OROZINA MARIÁ DA CONCEIÇÃO

Por detrás daquele morro vivia Orozina Mariá da Conceição, criatura de uma grande sabedoria.

Viúva do seu falecido Aparício, Orozina teve nove filhos, cinco vingaram e os outros quatros Deus levou antes de completarem dois anos.

Na sua moradia tudo era muito arrumado. A casa limpinha, as panelas reluzentes, as roupas que ela mesma costurava, sempre branquinhas e engomadas. Tudo era feito com muito carinho, sem tortura ou agonia. As crianças estudavam no Grupo, perto da vila e iam crescendo com respeito e alegria.

Orozina aprendeu a ler praticamente sozinha, tinha uma inteligência e uma memória de lascar. Fazia questão de sentar a noite com seus filhos que chamavam os amiguinhos da vizinhança para ouvir as histórias que ela criava ou dos livros que pegava na Biblioteca.

Era muito respeitada por conhecer os segredos do tempo, das plantas, da terra e da alma humana. Seu jardim era lindo, flores variadas e coloridas. A horta, verduras a granel, cresciam sem adubo ou inseticida. Frutas deliciosas e suculentas exibiam em seu pomar.

Seu Aparício construiu junto com ela cada palmo daquela terra. Um bom companheiro, regava sua Orozina de amor, carinho e afeto. Mas certo dia foi para o rio pescar e as águas da cachoeira o levaram para o fundo da gruta encantada e desapareceu para sempre.

Orozina o abençoou e continuou sua história sem perder a coragem.

Pessoas vinham de longe em busca de seus ensinamentos, seja para cuidar da terra ou para entender as dores da alma e da convivência entre as pessoas. Todos retornavam melhores do que chegavam.

Certo dia tomei coragem e fui até lá ver Orozina. Ela me conheceu criança. Gostava tanto de mim e eu dela, que nosso abraço fez brilhar um raio de luz do céu por entre as nuvens avermelhadas e me disse somente uma frase – "ame a si mesma como Jesus te ama".

Ana Amelia Guimarães
Enviado por Ana Amelia Guimarães em 26/07/2015
Reeditado em 19/10/2015
Código do texto: T5324338
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