SAUDADE

Dois anos haviam se passado desde a morte de Ana. Depois do acidente, Paulo nunca mais foi o mesmo. Ela fora sua namorada desde a adolescência e seus planos eram de envelhecerem juntos. Não era justo toda aquela história acabar de uma forma tão trágica, ainda mais faltando tão pouco para o casamento.

Até hoje não se sabia ao certo as reais causas do acidente. Oficialmente, Ana perdera o controle do carro, possivelmente por efeitos do álcool, e não conseguiu frear numa curva. Além dessa curva havia um grande lago, para onde o carro foi com toda a velocidade, não restando tempo para que Ana se salvasse do carro que afundava. Uma semana de buscas intensas foi necessária para que seu corpo fosse encontrado.

Nesses dois anos, Paulo nunca conseguiu seguir normalmente com sua vida. Nada mais interessava para ele. Um dia, quando a depressão estava mais forte, foi a um parque tentar relaxar. Encostado numa árvore, ouviu alguém lhe chamando. Era a voz de Ana. “Como isso é possível?”, pensou o rapaz.

Dia após dia, seu estado só piorava. Ele não se alimentava, parou de trabalhar. Só pensava na falecida noiva. Seus pais não entendiam o que podia estar acontecendo. Paulo vinha melhorando, fazendo planos, parecendo aos poucos superar a morte de Ana.

Num sábado, ele levantou com uma súbita vontade de ir até o lago onde sua amada havia morrido. Era a primeira vez que voltava lá desde que o corpo de Ana fora resgatado. O dia estava frio, nublado, e as águas estavam calmas, sem nenhuma ondulação. Ele sentou na margem e ficou pensando na vida, até que ouviu Ana lhe chamando novamente. Ele se virou na direção da voz e teve uma grande surpresa: sua amada estava ali, bem na sua frente.

- A-Ana? É você mesmo? – disse o rapaz, emocionado.

- Sim, meu amor. Estava morrendo de saudades. Por que você foi embora e me deixou aqui sozinha? – respondeu a mulher.

- Pensei que havia te perdido. – Paulo estava chorando. – Por favor, não me deixe sozinho, não consigo fazer mais nada. Preciso de você.

Ana possuía uma expressão séria, que ao mesmo tempo não indicava sentimento algum. Ela estendeu a mão para Paulo e disse:

- Venha comigo! Me acompanhe e ficaremos juntos para sempre.

Paulo segurou a mão da mulher que amava e deixou que ela o guiasse. Emocionado, não percebeu que ela o conduzia para dentro do lago. Por fim, eles ficariam juntos.

Túlio Lima Botelho
Enviado por Túlio Lima Botelho em 18/07/2015
Reeditado em 18/07/2015
Código do texto: T5315647
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