O Lago Dos Cisnes-PARTE 1

Ás vezes , antes de dormir de olhos abertos , ele ainda pensava nela. Quase não se falaram nos últimos dias infindáveis de outono.

Mas sempre o ritualístico ético e cordial : - Bom dia !

E depois , quando possível , de longe algum olhar de esguelha ,

seguido de uma estranha sensação de reticências na boca.

Muitíssima gente comentava que talvez , ele a estivesse esquecido...

Mas no fundo de cada alma existem tesouros inescrutáveis ,

ocultos e imperceptíveis, e certamente as mais das vezes revelam :

o que se cala pode ter maior intensidade do que aquilo que se diz!

A história deles não possuía no âmago, as características estruturais

ou o perfil dos leitores que avidamente suspiram por romances tórridos de finais felizes - Porém, quixotescamente era shakespeariano.

Nem as situações de início que enredam ambos, estavam presas

ao pensamento claro e articulado de um modo pleno e coerente.

Mas nos fazia contemplar e sentir algo diferente.

Nos desafiando a não somente olhar para o que todos poderiam ver,

e sim, enxergar um horizonte único, intrínseco e diferente.

Havia algo entre os dois , algo mais poderosos que todos os exércitos !

Absolutamente, ela sempre refletiu nele um efeito provocativo.

Metaforicamente, ventania súbita que arranca todas as roupas

do varal inocente , rendido e agora completamente desnudo !

Comparação esdrúxula ? Talvez tenham razão.

Mas não existia linguagem ideal ou adequada para explicitar

a visão magnífica, eviterna e materializada dela !

O fato de ser assim, causava fascínio e deslumbramento.

Além da lisura espontânea do franco sorriso perturbador.

Até o jeito dela singular, de falar o nome dele, como alguém

que morde paulatinamente a carnação frutuosa da maçã,

revelava, sem dúvida, que ela era extralinguística.

CARLOS HENRIQUE MATTOS
Enviado por CARLOS HENRIQUE MATTOS em 23/06/2015
Reeditado em 17/07/2015
Código do texto: T5287293
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