pequenos detalhes

Era uma manhã de inverno, bem cedo e eu já podia sentir a umidade abraçar meu rosto, mas isso não impedia de continuar minha rotina, como sempre, tomei meu café da manhã e fui dar uma volta no parque, dessa vez não tinha esquecido meu guarda-chuva.

O parque ainda estava vazio, de vez em quando passava algumas pessoas caminhando, mas era muito raro, sentei em um dos bancos de madeira, abri meu livro e me perdi nas paginas, pouco tempo depois fui subitamente arrancado do meu conto por uma jovem inquieta, de todos os bancos da praça ela resolveu justamente sentar ao meu lado, resolvi tirar um pouco os olhos do livro e olhei para ela, seu cabelo um pouco ruivo, parecia natural, sua pele pálida e sua boca misteriosamente num tom de cereja.

Ela colocou o cabelo meticulosamente atrás da orelha, me olhando de relance ela falou: “Muito bom o livro, mas o casal não fica juntos no final e o mundo que eles criaram não existia de verdade”. Fechei o livro propositalmente para mostrar minha indignação, foi quando começou a chover. Abri meu guarda-chuva me levantei e sai caminhando normalmente, olhei para trás e a jovem estava encolhida no banco, com os braços sob o peito, me virei por completo e a convidei para ficar debaixo do meu guarda-chuva.

Ela veio correndo cuidadosamente para não escorregar, se aninhou ao meu lado, ela era um pouco mais baixa do que eu, olhou para mim e esboçou um sorriso, um grande e sincero sorriso de agradecimento, não precisava mais de nenhuma palavra.

A chuva parou e ela simplesmente foi embora, perguntei em voz alta se ela voltaria, ela apenas respondeu: “Quem sabe um dia” com aquele sorriso que me cativou, e enfim partiu. Chegando em casa larguei o livro em cima da minha velha escrivaninha, não quis ler novamente, a jovem e bela moça já havia estragado ele.

Voltei lá no outro dia, e nos outros dias seguintes, passou o inverno,a primavera, verão e o outono, passaram-se anos, eu sentava no mesmo banco, esperando a mesma jovem que agora já não estaria tão jovem assim. Chegando em casa mexendo na minha escrivaninha, achei um livro antigo, as paginas já amareladas, limpei a poeira da capa e percebi que era o livro que eu havia largado há muito tempo, limpei ele cuidadosamente e decidi que iria terminar de lê-lo no outro dia.

No dia seguinte, peguei o livro e o meu guarda-chuva e fui para o parque, sentei no banco de sempre e comecei a ler, uma senhora muito curiosa sentou ao meu lado, sorriu para mim e disse: “Muito bom o livro, mas o casal não fica juntos no final e o mundo que eles criaram não existia de verdade”. Sorri para ela no momento que começou a chover, abri meu guarda-chuva e a convidei para compartilhá-lo, ela balançou a cabeça para mim, sorriu e disse: “Dessa vez não esqueci o meu

leandro egidio
Enviado por leandro egidio em 21/06/2015
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