Johnny Darwin - Capítulo 1
 
   Estava em meu quarto concentrado sobre a escrivaninha, a chuva descia forte nos telhados de Barcelona, em uma das mãos estava minha velha caneta esferográfica  e na outra bolas de folhas amassadas contendo ideias que já não serviam mais.
   Meu sonho sempre foi me tornar um escritor, daqueles conhecidos mundialmente, com vários livros publicados e amado por diversos fãs. Ah, quantas vezes sonhei acordado com tudo isso.
   Aos vinte e três anos esse talvez não fosse mais um sonho tão acessível, afinal eu já havia começado a fazer diversos cursos para aprimorar minha escrita mas em nenhuma editora meus originais eram aceitos. Nunca me interessei pelas universidades, lia as listas de cursos todos os anos sem encontrar algum ao qual me identificasse, meus pais me ajudavam como podiam mas já era hora de eu conseguir me virar sozinho.
   Chloê era minha vizinha, alugava o apartamento ao lado, era o destino me pregando peças. Sempre fui apaixonado por ela, desde que nos conhecemos na escola, seus olhos verdes me faziam sonhar, enquanto queria percorrer meus dedos entre seus cachos castanhos, sem falar é claro, de seus lindos lábios sempre com um tom avermelhado.
   Mas por  ironia do amor, nunca fui capaz de chamar sua atenção, ela mesmo só notou que eu era seu novo vizinho dois meses depois de me mudar para o prédio. O amor nem sempre é doce, mas com o passar do tempo pode se tornar o melhor dos sabores.
   Acreditava que um dia poderia conseguir conquistá-la e finalmente chamar sua atenção. Comecei a deixar pequenos bilhetes debaixo de sua porta, com algumas frases que eu escrevia, em cada um deles deixava uma letra ao final, era sempre uma de meu nome, Johnny Darwin, quem sabe ela conseguisse descobrir isso sozinha, caso não iria desistir de vez.
   Semanas se passavam e ideias surgiam, mas meus pensamentos não ajudavam, enquanto tentava me concentrar ouvi um barulho vindo do corredor. Chloê estava parada em frente a porta, com algumas caixas de sapatos caídas ao chão, suas bochechas avermelhadas e um olhar perdido enquanto eu me aproximava.
-Olá, posso ajudar? – perguntei.
-Oi, ah, obrigada, eu acabei me inclinando demais.
-Belos modelos, você gosta de vermelho. – falei enquanto olhava para seu salto alto e o batom em seus lábios.
-É, sempre fui apaixonada, vermelho é a cor do amor, do pecado.. – ela se envergonhou mais ainda.
-É minha cor favorita também.
-Bom, obrigada de novo Johnny, já te falei que seus olhos azuis são lindos?
-Não, mas obrigado. É sempre bom ouvir elogios.
 
 

 
 
  
  
 
 
 
 
Johan Henryque
Enviado por Johan Henryque em 13/06/2015
Reeditado em 15/08/2016
Código do texto: T5276409
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