O ÚLTIMO SOLDADO - 3 de 10

Em plena distração, James e seu companheiro foram surpreendidos pela correria dos soldados na ordem do comandante para marcharem mais à frente. Um míssel acabara de ser lançado em suas direções e feriu três soldados, um deles foi morto. James e o amigo se puseram rapidamente de pé, ao passo que bombas e míssess atravessavam o céu e explodiam no solo.

- Em posição!

Gritava o comandante Helton Cruz, e os soldados se escondiam por detrás das rochas, com seus armamentos a mão e canhões apontados para o campo do inimigo.

- Preparar para lançar!

James estava agachado por trás da rocha e com uma metralhadora nas mãos, seu amigo estava do outro lado junto a outros soldados e manejava o canhão. O comandante deu seu grito de ordem:

- Atirem!

As bombas foram lançadas, metralhadoras atiravam sem sessar, um barulho ensurdecedor! Mas os inimigos lá em frente também reagiam e lançavam suas granadas. James se protegia e recarregava o armamento. Assistia alguns dos soldados serem atingidos e granadas caíam bem perto de si e ele se virava para frente outra vez e atirava. Volta e meia se escondia e recarregava o armamento de novo. Porém, sua atenção foi chamada para o lado, o soldado amigo de James foi atingido. James correu abaixado até lá e verificou o estado do soldado. Seu rosto estava molhado de sangue e seus braços, mas ele ainda vivia e seus olhos estavam quase a se fechar. O soldado viu o rosto de James em sua frente e que ele estava aflito e assustado. Então, o soldado segurou no punho de James e com um leve sorriso ele disse com dificuldade:

- Não se preocupe comigo... Eu já disse, não tenho nada mais a perder.

James fitava o rosto do soldado e viu seus olhos se apagarem, sentiu a mão do amigo soltar seu punho e deitar-se na terra. James verificou com a ponta dos dedos o pulso do soldado... Não pulsava. Estava morto.

Sem nada mais poder fazer diante da lamentável cena do corpo sobre o chão, James correu para trás das rochas e junto a outros soldados atirava contra os inimigos. Durante os disparos, na mente de James passaram-se diversas cenas, como um filme. A primeira cena era de Aura desvendando os olhos e vendo a surpresa que James lhe preparara: Um lindo jantar à luz de velas. Aura ficou emocionada e mais ainda ao ler no guardanapo "aceita se casar comigo?" James lembrava bem da expressão de Aura quando ela viu o guardanapo.

A segunda cena foi de um dia frio em que ele estava voltando para casa e nevava. E antes de bater na porta, coincidentemente, Aura a abriu. Ela disse que seu coração presentiu quando ele estava chegando. James a agarrou forte e deu-lhe um beijo de amor. A terceira cena era como uma carta que nunca poderia faltar no jogo: a lembrança da dor daquela mulher, em prantos, depois de saber da morte do marido Nelson... Aquilo realmente comovera muito James e o apavorava.

Por último, a cena de algo que nunca aconteceu, algo que amaldiçoava sua imaginação... Uma cena em que ele nunca, nunca voltava para casa. James aprendeu a jamais fugir do inimigo, a lutar até o fim, porém, sentia-se receoso. Tinha medo do que poderia lhe acontecer e se algo acontecesse ele sabia que, ao contrário de seu amigo soldado, ele perderia muitas coisas.

- Sessar fogo!

Gritou o comandante, ao ver que os inimigos recuavam e que conseguiram destruir grande parte dos acampamentos alvos.

- Ainda não acabamos com todos, comandante! Parte dos acampamentos estão no Norte!

Exclamou o soldado Fílipe.

- Vamos esperar amanhecer.

O comandante caminhou pelo meio dos soldados e de repente parou diante do corpo do soldado morto. O comandante baixou o olhar e perguntou a James, que estava logo ao lado:

- Ele está morto?

- Sim, senhor. Foi atingido por uma granada.

- Malditos!

O comandante se agachou ao lado do corpo e tocou com a mão o peito do soldado morto. Disse:

- Ele era um de meus melhores homens...

Ele estranhou algo que estava dentro da mão fechada do soldado e falou:

- O que é isto?

Abriu a mão do soldado sem vida e retirou um amuleto com o retrato de uma bela menina. James reconheceu o objeto de imediato e disse para o comandante:

- Era filha dele. Ela morreu de câncer.

- Acha que devemos deixar isso com ele?

- Acho que é o melhor.

O comandante guardou o amuleto no bolso do uniforme do soldado e cobriu o corpo com uma lona.

- Que descanse em paz.

Os soldados preparavam-se para trilhar as matas misteriosas até os acampamentos inimigos e pegá-los de surpresa. As trilhas podiam confundir qualquer um que não tivesse um necessário conhecimento daquelas matas, com suas árvores gigantesca que se cruzavam uma na outra lá no alto e escondiam todo o céu.

Os soldados carregavam seus armamentos e seguiam em fila, James estava entre os do meio e sua metralhadora estava sempre apontada para frente. Repentinamente, disparos começaram no final da fila... Os soldados estavam sendo mortos a tiros, alguém atirava nelss às escondidas e visto que tiveram também a ideia de pegá-los de surpresa. E os soldados corriam para trás das árvores e começava a troca de tiros. Alguns eram atingidos, outros já estavam caídos no chão, mortos. James corria pelas trilhas e de árvore em árvore ele se escondia e atirava. Numa dessas correrias acabou sendo atingido no braço e sentiu o arder e o sangue molhar seu uniforme. Tocou o ferimento com a outra mão e viu o sangue em sua palma. Continuou correndo pela trilha e atravessou um riacho que corria ali. O riacho era razo e a água batia na metade de suas canelas. Atrás de James vinham mais quatro soldados, um caiu na água, não se levantou... Os outros continuaram seguindo.

Continua...

Lyta Santos
Enviado por Lyta Santos em 22/07/2015
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