Minha história ou nossa?

A minha história contigo nunca começou, por isso, não posso dizer nossa e não soube como terminá-lo, havia uma espera contínua, um continuo talvez, tanto da minha parte como da tua. Poderia dizer apareceste na minha vida na hora errada, mas existe uma hora certa para as coisas do coração acontecerem? Não, creio que não existe um momento ideal, pois a vida não é um ensaio em que treinamos para depois fazer acontecer. Surgiste-me, no momento, que tinha de ser. Viestes aos poucos, quebrando barreiras e me dizendo besteiras invadindo aos pedaços a minha história e me fizestes muito bem, eu tomei várias decisões e voltei à vida. Mas, quando fiz a minha escolha por ti, já era tarde demais, tinhas te cansado de me aguardar e pesou muito saber que não me esperavas mais. Também me magoa muito não ter mais esta fantasia acalentada por tanto tempo.Tantas coisas não fizemos, nunca andei de mãos dadas contigo, nunca passeamos na redenção, nunca vimos o pôr- do -sol no gasômetro, nunca fomos ao cinema. Não sei se sabes dançar, pois nunca dancei contigo, nunca acordei ao teu lado. Nunca te mostrei que um dia na praia tem uma magia infinita Tantos nuncas nas nossas vidas, sei que não me queres mais . Mas, tenho certeza que fui pra ti, algo muito maior que uma amiga, somente nos cansamos deste modo de espera que a vida, o acaso ou o destino nos colocou e não soubemos vencê-lo. Não queres mais falar comigo, me dizes, eu aceito, sou obediente, pois nunca soube pedir ou mendigar, sabes que não falarei mais contigo. Voltamos ao começo da nossa história: amigos distantes. Claro que já não nos falaremos mais, pois ficou uma mágoa implícita de algo que não se realizou. Olharemos nos, no mundo virtual, por que será, somente, o que teremos: ler nossos textos, olhar nossas fotos e mais nada, porém faremos de conta que um nunca existiu para outro. No mundo real, seremos meros estranhos conhecidos que quase se amaram. Encontraremos nos, profissionalmente, e não sairá nenhuma palavra das nossas bocas, somente os olhos não conseguirão disfarçar.Entretanto, peço-te: não contes a “nossa história que nunca aconteceu para ninguém”, não quero que fales de mim, dos meus sonhos, do meu desligamento, não fales que sou uma faísca atrasada das nossas risadas, das nossas besteiras, das nossas mensagens, da minha vida para ninguém. Nunca, mas nunca diga dos meus sentimentos a ninguém. Não quero que digas que a minha personalidade insana e minha vida confusa te fizeram desistir de mim. Respeita a “nossa quase história de amor” Esqueça-me, simplesmente, como aquelas chuvas de verão que vem com força total, depois vão embora e volta o sol tranquilamente. Deixa a “história que nunca aconteceu” num canto qualquer da tua memória, podes escrevê-la. Mas, jamais a contes, principalmente, a outra mulher numa mesa de bar em meio a risadas de dois quase desconhecidos. Como das outras histórias que me contastes. Sabes, por quê? Foi uma “quase história de amor” e as historias de amor somente pertencem a quem as vive ou à literatura...

30/ 4/2015