PRECISO CHAMAR SUA ATENÇÃO

Apesar da nítida sensação onírica que nutria em sua alma,

todas ás vezes que a menina passava por ele, inevitavelmente senti-se

um espectro ; essas supostas aparições de imagens incorpóreas...

Carregava embaulado na esperança , a efervescente ânsia apaixonada,

de um ininterrupto pensar, repetitivo, como o giro dos carroceis.

Ele esperava tantas coisas... inúmeras coisas, fantasiosas, utópicas,

extraordinárias ou surreais, eram íntimas , como um molusco,

que conserva a rara pérola oculta no seu interior.

Seus pensamentos, ainda que loucos, simplesmente cumpliciaram-se

no desejo fixo e permanente, de apenas ficar junto dela.

Os dias estavam tão velozes feito pássaros em revoada.

Aves em vôo, absortas no líquido azul do horizonte.

Ele não conseguia dissuadir da mente , nenhum segundo,

a idéia tantalizante que poderia perde-la.

-Preciso chamar sua atenção, dizia ele num monólogo febril,

impulsionado pela irrevogabilidade dos seus sentimentos.

Embora , tinha já ele ofertado, um sorriso de mil galáxias

e gritado desvairadamente o nome dela entre alcatéias e luas.

Por mais intenso esforço que envidasse , não adiantava !

Ela não percebia sua fugaz existência...

E movido de um desespero lírico , observando os dias céleríssimos,

ao perceber a aproximação da menina pela alameda,de modo habitual,

projetou-se subitamente , de atrás das árvores, em pleno estado de nudação explícita, almejando chamar atenção da menina.

Que sem titubear ou hesitar e mais delongas, ligou para polícia.

E ele foi preso , enquadrado no artigo 213, do código penal.

Jurando que foi apenas, um atentado violento de amor.

CARLOS HENRIQUE MATTOS
Enviado por CARLOS HENRIQUE MATTOS em 30/07/2015
Reeditado em 30/07/2015
Código do texto: T5329004
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