O que Deus uniu o destino não pode separar.
Estava com os chinelos nas mãos, a calça dobrada até os joelhos, e caminhava pelas areias da praia, sentindo a água do mar bater em minhas pernas.
Gostava de sentir aquela brisa fria em meu rosto pois me causava uma sensação de paz e liberdade, meus pensamentos viajavam, como se somente eu vivenciasse aquele movimento e que todo o resto permanecesse estático.
De repente, fui atingido no rosto por uma bola de vôlei e, sem perceber, já tinha invadido o espaço em que aquelas jovens estavam jogando.
Uma delas gritou:
— Nice, veja se ele está bem.
— Desculpe-me, você se machucou?
— Não, está tudo bem! Eu estava distraído, a culpa foi minha.
— Posso fazer algo por você? Nem me apresentei, meu nome é Nice.
— Eu sou Marcos.
Parei por alguns segundos para observar Nice. Nunca havia visto uma garota tão bonita quanto ela, com tanta graça, e fiquei hipnotizado com sua beleza.
— Ei, Marcos, você está bem mesmo?
— Desculpe, acho que vou me sentar um pouco, deve ser o sol.
— Pessoal, podem continuar o jogo sem mim, vou parar — disse Nice.
Fomos para um local onde havia algumas árvores e nos sentamos à sombra. Começamos a conversar e parecia que os assuntos não se esgotavam, emendávamos uma conversa atrás da outra como velhos conhecidos.
Quando nos demos conta, já haviam se passado algumas horas e decidimos nos despedir. Combinamos de nos encontrarmos às 20h em frente à barraca 21.
Embora não fosse alta temporada, a praia estava bastante movimentada. Ubatuba era assim mesmo, a beleza do lugar despertava o romantismo. Notei que, ao meu redor, haviam vários casais, todos alegres ao observar a lua, que mais parecia uma pintura. Seu reflexo no mar deixava um rastro prateado muito bonito.
Quando Nice chegou, estava ainda mais bonita, e eu não conseguia desviar o meu olhar. Ela vestia uma bermuda jeans com uma regata branca de seda que causava um contraste em sua pela bronzeada. Estava simplesmente linda.
Passeamos pela praia, começamos a nos conhecer e a cada descoberta eu me encantava mais. Nice era simplesmente maravilhosa.
Ela trabalhava em uma barraca na praia das Toninhas e, quando a fechava, dedicava boa parte de seu tempo a ajudar a mãe com artesanatos que seriam comercializados na alta temporada.
Nice levava uma vida muito simples e o seu sonho era se tornar uma advogada de sucesso. Para realizá-lo, economizava tudo que ganhava para pagar a faculdade.
Falei um pouco sobre minha vida, contando que morava em Minas Gerais e que estava ali para aproveitar as minhas férias, mas que logo retornaria à minha rotina para trabalhar no restaurante dos meus pais.
Levei-a para casa e combinamos um passeio no dia seguinte. Ela me disse que me apresentaria o lugar mais bonito da região. Cheguei por volta das 10h, e fomos de carro para Paraty. Almoçamos no La Luna, cuja comida era realmente fantástica.
Mais tarde, fomos à praia do Sono, lugar que nos proporcionou uma das visões mais bonitas de Paraty, conforme ela havia prometido.
Neste momento, não resisti e puxei-a para perto de mim, olhei em seus olhos e trocamos nosso primeiro beijo. Foi algo inesquecível, nossa paixão estava dando lugar a um sentimento mais forte e duradouro. No entanto, não deixei de perceber certa tristeza em seu olhar.
— Nice, gostei muito de estar com você nestes últimos dias.
— Marcos, eu também gostei.
— Você está triste porque minhas férias estão chegando ao fim?
— Isso não precisa acabar, a distância não pode ser um obstáculo entre nós.
— Vamos dar um jeito de fazer com que dê certo.
— Confie em mim.
E assim, inseparáveis, passamos os últimos dias das minhas férias com a certeza de que eu havia encontrado a mulher da minha vida. Nice também correspondia ao sentimento e acreditava que nosso amor seria para sempre.
Quando o fatídico dia de voltar para casa chegou, somente consegui entrar no carro rumo a Minas Gerais depois de muitas lágrimas, sabendo que estaríamos separados por quase oitocentos quilômetros de distância.
Passei a visitá-la em Ubatuba uma vez por mês. Chegava exausto da viagem, mas valia a pena revê-la, o encontro fazia com que minhas forças se renovassem e ficamos cada vez mais ligados um ao outro.
E foi assim durante cerca de um ano. Certa vez, resolvi visitá-la de carro por ter perdido o ônibus. O problema ocorreu no retorno para casa, quando, depois de dirigir por quase três horas, um caminhão desgovernado invadiu minha pista. Tudo aconteceu muito rápido e, quando tentei desviar, ele atingiu a traseira do meu veículo, que rodou e foi lançado para fora da pista de forma desgovernada, parando somente quando atingiu uma árvore.
O airbag não se abriu e, com o impacto, quebrei minha clavícula, bati com a cabeça na coluna lateral do carro e perdi meus sentidos.
Graças a Deus os paramédicos não demoraram a chegar, fui levado a um hospital em São Paulo, e Nice recebeu uma ligação sobre o acidente, pois em minha carteira havia uma foto com o seu telefone no verso. Quando atendeu à ligação, entrou em desespero. Ainda em pânico, avisou os meus pais sobre o acidente.
Já era quase noite quando Nice e os meus pais chegaram ao hospital, onde passaram a noite orando por minha vida. As notícias não eram boas e, devido ao hematoma em minha cabeça, os médicos estavam me mantendo em coma induzido.
Depois de uma semana de espera para que eu saísse do coma, Nice precisou retornar para Ubatuba. Afinal, precisava tocar seu trabalho, seus estudos e sua vida.
Vendo a tristeza de minha namorada, minha mãe prometeu que ligaria para ela todos os dias, para dar notícias. Permaneci em estado vegetativo durante três meses, até que finalmente despertei.
Fui transferido para o quarto, e meus pais foram imediatamente avisados. Com lágrimas nos olhos, custaram a acreditar que eu estava falando sem parar.
— Filho, graças a Deus você está bem.
— Mamãe, o que aconteceu? Não me lembro de nada.
— Marcos, fique calmo — disse meu pai — Você acabou de sair de um coma.
Minha mãe disse que precisava resolver algumas pendências, e, enquanto permaneci com meu pai, ele tentou explicar o que havia acontecido comigo.
Mamãe havia saído para dar notícias a Nice, que tomou um susto quando o telefone tocou:
— Nice, quem fala é Cristina, mãe do Marcos. Estou ligando para avisar que ele acordou.
Ao ouvir essas palavras, Nice começou a chorar de alegria.
— Dona Cristina, pegarei o primeiro ônibus que partir para São Paulo.
Quando Nice chegou ao hospital, D. Cristina a recebeu com um forte abraço:
— Venha, minha filha, vamos fazer uma surpresa ao Marcos.
Ao entrarem no quarto, fui surpreendido por minha mãe:
— Marcos querido, veja que veio visitá-lo.
Nice entrou no ambiente, e a fitei com um olhar indiferente:
— Mãe, quem é esta moça? Eu a conheço?
Nice ficou sem entender e pensou que aquela era uma brincadeira de Marcos, mas o médico explicou que em acidentes daquele tipo é normal que o paciente perca temporariamente a memória.
Assim que recebi alta, fomos para a casa de meus pais. Por mais que eles falassem sobre Nice, não conseguia me lembrar dela e, mesmo com as fotos que me mostravam, ela continuava a ser uma estranha para mim.
Como eu estava ferindo seus sentimentos, ela não conseguiu permanecer na casa dos meus pais e acabou voltando para Ubatuba. Ficamos separados por quase dois anos, minhas lembranças não voltaram e durante aquele período não me envolvi com nenhuma outra mulher.
Nice, inconformada com a situação, resolveu ligar para os meus pais e, juntos, traçaram um plano na tentativa de me fazer recordar nossa história.
Com tudo planejado, fomos todos para Ubatuba e encontramos Nice, com a desculpa de que ela seria nossa guia turística. Fizemos vários passeios e percorremos alguns lugares por onde havíamos passado antes.
Paramos na praia, assistimos a um jogo de vôlei que estava acontecendo naquele momento, e achei estranho, mas Nice nos deixou e foi jogar também.
Quando o passeio já estava ficando monótono, resolvi me levantar para ir embora e fui atingido em cheio por uma bola. Atordoado, minha visão ficou turva e quase perdi os sentidos. Conforme me recuperava, algumas cenas começaram a surgir em minha mente, flashes do passado e do presente se misturavam, foi como um clique que começou a revelar todas as memórias escondidas.
Nice se aproximou, perguntando se eu estava bem. Foi neste momento que reconheci sua face e a abracei. Juntos, choramos bastante, e então ela revelou o plano que havia traçado com meus pais.
Agradeço sempre a Deus pela insistência de Nice, graças a ela e aos meus pais consegui recobrar minhas lembranças. Temos planos para nos casar assim que ela terminar o curso de Direito. Nossa casa já está quase finalizada, faltando apenas a mobília. Tenho comigo a certeza de que Deus nos uniu e nada poderá mudar o nosso destino.
Estava com os chinelos nas mãos, a calça dobrada até os joelhos, e caminhava pelas areias da praia, sentindo a água do mar bater em minhas pernas.
Gostava de sentir aquela brisa fria em meu rosto pois me causava uma sensação de paz e liberdade, meus pensamentos viajavam, como se somente eu vivenciasse aquele movimento e que todo o resto permanecesse estático.
De repente, fui atingido no rosto por uma bola de vôlei e, sem perceber, já tinha invadido o espaço em que aquelas jovens estavam jogando.
Uma delas gritou:
— Nice, veja se ele está bem.
— Desculpe-me, você se machucou?
— Não, está tudo bem! Eu estava distraído, a culpa foi minha.
— Posso fazer algo por você? Nem me apresentei, meu nome é Nice.
— Eu sou Marcos.
Parei por alguns segundos para observar Nice. Nunca havia visto uma garota tão bonita quanto ela, com tanta graça, e fiquei hipnotizado com sua beleza.
— Ei, Marcos, você está bem mesmo?
— Desculpe, acho que vou me sentar um pouco, deve ser o sol.
— Pessoal, podem continuar o jogo sem mim, vou parar — disse Nice.
Fomos para um local onde havia algumas árvores e nos sentamos à sombra. Começamos a conversar e parecia que os assuntos não se esgotavam, emendávamos uma conversa atrás da outra como velhos conhecidos.
Quando nos demos conta, já haviam se passado algumas horas e decidimos nos despedir. Combinamos de nos encontrarmos às 20h em frente à barraca 21.
Embora não fosse alta temporada, a praia estava bastante movimentada. Ubatuba era assim mesmo, a beleza do lugar despertava o romantismo. Notei que, ao meu redor, haviam vários casais, todos alegres ao observar a lua, que mais parecia uma pintura. Seu reflexo no mar deixava um rastro prateado muito bonito.
Quando Nice chegou, estava ainda mais bonita, e eu não conseguia desviar o meu olhar. Ela vestia uma bermuda jeans com uma regata branca de seda que causava um contraste em sua pela bronzeada. Estava simplesmente linda.
Passeamos pela praia, começamos a nos conhecer e a cada descoberta eu me encantava mais. Nice era simplesmente maravilhosa.
Ela trabalhava em uma barraca na praia das Toninhas e, quando a fechava, dedicava boa parte de seu tempo a ajudar a mãe com artesanatos que seriam comercializados na alta temporada.
Nice levava uma vida muito simples e o seu sonho era se tornar uma advogada de sucesso. Para realizá-lo, economizava tudo que ganhava para pagar a faculdade.
Falei um pouco sobre minha vida, contando que morava em Minas Gerais e que estava ali para aproveitar as minhas férias, mas que logo retornaria à minha rotina para trabalhar no restaurante dos meus pais.
Levei-a para casa e combinamos um passeio no dia seguinte. Ela me disse que me apresentaria o lugar mais bonito da região. Cheguei por volta das 10h, e fomos de carro para Paraty. Almoçamos no La Luna, cuja comida era realmente fantástica.
Mais tarde, fomos à praia do Sono, lugar que nos proporcionou uma das visões mais bonitas de Paraty, conforme ela havia prometido.
Neste momento, não resisti e puxei-a para perto de mim, olhei em seus olhos e trocamos nosso primeiro beijo. Foi algo inesquecível, nossa paixão estava dando lugar a um sentimento mais forte e duradouro. No entanto, não deixei de perceber certa tristeza em seu olhar.
— Nice, gostei muito de estar com você nestes últimos dias.
— Marcos, eu também gostei.
— Você está triste porque minhas férias estão chegando ao fim?
— Isso não precisa acabar, a distância não pode ser um obstáculo entre nós.
— Vamos dar um jeito de fazer com que dê certo.
— Confie em mim.
E assim, inseparáveis, passamos os últimos dias das minhas férias com a certeza de que eu havia encontrado a mulher da minha vida. Nice também correspondia ao sentimento e acreditava que nosso amor seria para sempre.
Quando o fatídico dia de voltar para casa chegou, somente consegui entrar no carro rumo a Minas Gerais depois de muitas lágrimas, sabendo que estaríamos separados por quase oitocentos quilômetros de distância.
Passei a visitá-la em Ubatuba uma vez por mês. Chegava exausto da viagem, mas valia a pena revê-la, o encontro fazia com que minhas forças se renovassem e ficamos cada vez mais ligados um ao outro.
E foi assim durante cerca de um ano. Certa vez, resolvi visitá-la de carro por ter perdido o ônibus. O problema ocorreu no retorno para casa, quando, depois de dirigir por quase três horas, um caminhão desgovernado invadiu minha pista. Tudo aconteceu muito rápido e, quando tentei desviar, ele atingiu a traseira do meu veículo, que rodou e foi lançado para fora da pista de forma desgovernada, parando somente quando atingiu uma árvore.
O airbag não se abriu e, com o impacto, quebrei minha clavícula, bati com a cabeça na coluna lateral do carro e perdi meus sentidos.
Graças a Deus os paramédicos não demoraram a chegar, fui levado a um hospital em São Paulo, e Nice recebeu uma ligação sobre o acidente, pois em minha carteira havia uma foto com o seu telefone no verso. Quando atendeu à ligação, entrou em desespero. Ainda em pânico, avisou os meus pais sobre o acidente.
Já era quase noite quando Nice e os meus pais chegaram ao hospital, onde passaram a noite orando por minha vida. As notícias não eram boas e, devido ao hematoma em minha cabeça, os médicos estavam me mantendo em coma induzido.
Depois de uma semana de espera para que eu saísse do coma, Nice precisou retornar para Ubatuba. Afinal, precisava tocar seu trabalho, seus estudos e sua vida.
Vendo a tristeza de minha namorada, minha mãe prometeu que ligaria para ela todos os dias, para dar notícias. Permaneci em estado vegetativo durante três meses, até que finalmente despertei.
Fui transferido para o quarto, e meus pais foram imediatamente avisados. Com lágrimas nos olhos, custaram a acreditar que eu estava falando sem parar.
— Filho, graças a Deus você está bem.
— Mamãe, o que aconteceu? Não me lembro de nada.
— Marcos, fique calmo — disse meu pai — Você acabou de sair de um coma.
Minha mãe disse que precisava resolver algumas pendências, e, enquanto permaneci com meu pai, ele tentou explicar o que havia acontecido comigo.
Mamãe havia saído para dar notícias a Nice, que tomou um susto quando o telefone tocou:
— Nice, quem fala é Cristina, mãe do Marcos. Estou ligando para avisar que ele acordou.
Ao ouvir essas palavras, Nice começou a chorar de alegria.
— Dona Cristina, pegarei o primeiro ônibus que partir para São Paulo.
Quando Nice chegou ao hospital, D. Cristina a recebeu com um forte abraço:
— Venha, minha filha, vamos fazer uma surpresa ao Marcos.
Ao entrarem no quarto, fui surpreendido por minha mãe:
— Marcos querido, veja que veio visitá-lo.
Nice entrou no ambiente, e a fitei com um olhar indiferente:
— Mãe, quem é esta moça? Eu a conheço?
Nice ficou sem entender e pensou que aquela era uma brincadeira de Marcos, mas o médico explicou que em acidentes daquele tipo é normal que o paciente perca temporariamente a memória.
Assim que recebi alta, fomos para a casa de meus pais. Por mais que eles falassem sobre Nice, não conseguia me lembrar dela e, mesmo com as fotos que me mostravam, ela continuava a ser uma estranha para mim.
Como eu estava ferindo seus sentimentos, ela não conseguiu permanecer na casa dos meus pais e acabou voltando para Ubatuba. Ficamos separados por quase dois anos, minhas lembranças não voltaram e durante aquele período não me envolvi com nenhuma outra mulher.
Nice, inconformada com a situação, resolveu ligar para os meus pais e, juntos, traçaram um plano na tentativa de me fazer recordar nossa história.
Com tudo planejado, fomos todos para Ubatuba e encontramos Nice, com a desculpa de que ela seria nossa guia turística. Fizemos vários passeios e percorremos alguns lugares por onde havíamos passado antes.
Paramos na praia, assistimos a um jogo de vôlei que estava acontecendo naquele momento, e achei estranho, mas Nice nos deixou e foi jogar também.
Quando o passeio já estava ficando monótono, resolvi me levantar para ir embora e fui atingido em cheio por uma bola. Atordoado, minha visão ficou turva e quase perdi os sentidos. Conforme me recuperava, algumas cenas começaram a surgir em minha mente, flashes do passado e do presente se misturavam, foi como um clique que começou a revelar todas as memórias escondidas.
Nice se aproximou, perguntando se eu estava bem. Foi neste momento que reconheci sua face e a abracei. Juntos, choramos bastante, e então ela revelou o plano que havia traçado com meus pais.
Agradeço sempre a Deus pela insistência de Nice, graças a ela e aos meus pais consegui recobrar minhas lembranças. Temos planos para nos casar assim que ela terminar o curso de Direito. Nossa casa já está quase finalizada, faltando apenas a mobília. Tenho comigo a certeza de que Deus nos uniu e nada poderá mudar o nosso destino.