O outro lado do portão
O outro lado do portão
O que será que tem do outro lado do portão? Que magia tem lá que faz os olhos de Lazara brilhar de felicidades.
Segui com ela até o portão de madeira, olhamos pelos vãos das madeiras e vimos dois galos brancos cantando.
Éramos dois velhinhos de oitenta anos subindo no portão, subimos no portão com muita dificuldade e pulamos para o outro lado caindo no passado.
A cidade era Varginha e alguma coisa instantaneamente riscou o céu. Não era um vaga-lume, acho que era um disco voador.
Caímos em um quintal grandão cheio de canteiros e plantação de flores, no quintal tinha um pé de azedinha, lazara logo pegou uma azedinha e colocou na boca para sentir novamente o sabor gostoso da infância e correu gritando e chamando a irmã.
- Terezinhaaa! Terezinhaaaa!
Logo também ouvi alguém gritar dentro da casa. De repente a Terezinha saiu correndo pela porta da casa com duas bonecas de pano na mão, elas se abraçaram apertado e foram brincar com as bonecas no quintal.
Lazara e Terezinha corriam brincando de esconde-esconde com aquelas bonecas de cabelos lisos na mão e percebi que eu estava desaparecendo, o tempo estava me apagando porque eu não fazia parte da história delas. A partir desse momento passei só a observá-las.
No quintal havia dois balanços, elas sentaram e começaram a balançar conversando:
- Olha as flores da mãe! Elas estão lindas e cheias de amor!
- A mãe cuida dessas flores com muito carinho!
- Terezinha! Eu gosto muito da escola. Éh! E gosto muito da professora também. Todo dia que vou à escola, fico brincando e conversando com as meninas debaixo das árvores. O portão de madeira da escola é muito legal! Eu gosto de pular ele.
Elas balançavam com as bonecas na mão como se fosse um sonho, balançavam para frente e quando a balança voltava os cabelos lisos das bonecas voavam ao vento.
Os galos brancos cantaram novamente. Os passarinhos que estavam pousados no quintal voaram. O cachorro que o pai tinha no quintal latiu e elas olharam uma para a outra falando:
- Os galos brancos cantaram acordando todo mundo e estão tentando acordar a gente também! Precisamos voltar!
Elas desceram dos balanços. Caminharam até o portão de madeira. Abraçaram-se apertado novamente. Olharam para trás vendo a casa branca, o quintal com canteiros cheio de flores e os balanços ainda em movimento e Lazara falou:
- Vou deixar o portão aberto, assim fica mais fácil de voltar!
Lazara atravessou o portão do tempo e voltou há ter oitenta anos, com um olhar de quem conhece o caminho de olhos fechados, se guiando apenas pelas batidas do coração.
Ela atravessou o portão, me encontrou novamente e falou:
- Vamos embora!
Eu olhei para trás e vi o céu de Varginha novamente. Uma luz riscou o céu e eu me assustei.
- Melhor ir embora mesmo, porque esse lugar está cheio de discos voadores!
Paulo Ribeiro de Alvarenga
Criador de vaga-lumes
Iluminando Pensamentos
VruuummmmmZuuummmm...