Proibida de amar

Ela estava feliz! Naquele dia ela brincava com a vida, tudo era maravilhoso e o mundo girava em torno dela. O mundo girando para ela.

Ela estava sorrindo! Naquele dia de sol ela brincava com as pessoas, tudo tinha o sabor da felicidade e as pessoas ficavam em torno dela. Um pequeno momento em que as pessoas viveram para ela.

A noite chegou trazendo uma solidão para a alma dela, que mesmo tendo tantas pessoas ao seu lado, não estava satisfeita, pois não é isso que ela queria. Ela correu para o quintal, para a parte escura e ficou quietinha, sozinha olhando e admirando o céu.

Ela olhou atentamente para o céu e pediu uma mensagem que desse uma pista, para que ela soubesse quem e como seria o seu amor. Ela olhava o céu com atenção entregando todas as suas forças e crenças. Ficou parada, estática e centrada à espera de uma mensagem.

Ela fazia uma busca minuciosa no céu detalhando cada estrela. Seus olhos começaram a ficar vermelhos de cansados e deles começaram a rolar lágrimas de tristeza, pois a resposta não vinha e ela começou a chorar. Sentindo-se proibida de amar ela chorava sem parar.

Ela chorou, mas não desistiu, pois tinha esperança de encontrar uma mensagem que desse prazer de viver e provasse que ela não era proibida de amar. Passou as mãos nos olhos e permaneceu o tempo todo observando o céu.

De repente escureceu. As estrelas sumiram e ela não viu mais nada. O que aconteceu? Ela pensou.

Foi uma escuridão momentânea. Uma bola de fogo passou rolando no céu tomando toda a sua atenção. Ela sentiu que o momento chegara e finalmente receberia a mensagem.

As labaredas da bola de fogo refletiam em seus olhos, seus lábios umedeceram trazendo um sorriso depois de chorar. Mas ela não conseguia sorrir, pois agora chorava feliz.

Chorava tentando entender a mensagem, mas não conseguia e começou a se desesperar.

No mesmo momento, ela ouviu um barulho e viu um vulto correndo e acompanhando a bola de fogo. Era uma sombra no fogo, o fogo da paixão, que veio se aproximando e à medida que chegava mais perto, sentia seu corpo gelar e arrepiar.

O vulto veio correndo e passou por ela, atravessando o seu corpo. Ela o sentiu passando e entrando pelo peito, atravessando e saindo pelas costas. Ela ainda virou e o viu indo embora, correndo atrás da bola de fogo e queimando no fogo da paixão.

Ela começou a chorar incontrolável e desesperadamente. Naquele momento, ela teve certeza do seu destino, que ela realmente era proibida de amar, pois o amor passou direto e não tomou conhecimento do seu coração.

De repente, ela sentiu alguém tocar em seu ombro e se assustou. Olhou e era uma garota, que a observava o tempo todo em que esteve ali, naquele cantinho olhando o céu.

A garota sentou ao seu lado, olhou para ela, sorriu e também passou a olhar o céu e admirar seus detalhes.

Novamente a bola de fogo surgiu com labaredas de paixão muito fortes. As labaredas refletiam nos olhos das duas garotas, que viam um vulto correndo atrás da bola de fogo e queimando no fogo da paixão.

O vulto se aproximou, veio correndo na direção das garotas e novamente atravessou o corpo dela, entrando pelo peito e saindo pelas costas, ela virou, olhou para trás e viu o vulto invadindo o peito da outra garota. O vulto entrou , mas não conseguiu atravessar, permanecendo preso em seu coração.

A garota olhou para ela com os olhos queimando e soltando labaredas, como duas bolas de fogo, queimando no fogo da paixão e falou:

-Você não é proibida de amar, apenas não deixa o amor entrar no seu coração, assim ele passa direto e vai embora.

Ela olhou para a garota com os olhos vermelhos de tristeza. As lágrimas começaram a rolar, seu semblante ficou triste, ela tentou segurar, mas não conseguiu e começou a chorar, pois a mensagem estava ali, bem na sua frente e se tinha alguém que a proibia de amar, era ela mesma.

Só uma mulher para entender a cabeça de outra mulher. Ela levantou e saiu correndo atrás da bola de fogo, correndo no escuro da vida.

Paulo Ribeiro de Alvarenga

Criador de vaga-lumes

Iluminando Pensamentos

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