O ÚLTIMO SOLDADO - 7 de 10

- Tudo foi devorado pelo fogo, não há mais o que fazer aqui. Se houveram sobreviventes, evidentemente já fugiram.

Disse o comandante Helton, dando de ombros. Os outros ainda estavam abismados com o que viam e James resolveu perguntar:

- E o que faremos agora, comandante? Não temos mais armas e não sabemos se algum soldado sobreviveu e para onde foram!

O comandante parou e seus olhos refletiram o brilho ardente das chamas. Ele respirou fundo e falou:

- Precisamos encontrar um meio de entrar em contato com a base...

- E como isso será possível, comandante, se nem o rádio funciona!?

- Talve...

Inprevistamente, um grupo de terroristas passava pelo campo militar, foi então que o comandante ordenou que os soldados se ocultassem por trás das árvores, todavia, o soldado Fernando desobedeceu a ordem de seu comandante e correu para frente, escondendo-se por trás de um carro do exército. Vendo a ação surpreendente de Fernando, o comandante ordenou:

- Soldado, recue, agora! O que este idiota está fazendo?

Fernando mirou sua arma nos terroristas e puxou o gatilho.

- Morram, filhos da mãe!

Ele gritou, e começou a troca de tiros. O comandante viu que não podia permitir que o soldado continuasse ali e, com sua arma em mãos, correu até lá, ao passo que Fernando se afastou mais e continuou atirando, até que suas balas acabaram.

- Droga!

- Volte para cá, soldado!

Gritou o comandante Helton. Fernando desistiu daquele ideia absurda e decidiu escutar a ordem do comandante e correu de detrás do carro, mas antes de alcançar o outro carro onde Helton o esperava, foi atingindo com um tiro na cabeça e caiu morto na mesma hora. Helton agora era o próximo alvo dos inimigos e guardando-se atrás do carro, fez um sinal para que James e Dalton se escondessem dentro da mata, e assim eles fizeram. Em seguida, o comandante retirou de dentro da mochila uma granada e pressionando-a, retirou o pino e lançou-a rapidamente contra os inimigos, atingindo e matando todos, que ao total eram cinco.

James e Dalton sairam da mata e foram de encontro ao comandante, ele consultava o corpo de Fernando sobre a terra.

- Está morto.

Ele afirmou e se punha de pé, caminhando até em frente e apanhou do chão uma das mochilas dos terroristas, para ver se encontrava algo útil.

- O que tem?

James perguntou e Helton respondeu, dizendo:

- Facas, balas... Fita adesiva, um binóclio... Porcarias!

Ele largou a mochila e só ficou com as balas.

- Ótimo, agora só somos três...

Disse Dalton, ainda apoiado a James, e falou mais:

- Três contra milhares deles.

- Vamos seguir pela outra trilha, alguns soldados correram para lá durante a correria na mata.

Falou o comandante e então eles foram pelo outro lado, onde corria outra trilha mais perigosa, pois armadilhas haviam escondidas por todos os lados e se não tomassem bastante cuidado e não tivessem atenção cairiam em uma a qualquer instante.

- Até onde essa trilha leva?

Perguntou o soldado Dalton, se esforçando para suportar as dores do ferimento em suas costas, enquanto caminhava.

- Leva até o outro lado da mata, onde veremos a margem do rio... Eu acho.

- Então, teriam os soldados atravessado o rio?

- É bem provável. Ou então recuaram.

Ele disse, olhando com aflição para trás. Eles continuaram caminhando, quando um capacete de um soldado foi encontrado no chão e o comandante o apanhou, jogando seu olhar para as expressões de preocupação de seus dois soldados.

- É comum que um dos capacetes fiquem pelo caminho.

Falou o comandante, e Dalton completou:

- E mais comum é que fique um dos soldados junto com ele.

Ao largar o capacete e prosseguir pelo caminho, o comandante foi puxado para o lado por alguém que lhe tampava a boca com a mão. Ele caiu sobre os arbutos e lutou para se livrar, sem sucesso. James tentou puxá-lo para fora, foi quando sentiu uma forte paulada na nuca e viu tudo em sua frente escurecer, caiu de joelhos no chão e apagou.

Quando os olhos de James foram se abrindo, a imagem de um acampamento e uma fogueira acesa foi a primeira coisa que ele viu, até recuperar totalmente a visão e perceber que já era noite. Ao virar o rosto, ele sentiu uma forte dor no pescoço, quis passar a mão para verificar, foi aí que percebeu que suas mãos estavam amarradas. Ele virou um pouco a cabeça e viu que estava encostado a uma árvore, olhou mais ao lado e viu os terroristas, seis deles vigiavam o acampamento, com suas armas poderosas, outros entravam e saíam dos acampamentos. James tentava se soltar, mas as cordas estavam muito apertadas em seus punhos e enquanto esforçava-se, um homem se aproximou dele e apertou seu pescoço, então disse:

- É melhor ficar quieto, ou morre agora, desgraçado.

Quando ele soltou o pescoço de James o soldado respirou ofegante, tentando recuperar a respiração. Ergueu a cabeça ao céu e viu as tantas estrelas sobre seus olhos, depois sentiu novamente as pontadas em sua nuca e baixou a cabeça. Com o olhar caído ao chão de terra, James ouviu uma voz familiar... Levantou o rosto e se assustou ao ver Dalton sendo arrastado por dois homens, que diziam para ele:

- Acha que é valentão? Quero ver se vai ser agora...

Começaram a chutar Dalton no rosto e no tórax, enquanto ele gemia e tentava se defender com o braço contra o rosto, mas um dos homens o levantou pela gola da camisa e lhe deu um soco, fazendo ele cair de volta ao chão.

- Levanta, soldado inútil!

Mas Dalton não tinha mais forças para se colocar de pé e com seu rosto contra o chão ele gemia e abraçava seu abdomem dolorido.

- Eu mandei levantar, ordinário!

Gritou o terrorista e levantou Dalton mais uma vez pela gola da camisa e deu-lhe diversos socos na barriga, depois o jogou de volta ao chão.

Chegou mais um homem e falou sorrindo para Dalton:

- Vamos ali...

James assistia, traumatizado, tudo de longe e enquanto aquele homem arrastava Dalton, pela camisa, para detrás dos acampamentos, James viu que ele levava uma arma no ombro e um facão. MEDO.

James esfregou mais as cordas de seus punhos no tronco da árvore, a fim de torá-las, estava tão nervoso que as batidas fortes de seu coração o atrapalhavam na tentativa de se livrar. Ao ver um homem andar em sua direção, James imediatamente disfarçou e o homem falou:

- Você é o próximo...

Assim que o homem chegou bem perto, James entercalou suas pernas no pescoço dele até sufocá-lo, depois retirou com o pé a faca que estava no bolso do terrorista e arrastou-a para si, conseguiu colocá-la entre os joelhos e depois pegar com a boca. Virou o máximo que pode a cabeça para trás e derrubou a faca em suas mãos: cortou a corda e conseguiu se soltar. Devagarinho, ele foi dando a volta pela árvore e correu agachado até onde estava um dos vigias... Sem que ele percebesse, James se aproximou por trás e lhe deu um golpe na cabeça com um pedaço de pau e ele desmaiou. James rapidamente vestiu o uniforme do terrorista e pegou sua arma e agora, disfarçado, seria mais fácil passar dispercebido pelos terroristas.

James não estava muito confiante e sentia-se inseguro, mesmo disfarçado. Mesmo assim, precisava reagir e encontrar Dalton e o comandante, se ainda estivessem vivos àquela altura. Ele colocou a arma no ombro e andou até o acampamento, seu medo agora era ser reconhecido e ser apenas um contra milhares deles, só que precisava manter-se relaxado e agir como se fosse um deles.

- Ei, pare aí... Eu o levarei ao chefe, por suas próprias ordens.

Disse James para um terrorista que trazia, ensanguentado, o comandante Helton. O terrorista entregou o comandante a James e falou:

- Mais um, ou melhor, menos um.

James segurou o comandante e foi caminhando com ele até o outro lado, enquanto ele, assustado, fazia força para falar, mas não podia, sendo que colocaram um pano preso em sua boca. Certo de que ninguém os via ali, James retirou o capuz que usava e falou:

- Calma, comandante, sou eu, James!

Sem entender o que o comandante queria dizer, James desamarrou o pano de sua boca e ele disse, aliviado:

- Soldado!

- Precisamos sair daqui! Mas antes, encontrar um rádio transmissor...

- E o soldado Dalton?

- Infelizmente, esse já não encontraremos vivo.

Continua...

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 27/07/2015
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