A lua é a culpada
A lua é a culpada
Eu sei por que estava lá e fui a vítima dela. Naquele dia ela estava cheia e clara, sua luz iluminava tudo e era fácil olhar, observar, seguir e atacar qualquer pessoa.
Mas não é de ataque que eu quero falar, nem de violência. Eu quero falar de amor e a lua é a culpada.
Naquele dia, iluminado pela luz da lua ela chegou simpática com seu jeitinho meigo, atraente, feliz e demonstrando muita vontade de amar, mas não foi isso que aconteceu. A lua brilhava forte e tudo mudou.
Ela foi embora e me deixou iluminado pela lua, que observava tudo silenciosa e atenta, parecendo gostar da situação.
Eu olhei para a lua e falei:
- Lua! Eu vou contar para você essa história de amor.
A lua me olhou com sua grande cara iluminada, curiosa e prestando bastante atenção.
- Lua! Ela passou e deixou o seu rastro vermelho na minha vida.
À medida que eu contava, a lua se aproximava e chegava mais perto, bem perto, tão perto que eu sentia sua face gelada.
- Lua! Ela veio e falou que me amava. Eu acreditei!
- Ela pintou o meu mundo de vermelho e deixou saudades.
De repente eu parei. Pensei um tempo e depois falei:
-Lua! Você é a culpada.
A lua não aceitou a culpa e protestando escureceu.
- Você me fez apaixonar!
A lua foi minguando de tristeza e diminuindo sua luz. Ela se cobriu com um manto negro deixando apenas uma parte de fora. Minguada e escondida.
Sabe lua! Não se esconda de mim, me deixe ver seu grande rosto de novo e me cobre com sua luz.
A lua voltou furiosa não aceitando aquela situação de culpa e rapidamente foi aumentando o seu tamanho, nova, crescente até virar a lua cheia. Ela foi se aproximando cada vez mais, crescendo, ficando enorme e chegando bem próxima. Nesse momento eu senti uma brisa gelada, um vento lunar e percebi que a lua jogou uma maldição sobre mim como um castigo, mas não era um castigo, era amor. A lua se apaixonou por mim e me encantou.
Meus olhos! O que aconteceu com os meus olhos? Eles ardem.
Corri e olhei no espelho! Minhas pupilas estavam brancas parecendo uma lua cheia e a minha cabeça estava dominada pela lua, que me atraia como um imã.
Quando a lua cheia surgia o meu coração gelava, o meu sangue gelava e eu ficava louco de amor por ela, subindo nos telhados, nas árvores e numa grande pedra, onde passava a noite gritando por ela, vendo-a passeando na lua e correndo com um lindo vestido branco, que voava deixando-a cada vez mais bela e atraente, como uma fera se alimentando do meu amor. Eu gritava, gritava, gritava de amor.
Um dia ela decidiu me buscar e levar embora. Naquele dia ela apareceu grande, cheia e iluminada, clareando tudo com sua luz de amor.
Nesse dia eu fiquei louco, babava feito um animal impaciente. Eu subi no telhado e comecei a gritar feito um lobo uivando para a lua. Eu gritava muito alto, na esperança que ela ouvisse meus gritos de desejo por ela. Todas as pessoas daquele lugar ficaram apavoradas com os meus gritos e de um momento para outro, tudo calou e o silêncio tomou conta do lugar.
Quem testemunhou! Viu a lua se aproximando, uma grande lua cheia com uma garota de branco, que pegou a minha alma e levou embora para sempre, largando o meu corpo jogado no telhado.
A lua foi embora, rolou para um cantinho e se escondeu com seu amor. Não espere, pois amanhã pode ser que ela esteja cansada de tanto amar e nem apareça deixando vocês na escuridão.
Paulo Ribeiro de Alvarenga
Criador de vaga-lumes
Iluminando Pensamentos
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