Ana&Eles

Ana, chegou a hora de recomeçar.

Não adianta tentar entender, não adianta olhar inúmeras vezes todas as fotos, não adianta beber, xingar, fumar, não adianta tentar chamar atenção.

Ana, não adianta.

Ana consegue expressar facilmente os seus sentimentos, mas dessa vez ela demorou. Ficou buscando muito tempo uma palavra, frase, texto, que conseguisse dizer o que estava (e ainda está) se passando lá dentro.

A única coisa que eu conseguiu relacionar foi como uma “tsunami” que são ondas gigantescas que vão destruindo tudo de forma rápida, sem deixar vestígios, tornando-se algo irreversível.

Foi exatamente assim que ela se sentiu, como se tivesse lidando com uma onda de sentimentos que estavam acabando com ela, de forma rápida. A única diferença é que ela não quis que tornar-se irreversível. Quis reconstruir-se novamente, nem que seja aos poucos. Pedaço por pedaço.

Foram dois amores extremamente fortes. Digo forte, porque ela realmente amou os dois da forma mais verdadeira e intensa possível. Talvez não fosse recíproco, mas ela não percebera. Talvez o amor fosse recíproco entre eles, mas, novamente, ela não percebera.

O coração de Ana foi escangalhado, junto com todos os seus sentimentos. Pela primeira vez.

Era Ana e ele.

Eles tinham uma sintonia inexplicável, olhares, sorrisos, loucuras. Ele despertou nela sentimentos que não deveriam terem sido despertados. Porque ela é intensa e quando ama, realmente ama. Ana costuma seguir todos os conselhos, só que ao contrário. Joga-se de cabeça como se estivesse em um penhasco sem fim, não pensando nas consequências de estar se entregando, faz tudo que está e que não está ao seu alcance. Mas, mesmo ela fazendo a sua parte e mais a parte dele, não foi suficiente para que ele quiseste estar com ela o quanto ela queria.

Ele a deixou.

Ela não deixou ele, porque ela não deixou de amá-lo.

Existe pessoas que irão estar dentro de você mesmo que você não queira.

Ele continuou, continuou, continuou e continuou lá. Continuou lá dentro, quietinho como se não quisesse nada, mas toda vez que ela o via, era como um relógio que despertasse dentro dela e que fazia com que tudo viesse à tona em um instante.

Ele não a quis.

Ela desistiu.

Na verdade tentou desistir, mas seus olhos esbugalhados, todas as vezes que via o sorriso dele, faziam com que as lágrimas começassem a cair repentinamente, sem a sua permissão.

Ela não se curou.

Mas existe pessoas que nos ajudam.

Ana e ela.

Ela roubou o coração de Ana. Mas de quem não roubaria? Com aquele sorriso cativante e palavras que só saiam da sua boca para servir de conforto.

Ana se aconchegou.

Era seu refúgio quando precisasse de proteção. Ela a protegeu.

Não só a protegeu como enxugou todas as lágrimas que derramou por ele. Escutou durante noites, acalmou, esteve ali.

Elas foram extremamente cúmplices uma da outra. Foram cúmplices das risadas sinceras e dos simples olhares que diziam tudo. Que elas se entendiam, porque isso bastava.

Pra Ana bastava.

Pra ela não.

Ela a deixou.

O coração de Ana foi escangalhado, junto com todos os seus sentimentos. Pela segunda vez. Dessa vez, de forma devastadora.

Eles conseguiram seguir em frente, seguiram juntos.

E Ana ficou.

Ficou pela metade porque eles arrancaram dela e levaram com eles o que restou de bom.

Foi cruel.

Mas Ana decidiu desculpar.

Desculpar e pedir desculpas por ter tido tanto ódio e querer ter forçado duas pessoas a amarem ela como ela os amou.