Sobre quando fui encontrada
Costumo ouvir das pessoas mais próximas a mim que eu sou intensa demais, e às vezes me precipito nas minhas decisões ou conclusões. Em partes, sou obrigada a concordar. Eu sou mesmo intensa e sinceramente adoro isso. Acredito que quanto menor a intensidade, menor o aproveitamento das diversas circunstâncias. Se é pra ser feliz, que seja muito feliz. Que transborde. Se for pra ficar na fossa, que curta a fossa até achar que a hora de sair chegou. E não, eu não gosto de sofrer. É que maior que a intensidade do meu tombo, é a intensidade do meu levantar.
Em dado momento da minha vida, depois de algumas cabeçadas que dei nas colunas transparentes no meio do caminho, depois dos ralados nos joelhos, nas mãos e no rosto que conquistei ao tropeçar nos meus próprios pés, concluí que o amor existe sim. Mas que talvez ele não existisse para mim. Concluí que havia grandes chances de eu encerrar meu ciclo de vida sozinha. Não por mal-me-quer, tampouco por solidão. Mas por escolhas que trazem consequências, porque apesar de pensar muito no outro, aprendi a pensar primeiro em mim. Então, me conformei com a ideia de me tornar uma solteirona, e permanecer assim até os meus últimos dias.
Provavelmente, você que me lê agora deve estar pensando que isso não passa de uma crise adolescente causada por algum desamor. Bem, eu garanto que não. Por outro lado, posso concordar quando diz que sou nova demais para ter um pensamento tão pessimista sobre um sentimento tão otimista. Digo isso, porque foi quando me conformei e aceitei a chance de ficar sozinha que fui surpreendida pelo destino e encontrada pelo amor. Foi justamente quando eu não queria, quando eu aparentemente não podia, que ele apareceu na minha vida. Do jeito mais imprevisível. E agora toda aquela coisa de não ter alguém foi embora. Todo aquele convencimento de que o amor não chegaria até mim, se extinguiu.
Foi de repente que notei o brilho nos meus olhos. Que percebi que estava sorrindo demais. Que ansiava pelo próximo toque do celular. E pode até parecer precipitado, mas foi de repente que descobri ter encontrado justamente o que me faltava, quando eu pensava que já não me faltava mais nada.
E então eu entendi tudo que todos falavam: é quando não procuramos que somos encontrados. É assim que prefiro pensar, porque foi ele quem me encontrou, escondida em meus próprios medos e receios.