis, disse que queria ver uma reportagem na tevê.

Não voltei mais na sala, ele que veio se despedir quando foi embora. Deitei e não conseguia esquecer-se do beijo e muito menos da minha reação, pensava que meu primeiro beijo seria diferente. Porque esse havia sido o primeiro beijo.

Passei a semana toda pensando naquele beijo como também que ele não ira mais aparecer em casa depois do que havia feito quando ele me beijou. Mas não, no sábado ele chegou todo sorridente, olhando para mim com todo carinho do mundo, esperou ficamos a sozinhos para conversando, foi logo dizendo

- Você reagiu exatamente como eu imaginei, mas foi à única forma de ti mostrar o quando eu a amo. Porque você colocou na cabeça que eu sou somente seu amigo, só me via como amigo a muito que estava te namorando sem você saber. Agora já sabe por que eu termine o namoro com aquela moça que namorava. Não podia ficar namorando outra pessoa se meu coração e pensamentos estavam aqui com você.

-É sou meio tonta mesmo, pensava que só me queria como amiga.

O namoro durou quatro anos, onde estava lá estava ele, nunca me deixava sair sozinha, só que no último ano de namorou os ciúmes dele cresceram de tal forma que ele chegou ao ponto de querer escolher as amizades que deviria ter. Comecei a me sentir sufocada, oprimida por tanto ciúmes. Ele foi transferido do trabalho para outra cidade me disse que iria passar a vir a cada quinze dias o que achei bom porque assim teria um tempo para me. Só que ele vinha toda semana mesmo às cidades sendo distante mais de trezentos quilômetros.

Certo final de semana quando estava mos sozinhos me disse que queria casar que iria falar com os meus pais, no que pedi uma semana para pensar, que ele ficasse aquela semana sem vir. Desta vez ele cumpriu, na outra semana quando chegou perguntou

-Pensou? Posso falar com seus pais?

- Disse não quero casar agora, quero terminar a escola ir para a faculdade quer continuar namorando até eu realizar esse meu sonho.

Sabia que se casse com ele teria que parar de trabalhar de estudar e viver só em função dele.

Respondeu

-Malu não te quer para ser minha namorada mais

-Então podemos continuar a sermos amigos.

-Não! Já fui seu amigo. Quero-te como minha mulher, minha companheira a mãe de meus filhos. Você sabe que te amo.

-Não tem outro jeito?

-Não Malu, se você não quer casar vou embora, nunca mais irá me ver em sua vida.

Não queria terminar para não ficar só, mais sabia que lá dentro de mim não mais o amava da forma que o amava antes os muitos ciúmes dele havia estragado tudo. Então colocamos um ponto final no namoro e aquela foi a última vez que o viu. Partiu para sempre. Não sei por que essa memória de um amor vivido a mais de trinta anos me veio à memória, será que é a solidão que anda me rondando? Ou saudade de um amor vivido? Não sei a resposta, tudo que sei é que hoje tenho vontade de encontrar com o José Jacinto para saber como ele esta como anda a vida dele e se é feliz. Porque eu Maria Lúcia sei que nossa história de amor foi linda.

Fim!

Lucimar Alves

Lucimar Alves
Enviado por Lucimar Alves em 01/10/2015
Reeditado em 01/10/2015
Código do texto: T5400649
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.