Eu estava cansada e exausta de tanta luta, tanta correria, ansiava por mais tempo no meu dia. Minha rotina era uma verdadeira loucura, alguns me perguntavam se eu era gente de verdade ou um robô. Tinha que dar conta da minha realização profissional, casa, filhos, marido, imprevistos, dificuldades e desafios constantes.
Certo dia resolvi assistir à orquestra sinfônica no teatro Nacional, sozinha, desfrutando da paz que ultimamente almejava fervorosamente, sentei-me logo na primeira fileira, dali eu apreciava a harmonia e a perfeita sintonia dos músicos.
Um fato curioso chamou-me atenção, um violinista destoava na aparência dos outros músicos, ele tinha algo a mais, um brilho diferente nos olhos, uma suavidade impar nos gestos e uma singela expressão, passei todo o tempo admirando aquela beleza rara e angelical. Ao término do concerto, quando deixava o teatro fui surpreendida com uma suave mão segurando o meu ombro e para minha surpresa deparei-me com aquele anjo de beleza singular, fiquei perplexa com a agilidade que me alcançara.
Encaramos-nos por alguns segundos e aqueles olhos azuis me fizeram mergulhar num mar de tranquilidade movida pelas quatro estações de Vivaldi.
Minutos depois estávamos em um Café próximo ao teatro, conversando como se nos conhecêssemos há muito tempo.
Abordamos diversos assuntos, mas infalivelmente predominou a minha luta e o meu cansaço.
Quando eu estava profundamente envolvida falando dos meus problemas, senti sua mão sobre a minha e com uma voz branda me interrompeu dizendo:
- Larga tudo e vem comigo.
Meu coração acelerou, senti um calor em meu rosto, minhas mãos aquecidas pelo calor das mãos dele, um tremor no meu corpo. E ele insistiu:
-Não tenha medo, vem comigo para um lugar tranquilo.
Joseph,assim era seu nome, me abraçou e me envolveu no calor do seu corpo. Fechei os olhos e encostei minha cabeça em seu peito e sem dizer uma palavra fechei os olhos consentindo o pedido.
Inacreditavelmente quando abri meus olhos estava em um lindo lugar, de gramado verdinho contrastando com o colorido das flores, predominando o amarelo e branco das margaridas, mesclando com as violetas e lírios de diversas cores. O céu estava completamente azul, uma brisa fresca acariciava meu rosto e um perfume suave envolvia o ambiente. Dali eu podia escutar harmonicamente diversos violinos. Fui tomada por um profundo sentimento de paz, me sentia leve e livre da tormenta da minha rotina diária.
Joseph me apresentou a todos que ali viviam. Era uma espécie de comunidade e todos viviam em perfeita harmonia e sintonia como se fizessem parte de uma orquestra. Crianças, animais, homens, mulheres, pássaros, Ipês floridos em diversas cores, árvores frutíferas, cisnes, eram tão integrados, que a sensação é que constituíam um só corpo.
Joseph era tão gentil e carinhoso, seu olhar me acalentava e eu me sentia plena em sua companhia.
Passaram-se dias, e eu estava no verdadeiro paraíso, totalmente entregue àquela sensação de paz e harmonia interior.
Passava o dia ouvindo o som dos violinos, contemplando a natureza, apreciando o sorriso inocente das crianças, a beleza das pessoas que ali habitavam. Era tudo tão perfeito...
O amor, respeito, harmonia, predominavam entre as pessoas.
Mas subitamente fui tomada por um enorme vazio em meu peito.
Saudade do meu marido, dos meus filhos, da minha casa, do meu trabalho.
E eu passei a me sentir como um peixe fora d’água. Eu precisava do meu oxigênio, da minha família, da minha vida.
Eu não suportava mais tanta perfeição e a melancolia foi tomando conta do meu coração.
Chorava compulsivamente dia e noite com saudade da minha família.
Joseph não sabia mais o que fazer para alegrar meu coração, o som do seu violino me irritava profundamente e a tristeza me consumia a cada dia.
Eu estava sentada à beira do lago com olhar perdido,quando Joseph se aproximou e me abraçou, com a sua voz branda disse:
- Não tenha medo, feche seus olhos e se entregue a este momento, senti o calor dos seus braços.
Quando abri os olhos estava nos braços do meu marido que me acalmava, perguntando se eu estava tendo um pesadelo.
Olhei pra ele e disse que o amava muito, saí da cama e fui ao quarto de cada filho beijá-los.
Como eu estava grata por ter a minha vida de volta. Naquele momento eu percebi que tudo tinha que ser do jeito que era e que nada poderia ser diferente na minha vida.
Naquela manhã, senti a brisa no meu rosto e tive certeza absoluta de que vivemos num mar de ilusão, querendo sempre mais do que temos e não estamos preparados para a perfeição, porque somos imperfeitos, atingiremos a perfeição gradativamente dentro do nosso próprio tempo, que pode levar alguns milhões de anos.
Certo dia resolvi assistir à orquestra sinfônica no teatro Nacional, sozinha, desfrutando da paz que ultimamente almejava fervorosamente, sentei-me logo na primeira fileira, dali eu apreciava a harmonia e a perfeita sintonia dos músicos.
Um fato curioso chamou-me atenção, um violinista destoava na aparência dos outros músicos, ele tinha algo a mais, um brilho diferente nos olhos, uma suavidade impar nos gestos e uma singela expressão, passei todo o tempo admirando aquela beleza rara e angelical. Ao término do concerto, quando deixava o teatro fui surpreendida com uma suave mão segurando o meu ombro e para minha surpresa deparei-me com aquele anjo de beleza singular, fiquei perplexa com a agilidade que me alcançara.
Encaramos-nos por alguns segundos e aqueles olhos azuis me fizeram mergulhar num mar de tranquilidade movida pelas quatro estações de Vivaldi.
Minutos depois estávamos em um Café próximo ao teatro, conversando como se nos conhecêssemos há muito tempo.
Abordamos diversos assuntos, mas infalivelmente predominou a minha luta e o meu cansaço.
Quando eu estava profundamente envolvida falando dos meus problemas, senti sua mão sobre a minha e com uma voz branda me interrompeu dizendo:
- Larga tudo e vem comigo.
Meu coração acelerou, senti um calor em meu rosto, minhas mãos aquecidas pelo calor das mãos dele, um tremor no meu corpo. E ele insistiu:
-Não tenha medo, vem comigo para um lugar tranquilo.
Joseph,assim era seu nome, me abraçou e me envolveu no calor do seu corpo. Fechei os olhos e encostei minha cabeça em seu peito e sem dizer uma palavra fechei os olhos consentindo o pedido.
Inacreditavelmente quando abri meus olhos estava em um lindo lugar, de gramado verdinho contrastando com o colorido das flores, predominando o amarelo e branco das margaridas, mesclando com as violetas e lírios de diversas cores. O céu estava completamente azul, uma brisa fresca acariciava meu rosto e um perfume suave envolvia o ambiente. Dali eu podia escutar harmonicamente diversos violinos. Fui tomada por um profundo sentimento de paz, me sentia leve e livre da tormenta da minha rotina diária.
Joseph me apresentou a todos que ali viviam. Era uma espécie de comunidade e todos viviam em perfeita harmonia e sintonia como se fizessem parte de uma orquestra. Crianças, animais, homens, mulheres, pássaros, Ipês floridos em diversas cores, árvores frutíferas, cisnes, eram tão integrados, que a sensação é que constituíam um só corpo.
Joseph era tão gentil e carinhoso, seu olhar me acalentava e eu me sentia plena em sua companhia.
Passaram-se dias, e eu estava no verdadeiro paraíso, totalmente entregue àquela sensação de paz e harmonia interior.
Passava o dia ouvindo o som dos violinos, contemplando a natureza, apreciando o sorriso inocente das crianças, a beleza das pessoas que ali habitavam. Era tudo tão perfeito...
O amor, respeito, harmonia, predominavam entre as pessoas.
Mas subitamente fui tomada por um enorme vazio em meu peito.
Saudade do meu marido, dos meus filhos, da minha casa, do meu trabalho.
E eu passei a me sentir como um peixe fora d’água. Eu precisava do meu oxigênio, da minha família, da minha vida.
Eu não suportava mais tanta perfeição e a melancolia foi tomando conta do meu coração.
Chorava compulsivamente dia e noite com saudade da minha família.
Joseph não sabia mais o que fazer para alegrar meu coração, o som do seu violino me irritava profundamente e a tristeza me consumia a cada dia.
Eu estava sentada à beira do lago com olhar perdido,quando Joseph se aproximou e me abraçou, com a sua voz branda disse:
- Não tenha medo, feche seus olhos e se entregue a este momento, senti o calor dos seus braços.
Quando abri os olhos estava nos braços do meu marido que me acalmava, perguntando se eu estava tendo um pesadelo.
Olhei pra ele e disse que o amava muito, saí da cama e fui ao quarto de cada filho beijá-los.
Como eu estava grata por ter a minha vida de volta. Naquele momento eu percebi que tudo tinha que ser do jeito que era e que nada poderia ser diferente na minha vida.
Naquela manhã, senti a brisa no meu rosto e tive certeza absoluta de que vivemos num mar de ilusão, querendo sempre mais do que temos e não estamos preparados para a perfeição, porque somos imperfeitos, atingiremos a perfeição gradativamente dentro do nosso próprio tempo, que pode levar alguns milhões de anos.