852-AVENTURA NA FLORESTA-Cap. de Amor Sem Limites

Este conto está no Livro "Amor Sem Limites".

Dias alegres e noites maravilhosas, de intensa felicidade, vivemos Enny e eu no Rio de Janeiro, na sequência da viagem de nossa lua-de-mel.

A Cidade Maravilhosa se descortinava aos nossos olhos de apaixonados apresentando nuances que eu jamais havia notado e nunca mais haveríamos de observar. Estávamos então imersos na magia do amor, artista sutil que transforma o mundo dos enamorados.

Os passeios diários se sucediam. Às praias, ao Corcovado, ao Pão de Açúcar, à praia da Moreninha na ilha de Paquetá, à romântica praia de Icaraí, em Niterói e em dezenas de lugares que eu já conhecia e que revisitava agora acompanhado de minha adorada Enny.

Um dos passeios inesquecíveis foi o que fizemos à Floresta da Tijuca, para conhecer o local chamado Furnas. Enny, eu e Tio Armando (residente no Rio há anos e conhecedor de todos os recantos pitorescos) partimos na manhã ensolarada de um domingo, indo de ônibus até o final do Leblon, final da linha e das construções (raras) defronte à praia. Dalí partimos em direção ao local. Não havia nenhuma condução disponível e iniciamos a caminhada pela estrada asfaltada. Após uns vinte minutos encontramos um homem de tipo, que vinha em direção contrária, e perguntei-lhe:

—Amigo, estamos na direção certa para chegar às Furnas?

Ante a resposta afirmativa, que já denunciou a origem nordestina do informante, indaguei-lhe mais:

—E fica longe?

—Que nada, bichinho... É questã de quarto de légua, se tanto.

Rapidamente transformei o “quarto de légua” em metragem e disse para Enny:

—Mais um quilômetro e meio.

—Se quiserem, podemos voltar, sugeriu tio Armando.

—Mas já caminhamos tanto... melhor ir em frente. — Enny nos animou, e prosseguimos.

O quarto de légua do informante se desdobrou por outros três ou quatro quartos. Andamos por umas duas horas pela estrada deserta, e subindo o morro. Felizmente havia as sombras das árvores que se debruçavam sobre a estrada, mas, ainda assim, quando chegamos ao local estávamos literalmente exaustos.

Dentro da floresta, densamente sombreado, o conjunto de pedras gigantescas amontoadas em virtude de algum cataclismo geológico (ou por arrumação de algum deus da floresta?) , forma cavernas, grutas e passagens escondidas.

A impressão é de estar em um mundo subterrâneo. Apesar da exaustão, tivemos ânimo (e Enny estava sempre bem disposta para ir a qualquer lugar) e percorremos os caminhos úmidos, sombrios e frescos.

Havia poucas pessoas no local, todas com seus próprios veículos. Quando lhes falamos que havíamos chegado ali caminhando, se admiraram, pois o local era longe demais.

E para voltar? Fiquei desorientado e sem saber o que fazer, quando chegou um taxi trazendo alguns turistas e que nos levou de volta à cidade passando por caminho diferente daquele que havíamos percorrido de manhã.

Meu relógio marcava sete horas quando o taxi no deixou à porta do hotel, na Cinelândia e levou tio Armando até sua residência, no bairro Catete.

A aura de romantismo que nos abrangia no inicio do passeio foi ocupada pelo cansaço. Nem foi possível realizar um jantar marcado para aquela noite, comemorando meu aniversário.

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 6 de julho de 2014.

Conto # 852 da Série 1OOO Histórias

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 16/08/2015
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