Um amor inventado
SINOPSE
Eva era uma mulher independente, tinha uma boa posição em seu trabalho, era casada e tinha um enteado, filho do primeiro casamento de seu marido, Gary. No último ano, viveu uma intensa história de amor, paixão e amizade, mas essa história, ela viveu sozinha, no seu mundo interior, talvez criada por sua carência, mas que interferiu muito na sua vida real.
Parte 1 - O início
Sua vida conjugal não andava muito bem, muitos problemas, muitas brigas, desavenças, desrespeito, um caso de amor chegava ao fim, mas Eva nunca teve coragem de dar um fim no seu casamento, por medo, covardia. Ela nunca traiu seu marido Gary, não pensava em ninguém, só não aguentava mais aquela situação, queria se ver livre dele. Gary mesmo tendo um filho, Brian, cogitava que queria ter outro com ela, mas sabendo que seu relacionamento estava acabando, sempre fugia do assunto, tiveram inúmeras brigas em relação a isso. O relacionamento dos dois estava ficando insustentável, ele ciumento, possessivo e muitas vezes egoísta, completamente diferente dela, uma mulher amiga de todo mundo, boa filha, boa madrasta e até certo ponto boa esposa, mas já não o amava. Gary apesar de todos esses problemas achava que tudo voltaria ao normal, mas continuava fazendo coisas que a desagradava, um dia acabaria tudo, um dia ela cansaria de tudo, ele a subestimava, achava que ela nunca teria essa coragem.
Certo dia Eva reencontrou um amigo de adolescência, Louis, um cara do bem, de quem admirava desde muito tempo. Tornaram-se grandes amigos, trocavam mensagens diariamente, se davam super bem, elogios mútuos, inúmeras coisas em comum, pareciam que tinham nascido um para o outro, mas era apenas amizade.
Na sua casa continuava a mesma coisa, brigas e mais brigas, cada dia que passava mais insustentável ficava aquele relacionamento. Sua válvula de escape era Louis. Inevitável, sua carência a traiu e ela se apaixonou por ele. E agora o que fazer? Não sabia como lidar com isso, sabia que por parte dele era só amizade, mas o tempo passava e ela não o tirava mais da cabeça. Até que um dia Gary descobriu esse amigo de Eva e sabendo da situação de seu casamento ficou desconfiado, tiveram uma briga feia, seria o momento de acabar de vez essa relação, mas ela não o fez, talvez seu maior erro, de lá pra cá, sua relação com Louis também estremeceu, ele não aceitava o deslize da amiga de ter deixado seu marido desconfiar que os dois tivessem alguma coisa, até porque não tinham, então começara ali mais um relacionamento tortuoso, agora ela tinha problemas em casa com Gary e problemas Louis, seu amigo, um verdadeiro inferno astral, acabara sua paz, perdeu seu abrigo. Passando algum tempo foi se acertando com Louis, naquela altura mais apaixonada por ele, como iria contar isso, era seu amigo. Passaram alguns meses, tiveram outra briga feia, então Louis cortou qualquer tipo de relação com ela, tudo derivado dos problemas que tivera antes, em relação ao marido dela. Então Eva resolveu se declarar, falara de todo o amor que sentira por ele, explicara como tudo começou, dissera que foi de repente, que tudo veio acontecendo aos poucos, sem notar que estava se apaixonando. Louis não gostou, achou um absurdo esse sentimento, que pra ele era descabido, a partir dali não se falavam mais. Eva ficou desnorteada, com seu casamento a beira do abismo, sem coragem de ir embora, e agora apaixonada por Louis, perdeu o rumo, em casa um marido que não amava, na rua, apaixonada por um amigo que então a esnobava. Dias terríveis e infinitamente cruéis pra esta mulher e assim foi nos dois meses seguintes, um inferno astral.
Parte 2 - O meio
Foram dois meses sem se falar, pareceu uma eternidade, ela não esquecia Louis. Nesse período poucas coisas relevantes em seu casamento, ela não estava preocupada com isso, só pensava em Louis. Nas primeiras semanas do ocorrido, da briga, inexplicavelmente Louis mandava mensagens toda semana, a humilhando, falando coisas sem sentido, ela não o respondia, já estava sofrendo demais com aquilo tudo. Mas passando esses dois meses, Eva já quase o esquecendo, Louis manda outra mensagem daquelas, falando coisas absurdas, ela naquele momento pensou: Pra que isso tudo? Pra que tanto ódio?
Mas depois disso, se acertaram e aos poucos os elogios, admiração um pelo outro voltavam ao normal, mas como amigos, essa foi a forma que ela encontrou para ficar perto dele, como citado antes, Louis era seu abrigo e assim o mantinha por perto até que resolvesse tomar coragem de se separar de Gary, na sua cabeça mantendo Louis por perto, ficaria mais fácil um suposto romance entre os dois, nunca passou por sua cabeça um relacionamento extraconjugal, não era o que ela queria, não poderia de maneira alguma começar um romance assim. Nesse período, Louis dava sinais de que também estava apaixonado, em outros momentos era frio, noutros dava algumas alfinetadas nela, pra deixar claro sua amizade, mas na maioria das vezes era notório seu envolvimento. Eva não sabia o que fazer e o que pensar, essa dúvida perduraria por algum tempo. Nesse período também houve outras brigas entre esse casal de amigos, sempre com agressões verbais por conta dele e sempre depois voltavam àquele amor enrustido. Tudo isso fazia com que ela tivesse mais certeza do seu amor, nenhum casal de amigos brigariam tanto, uma coisa era certa, não se tratava apenas de amizade, ela sempre clara, mostrava seu amor pra todo mundo, através de galanteios disfarçados, poemas de amor, tendo sua maior inspiração, Louis. Já ele, mesmo dando sinais de que estava apaixonado, nunca se declarava, mantinha sempre a mesma posição de amigo fiel, naquela altura do campeonato, esse relacionamento era tudo pra ela, mesmo sendo amizade, mas só amizade não era mais, ela pensava.
Eva sempre foi discreta em relação a Louis, não contava seus fatos pra quase ninguém, a não ser pra outro amigo, Joseph, um amigo de verdade. Ele sempre a aconselhou a largar essa aventura, falava que não daria em nada. E falava que não daria certo por culpa dela que não se decidia e sempre a aconselhava. Dizia que Eva não tinha coragem de largar seu marido e isso irritava Louis, que estava fazendo as coisas de maneira errada, que era para esquecer aquele homem que só a magoava, não importando quais sejam os seus motivos, ele sempre a magoava. Dizia também para livrar-se de seu casamento independente de querer ficar com ele e se depois disso resolver procurá-lo, ela estaria livre.
Eva pensava nisso dia e noite. E era a realidade, seu casamento já tinha acabado e mesmo não tendo nada com Louis, o melhor era se separar de uma vez. Na teoria parecia fácil, mas na prática era diferente, não dava pra sair assim de um casamento de mais de 20 anos, mas também não conseguia ficar longe de sua paixão, mesmo sendo apenas amigos. Mas o que na verdade a mantinha perto dele era essa esperança que nutria em saber que ele também a amava e esperava sua decisão em se separar para viverem enfim um grande amor.
Louis, cada vez mais, dava sinais que também estava envolvido, mas jamais admitira, o porquê ela nunca teve certeza. Até que um belo dia, ele praticamente se entregou, ela então estava decidida, iria se separar de Gary e assumir seu amor com Louis, mas como sempre o destino jogou contra e os separaram mais uma vez e foi sério, o motivo fora o mesmo de antes, Gary, seu marido, mais uma vez desconfiado, descobriu que os dois ainda mantinham contato. Então Louis se afastou novamente e parecia ser pra sempre.
Parte 3 - O fim
Passou um mês e Eva resolveu procurar Louis, ainda acreditava que poderiam se acertar, no seu íntimo ela tinha certeza, pois fora assim das outras vezes, ele discreto e sabendo que ela sempre o procurava, esperava sempre na dele. Como não poderia deixar de ser diferente, a atitude de Louis foi a mesma de sempre, jogando toda a responsabilidade pra ela e falando coisas horrorosas a seu respeito. Eva tentou se defender, mas não adiantou. Diferente de outras vezes, ela aceitou calada, talvez isso fizesse Louis explodir. Sem motivo algum aparente, começou a dizer que nunca tinha a amada, que amava sua namorada e que jamais se interessaria por uma pessoa feita ela. O estranho foi que ela nunca insinuou isso, pra que então essa atitude? Sua justificativa foi que ela não desistira, insistira neste amor por também achar que ele estava envolvido, e sendo assim, ele quis deixar claro que não sentia nenhum amor por ela e agora depois dessa confusão toda, nem amizade mais queria, fazendo assim ela desistir desse amor louco, platônico e inventado. E ele estava completamente certo, era essa esperança que mantinha o sonho de Eva.
Mesmo ainda não acreditando que Louis tivesse falando a verdade, ela ficou na dúvida, será mesmo que se iludira, será que ele sempre quis somente amizade? Como citado antes, as atitudes de Louis não condiziam com que falara pra ela, era notório seu envolvimento, era quase explícito, pelo menos pra ela, que também tivesse completamente envolvido, os motivos pra que não se entregasse a esse amor que não estava claro, mas a dúvida permaneceu, pesou também o conselho e a percepção do amigo Joseph, que ela sempre se aconselhava e em mais uma conversa entre os dois, ele disse assim pra ela:
-Eva, é a última vez que falo isso pra você, ele não te ama e se amasse não falaria o que já falou nesse tempo todo e mesmo supondo que amasse, não é o homem pra você, se por algum acaso ficar com ele, qualquer briga se repetirá esse tipo de coisa que sempre fala pra você. Esqueça-o e vá resolver sua vida com seu marido.
Ela abaixou a cabeça e concordou.
Eva e Louis se falaram outra vez, o clima estava mais ameno, foi de certo ponto bom, este encontro selou a paz entre os dois, pois o que ela não queria é que esta relação terminasse com brigas, ódio ou raiva entre eles, parecia que tudo ficaria em paz novamente, mesmo com pouco contato entre os dois. Mas certa vez, Eva teve uma recaída e olhando o contato telefônico de Louis, ligou sem querer pra ele tarde da noite, ele não gostou muito, mas se conteve e pareceu que entendeu o incidente, mas uma semana depois ela repetiria o que fizeste, sem querer novamente, ela só queria ver sua foto, dessa vez Louis explodiu e voltou a falar um monte de besteiras a seu respeito. Eva engoliu tudo, não questionou quase nada. Neste momento ela viu que ele não era o homem que sonhara, por mais erros que tivesse cometido, não merecia tamanha humilhação. Tudo que ela tinha guardado dele, conversas, fotos, mensagens, apagou tudo, quis removê-lo da sua vida definitivamente e nunca mais o procurou, mas mesmo assim continuava amando-o.
Nesse meio tempo, eles se encontraram na rua, não se falaram e sequer se olharam. Ali Eva viu que não valeria a pena sofrer por este amor, mas por incrível que isso possa parecer, ela não o esquecia, no fundo ainda achava possível uma reaproximação, mas não teve a coragem de procurá-lo.
Passado um tempo concentrou-se na sua vida conjugal e como era de se esperar, separou-se, divorciou-se e hoje vive bem. Inúmeras vezes, ela pensou em procurar Louis, mas preferiu que ele a procurasse. Ele não a procurou, obviamente, seu orgulho jamais o deixaria fazer isso.
Seis meses depois, Eva descobriu que Louis estava de casamento marcado, ali foi o fim, acabara seu sonho, terminara seu delírio.
A última vez que tive com Eva foi no dia do casamento de Louis, ela com os olhos marejados disse pra mim:
-Queria que toda essa história fosse um livro, uma novela, um roteiro de cinema, assim poderia mudar o final, poderia escrever o final que sempre sonhei.
Olhei pra ela, tentando consolá-la, mas nenhuma palavra amiga me veio à cabeça, disse apenas que sentira muito. E ouvi-a falar baixinho:
- Acabou. É o fim da linha.