O ÚLTIMO SOLDADO - 8 de 10

O soldado punha a máscara de volta e falou para o comandante:

- Se esconda aí em algum lugar, enquanto eu te arranjo um uniforme.

- Está me dando uma ordem?

- ...

- Sossegue, vou te esperar aqui, mas seja rápido!

- Sim, senhor.

O comadante ficou escondido atrás de alguns bujões grandes, ao passo que James voltava para o acampamento. O soldado entrou em uma cabana onde haviam dois terroristas, estes o olharam ao entrar, mas não disseram nada. James chegou perto deles, como quem não queria nada e golpeou-os com a arma, eles cairam desmaiados e James tirou o uniforme de um deles e colocou debaixo do braço. De repente, um outro terrorista entrou na cabana e pegou James de surpresa. Olhou para os dois homens caídos e depois para James e quando pensou em fazer algo, James já estava com a arma apontada para ele e fez com que se sentasse numa cadeira, depois James perguntou-o, ameaçando disparar:

- Tem algum rádio transmissor aqui?

- O que você está fazendo?

- Eu te fiz uma pergunta, responda!

- Tem sim...

O terrorista tentava alcançar com as mãos uma faca que estava sobre o balcão em suas costas, enquanto James o pressionava e perguntava:

- Onde? Diga!

- Num dos acampamentos... Aquele ali...

Ele fez um gesto com a cabeça, apontando para a janela da cabana, onde se via os acampamentos. Quando James virou-se para olhar, rapidamente o terroristas levantou a mão com a faca para James, mas o soldado se virou a tempo, ainda assim, sentiu a faca afundar em seu antebraço e lutou com o terrorista, na tentativa de lhe tirar a faca, sendo que a arma de James já estava no chão. O terrorista empurrou James contra o balcão e tentou feri-lo com a faca, mas James segurava seus braços com toda força e olhando para a porta disse:

- Não! Não atire!

O terrorista virou o rosto para ver o que era e James quebrou uma garrafa de vidro em sua cabeça e ele caiu. James apanhou a arma e o uniforme e voltou para o local onde deixara o comandante Helton, ele estava de costas, atrás dos bujões.

- Aqui está, comandante.

James retirou o uniforme de debaixo do braço e estendeu para Helton, mas o comandante não se moveu e nem olhou.

- Comandante, seu uniforme... Comandante?

James se agachou de frente a Helton e percebeu... Ele estava morto, com uma facada no peito.

- Não... Droga! Comandante!? Comandante!? Droga!

James sacudiu o ombro do comandante, mas já era tarde. Então ele sentiu que estava realmente só e sentiu um medo terrível em seu coração... Se haviam soldados sobreviventes, onde eles estavam? E se não mais havia, por que ele sobreviveria? Não podia fazer mais nada pelo comandante e se punha de pé, pronto para enfrentar o perigo sozinho.

Evitando chamar muita atenção, James voltou para os acampamentos e sempre com a máscara no rosto. Precisava agora somente encontrar o rádio e se o terrorista havia dito a verdade, havia um na cabana do chefe e isso assustava James, mas era sua única chance de talvez voltar para casa. Ele andou até a cabana, com a arma apontada para frente e abriu a porta... Lá estava o chefe do grupo, lubrificando sua arma e ao ver James entrar, falou:

- Ei, abaixe essa arma! Vai acabar me dando um tiro!

Ele deu uma risada e colocou sua arma sobre o balcão de madeira. James abaixou a arma e chegou mais perto dele, depois de passear os olhos por todo o interior da cabana e não ver nenhum rádio comunicador.

- Vamos para o Norte, daqui para amanhã. Acabaremos com aqueles vilarejos podres.

Disse o chefe, de costas para o soldado. Depois apanhou da mesa uma faca brilhante e começou a alisar sua lâmina com um pano e disse ainda:

- Você não devia ter fugido da morte...

Ele se lançou para cima de James e os dois rolaram no chão a brigar, um tentava ferir outro, era força contra força e o chefe terrorista apertou o pescoço do soldado até seu rosto ficar roxo...

- Você vai morrer...

Os olhos de James se apagaram e ele foi deixado no chão. O terrorista se levantou para pegar sua arma e ao se virar o chão estava vago...

- O quê?

De repente, James envolveu e apertou seu braço contra o pescoço do chefe e perguntou:

- O rádio comunicador, onde está?

- Desgra...çado...

- Fala!

James o sufocou mais e ainda pegou uma faca para ameaçá-lo.

- E eu vou ganhar o que com isso?

Perguntou o terrorista, quase sem voz e disse mais:

- Acha que estou com medo? Você é só um soldadinho covarde! Pode até me matar, mas não conseguirá vencer todos os meus homens.

- Vou te perguntar pela última vez: Onde está o rádio?

- Na casa da vagabunda da sua mãe!

O soldado perdeu a paciência com o terrorista e o feriu na barriga com a faca e ele morreu. James vasculhou toda a sala em busca do rádio e não o encontrando, saiu da cabana e foi ter com um outro terrorista.

- Ei, você! O chefe quer o rádio, rápido!

Falou James e o homem disse:

- Por acaso você não tem pernas?

- Por que você não pergunta isso para o chefe? Aí você volta aqui e me diz se ele te quebrou a cara com a mão esquerda ou direita.

- Esquece.

O terrorista foi até uma caminhonete meio velha que estava estacioanada logo ao lado e trouxe o rádio para James. James pegou o rádio e foi para trás dos acampamentos, longe da vista de qualquer um e tentou falar com a base. Depois de vinte minutos, um sinal...

- Alô, câmbio, câmbio... Soldado James falando, a equipe toda foi morta, exceto eu... Mandem resgate!

- Soldado James? Aqui é o General Malta te falando... Onde se localiza?

- Estou no leste da mata perto da unidade militar, fui capturado pelo grupo terrorista, eles levantaram acampamento e estão se deslocando para o Norte, ao amanhecer... Está a ouvir, general?

- Positivo, estou te ouvindo! Mandarei o elicóptero do exército para aí... Tente se afastar do acampamento, vamos lançar bombas na área.

- Estarei no outro lado do rio, verão uma mensagem de SOS na terra.

- Ok! O elicóptero chegará aí o mais rápido possível! Câmbio desligue.

James só precisava sair dali e atravessar o rio, sem que fosse pego e nem visto e tinha que ser cuidadoso ou, no último momento, poderia acabar falhando. Então, apanhou sua arma e guardou o rádio numa mochila, no caso de precisar se comunicar novamente com a base, mas continuou com as vestes de terrorista, se acontecesse de ser visto pela mata por um outro. Esperou que o movimento no acampamento diminuisse e assim correu para dentro da mata.

Os caminhos eram extremamente escuros e James evitou usar lanternas ou coisas do tipo, para não ser descoberto. Mas estava sempre atento e com a arma na mão, era só ouvir um pequeno barulho e seu coração o alertava, porém, eram só barulhos da natureza e quem sabe uma cobra rastejando por aí, mas nem as cobras o faziam tanto medo como a aproximação daqueles homens crueis!

Ele avistou o rio, uma coisa ótima de se ver! Significava que estava quase livre daquele lugar aterrorizante... Só que tinha mais um problema: ele precisa de algo que o levasse até o outro lado do rio e construir um barco àquela altura não lhe convia, então teria que ir nadando, sim, era isso ou ser morto enquanto construia um barco. Mergulhou... A água estava muito fria, mas ele nem quis saber! Almejava apenas sair dali o mais rápido possível e nadou, nadou... Até que conseguiu chegar ao outro lado. Retirou a roupa molhada e vestiu seu uniforme que estava na mochila, certo de que sentiria muito frio naquela madrugada e precisava estar enxuto. Colocou a mochila nas costas e olhando para trás, ele paralisou os olhos na escuridão entre as árvores, nem acreditava que viera dali e não quis mais pensar naquilo, sendo assim, virou-se para frente e prosseguiu. Quando já andara bem muito e parecia estar seguro, ali parou e ali decidiu ficar e esperar pelo resgate, e antes que se esquecesse, pegou uma vara forte e desenhou na terra, em tamanho gigante, as siglas SOS... Agora era orar para que o encontrassem, a tempo.

O dia amanhecia lindo para Aura, não havia chuva e ela dormira muito bem na noite passada! Estava saindo de casa para ir ao trabalho (trabalhava na biblioteca principal da cidade), e quando abriu a porta deparou-se com Luan.

- Luan!? O que faz aqui tão cedo?

- Eu estava passando para o trabalho e resolvi te fazer uma rápida visita... Ia sair?

- Sim, vou ao trabalho.

- Verdade? Eu posso te dar uma carona!

- Eu não quero te encomodar...

- Que é isto? Será um prazer te levar e uma boa forma de começar o dia!

- Sendo assim...

No carro, eles continuavam a conversa.

- Estou muito feliz por você ter voltado a trabalhar, Aura. É bom saber que reanimou-se!

- Eu pensei muito em tudo aquilo que você falou e vi que estava realmente certo. Preciso aproveitar a vida.

- Nossa, que bom que você guardou minhas palavras! Estou muito feliz por isso!

- Obrigada... Eu acho que se não fosse por sua ajuda eu ainda estaria esperando pelo que nunca vem.

Continua...

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 29/07/2015
Reeditado em 29/07/2015
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