A caminho do paraíso

Uma jovem moça estava ali, bem aqui na minha frente, a única coisa que nos separava era um trilho de trem, aquela linda moça desconhecida de cabelo negro como a escuridão, com sua pele branca e bochechas rosadas de uma forma que nunca vi. Sua boca era mais do que perfeita, parecia ter sido esculpida por um anjo e ter sido feita especialmente para ela e ninguém no mundo poderia ter algo parecido com seus lábios. O que mais chamava a atenção eram seus olhos, azuis, mas um azul que eu nunca tinha visto antes, um azul que dava um significado totalmente para aquela frase "a linda garota de olhos azuis", porém, junto com eles, haviam lágrimas e no fundo eu conseguia ver um tom de tristeza e cansaço. Ela estava próxima dos trilhos e percebeu que lá do outro lado da plataforma barulhenta e cheia de pessoas, havia alguém observando atentamente, este alguém era eu. Ficamos trocando longos olhares por um tempo.

O barulho se aproximava, era um trem, pela sua velocidade era nítido que ele não iria parar naquela estação. Uma lágrima escorreu do rosto da jovem, ainda me olhando ela deu mais um pequeno passo para a ponta da plataforma, mais um pouco, cairia nos trilhos. Foi exatamente neste instante que eu percebi que era exatamente isso que ela queria.

Mais uma lágrima, mas dessa vez não dela, mas uma lágrima minha. O barulho ficava cada vez mais forte, e a moça engoliu suas lágrimas e deu mais um pequeno passo para frente. Agora sim ela estava na beirada do precipício e eu apenas parado fitando ela com meus olhos cheios de lágrimas.

Veio a luz, a ponta do trem apareceu. Ela fez uma cara de adeus e uma lágrima escapou de seus olhos, e ela deu o passo final para entrar no trilho. Eu corri. Pulei de um lado da plataforma para o outro e consegui agarrar ela a tempo e tirá-la dos trilhos. Puxei-a para perto de mim. O trem passou raspando em seus belos fios negros de cabelo. Ela me abraçou com toda força que restava e juntos choramos por um longo tempo. Ela não queria desabafar com psicólogos ou psiquiatras. Ela não queria ser dopada com milhares de antidepressivos e passar a vida quase como um vegetal...tudo o que ela queria era apenas um abraço, mas esse abraço, rendeu mais que a salvação de sua vida, mas a minha também, pois ela não sabia que minha intenção naquela noite era fazer exatamente a mesma coisa.

Hoje eu e ela estamos juntos segurando nossas lágrimas que voltaram, mas essa lágrimas não são nenhum pouco de tristeza. Está aí na nossa frente um lindo bebê de olhos azuis iguais aos da mãe e de delicados fios de cabelo loiro que vieram da parte do pai, com aquela boca pequenina e perfeita. Estava ali, na minha frente, na nossa frente, nosso primeiro filho. Eu a abracei, ela me abraçou, abraçamos nosso filho. Caímos em lágrimas de felicidade. O lindo bebê que antes chorava, já não chora mais, pois tudo o que ele precisava, era de um abraço.

Emit
Enviado por Emit em 31/05/2015
Reeditado em 01/06/2015
Código do texto: T5261943
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