UMA CANÇÃO DE AMOR NA SOLIDÃO.

E aquela canção do Chico soava-lhe nos ouvidos:*Era fatal que tudo terminasse assim...Prá lá desse quintal,uma escuridão que não tem mais fim...* O que fazer com a casa que ficou vazia? O que fazer com a piscina que ficou vazia? O que fazer com a solidão que ficou imensa? Valeria a pena tentar a volta? *Não,não...Diga agora que eu era seu brinquedo...* e Chico doía-lhe nos ouvidos. A escuridão se espraiava no alto morro à frente da casa. Uma beleza de verde durante o dia e uma tristeza de escuro durante a noite. Era triste viver assim. Os cachorros faziam-lhe companhia.Mas faltava algo. Faltava a alegria de um sorriso feminino.De uns seios expostos ao sol de um olhar libidinoso. Faltava-lhe o Amor!!!

Nunca percebera a ausência do afeto e do carinho. Seus afazeres não o permitiam. Por quantos anos se dedicou a sua amada amante empresa? Por quantos anos se esqueceu de si??? Ali,naquela escuridão da noite redobrada pela imensidão do monte escuro,pensou em tudo de sua vida. Pensou que um canto de um sabiá é mais bonito que um sexo por uma noite. Pensou que,talvez,aquela mata no morro lhe trazia paz.A tristeza da escuridão noturna era contundente.Doía como uma faca no peito. Não podia ficar mais lá. Era preciso buscar novos caminhos,novos carinhos,novos pensares. Onde buscar se a altivez não o permitia?

Tentou dormir. Ledo engano. Tentou ler.Tentou uma cerveja ou um wiskye ou qualquer bebida que o fizesse voltar ao mundo dos vivos.Estava morto sem ter morrido. Por que? Uma coruja piou numa árvore próxima. Um canto fatídico. Um canto de morte. Quem morrera? Quem sabe foi a dor de um relacionamento sem amor. E como dizem as ondas do mar:Onda vai...Onda vem...Onda vai...Onda vem...

Dedico este conto ao meu irmão Agostinho.

Chico Chicão
Enviado por Chico Chicão em 01/10/2015
Reeditado em 01/10/2015
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