Sei que ainda habito o teu rosto do pouco que me resta de ti...

Sei que ainda habito o teu rosto do pouco que me resta de ti, como sei que vivo em teus textos do pouco que sobra de mim. O tempo já está fazendo seu papel de decomposição do pouco que vivemos. Olho o calendário, vejo os dias se transbordando, transformando-se em semanas e irá daqui a transmudar-se em meses e anos. E quando fechar um mês, seis meses,ou ano, terei as primeira vitórias. Já fiquei longe de ti,por trinta, sessenta, noventa dias, mas isso não será um sucesso completo, pois ainda penso e conto os dias em que a tua voz de melodiosas mentiras não me atinge. Em sonhos, tu ainda me assombras, com imagens lúcidas de uma possível existência que nunca irá acontecer entre nós, durante o dia, tu ainda moras em mim em permanentes perguntas que jamais serão respondidas. Sei, em sã consciência, que não te quero de forma alguma nem como homem, nem como o melhor amigo que eras. E o tempo, traiçoeiro como ele só, levará tudo que vivemos as insanas palavras que dissemos e as doidices que praticamos, para o universo distante dos alvitres. O reino do esquecimento ficará com as tuas risadas, a tua voz que ainda me espanta pela doce música que traz, os beijos incomparáveis e o teu corpo...O teu corpo, está é pior parte, te procurar em outros e não encontrar nada, além dessa falta abissal. A cada encontro, ter mais certeza, que continuas grudado em minha pele como uma tatuagem não requisitada. Sei que tu ainda pensas em mim com um desgosto indissolúvel, pois fui pra ti, algo que poderia ter sido tudo... E fui embora de maneira absoluta, não olhei pra trás, fizestes uma escolha diferente da minha e nos partimos ao meio. Não voltarei mais nem tu me pedirás nada, apenas seguiremos em nossas vidas com está borrão de agonia. O tempo vai diluir as lembranças, as sensações, os anseios e as nossas palavras serão tragadas e nunca mais seremos...