Willian e Cecília.
Perderam-se no passar das horas. Ela não havia levado sequer o celular e nem tinha costume de usar relógio de pulso. Já ele... Ah, ele pensava que poderia passar o resto de sua vida ali, sem se dar conta do mundo ao redor. O mundo se resumiria a ele e ela, juntos, para sempre.
Cecília tinha belos olhos verdes, que viviam arregalados, como que para capturar cada pequeno detalhe de tudo que ela via. Cecília, na época, ainda era muito jovem. Mas, quem conhece Cecília, quem a conhece verdadeiramente, sabe que aqueles olhos sempre serão os mesmos, vívidos, alegres e docemente infantis.
Willian mergulhava naqueles olhos e não fazia questão de retornar à realidade. Ela era tão cheia de graça, as pernas miúdas, o cabelo comprido que quase chegava na cintura, tudo combinava perfeitamente com ela.
A diferença de idade entre eles era de oito anos. Porém, nenhum dos dois a sentia. Os dois eram maduros quando tinham que ser e quando não tinham que ser... Willian não parava de fazer palhaçadas, caretas e contar piadas. Ele era mais velho, só que não parecia: seus olhos eram tão brilhantes quanto o dela.
Eles gostavam de ir ao bosque já tarde na noite. Estendiam uma grande colcha no gramado verde e ficavam ali, deitados, beliscando chocolates e outras delícias. Olhavam para o céu e o admiravam. Respeitavam a sua grandiosidade.
Eles não tinham ideia de por quanto tempo mais permaneceriam juntos. Aproveitavam apenas o que tinham. Aproveitavam o céu, as estrelas e, principalmente, um ao outro.
Secretamente, Wiliian fazia planos. Pensava que eles poderiam morar na Lua, longe de tudo e ao mesmo tempo com vista para tudo, para cada pequeno detalhe, que os dois tanto gostavam de analisar.
Secretamente, Cecília fazia planos. Pensava que poderiam mora ali, naquela cidade mesmo, ter um lar aconchegante, filhos e todo o pacote completo que costuma vir com o casamento - naquela época ela não sabia, mas dentro do pacote ainda viria um monte de cachorros dos quais, inicialmente, ela não era lá muito fã, mas que com o tempo passou a amar.
E hoje, secretamente, escrevo sobre Willian e Cecília, sobre esses eternos jovens apaixonados.