Nunca é tarde...

Dona América, era uma mulher de fibra, educadora, respeitada e referência no cenário da educação na cidade; seu marido, o seu Afrânio, fazendeiro, homem de peso, também respeitado. Ambos descendentes de famílias de certa tradição na cidade.

Tiveram oito filhos e mais uma adotiva. Viveram mais de 60 anos de casados, formavam uma família de peso na cidade, com muitas posses e também de sobrenome de respeito.

Comemoram-se as bordas de diamante, foi uma festa e tanto. Desfrutavam de muito amigos, conhecidos e assim, a festa foi de muito comentada.

Pouco tempo depois, o seu Afrânio veio a falecer. Todos ficavam a se perguntar, como que a dona América iria fazer dali pra frente, sem o seu companheiro.

Não passou muito tempo – talvez pouco mais de um ano - da morte do seu Afrânio, chega a notícia que a dona América iria se casar novamente. Foi àquele comentário...os filhos não aceitavam, etc e tal.

Mas dona América, aparentemente submissa aos dogmas do casamento, era uma mulher independente, forte. Sabia muito bem o que queria da vida. Não se deixava impressionar, nem se intimidar, pela pressão dos filhos ou outrem qualquer. Honrou as suas juras de fidelidade, diante do altar ou como queira, honrou o seu casamento até seu marido partir desta vida.

Certo dia, um sete de setembro, encontro com a dona América parada numa esquina... parecia um pouco apreensiva.

Conhecedor da sua pessoa, perguntei se estava tudo bem, pois parecia preocupada, ela me respondeu;

- Estou esperando meu amor...

De início levei um pequeno susto, mas já sabedor da notícia, logo me refiz.

Foi aí que percebi que a sua inquietação não era de preocupação com algum problema e sim, a ansiedade do coração pela demora do seu amor chegar.

E continuou,

- Vou me casar novamente e desde de já, você está convidado, vai ser uma cerimônia simples.

Vou casar com o amor da minha vida. A gente já se gostava antes mesmo de eu me casar, mas a vida nos desviou do outro.

Sabe-se que o pretendente também ficara viúvo já algum tempo.

O Amor verdadeiro é assim: é para sempre.

Nunca é tarde para ser feliz.