814-A POESIA DE NOSSO AMOR-4o. cap. de "Amor Sem Limites"

4º. Da Série “Amor sem Limites”

Memorável ano de 1954 !

Cheio de eventos e situações que vieram dar novo significado e reforçar o romance de amor que Enny e eu já estávamos vivendo. Mudanças importantes que ocorreram durante todo o ano, algumas provocadas por nós dois quando o namoro se firmou e o amor veio morar definitivamente em nossos corações. Outras mudanças, de ordem prática, que iriam alterar totalmente as formas e os meios de nosso relacionamento.

Enny, linda jovem intelectual e prática, era também sensível, artista de teatro, musicista e poetisa. Disse “era”, mas devo retificar: continuou sendo e ainda é, hoje, claro, com mais conhecimento, mais vivência, que lhe aumentaram o conhecimento e afinaram a sensibilidade.

Foi Enny quem inspirou na criação de A POESIA DE NOSSO ROMANCE, um caderno onde colecionamos mais de uma centena de sonetos de amor.

Em meados do ano começamos uma troca de sonetos de amor dos grandes poetas brasileiros.

Confesso que eu era dado à leitura, sempre fui um rato de biblioteca, um leitor inveterado, mas a poesia não era o meu forte. Induzido pela sensibilidade de Enny, acabei escrevendo alguns sonetos de amor, um atrevimento ante à qualidade da poesia da minha musa.

Em nosso álbum de poesias fomos transcrevendo Olavo Bilac, Alphonsus Guimarães, Vicente de Carvalho, J. G. de Araújo Jorge, Beatriz de Carvalho, entre outros.

Assim foi combinado: Enny escrevia um soneto, e eu respondia. Como nos encontrávamos quase que diariamente, o ÁLBUM ia e vinha, sempre acrescido de novos poemas de amor.

Como abertura ou préfacio do álbum, escrevi:

“Enny:

Esta é a poesia do nosso romance. Neste Caderno deixaremos que a poesia cante a beleza, o encanto e a alegria de nosso namoro. Será esta coletânea de poesias amorosas o primeiro fruto de nosso amor juvenil.

Nada há de mais belo no Mundo que dois jovens que se compreendem e jamais houve na Terra tão mútua compreensão como a nossa.

Por isso mesmo, a poesia que este caderno contiver será a expressão fiel de nossos sentimentos.

Façamos deste álbum o depositário de poesias que traduzam nosso sincero Amor.

Gobbinho “

A princípio foram transcrições de sonetos famosos e a primeira transcrição, feita por Enny em sua letra reveladora de uma alma sensível e artística, data de seis de julho de 1954: “Velho Tema”, de Vicente de Carvalho, muito divulgado então. Em seguida, copiei “Sonhar e Despertar”, de Basílio Constantino, que ela replicou com o famoso “Ouvir Estrelas” de Olavo Bilac.

Lemos dezenas de poemas para selecionar aqueles que mereciam ser transcritos em nosso ALBUM. De tanto ler e transcrever poesias, passamos a escrever nossos sonetos, pequenos peças poéticas e acrósticos sobre no romance de amor.

Um dos primeiros escritos por Enny era assim:

COISAS DO AMOR

Vi-te um dia, olhavas atento o infinito

Como a contemplar algo que eu não divisei

Julguei-te longe, se bem que perto estavas

Pois nem percebeste quando por ti passei.

Pensavas, talvez, noutro amor a quem amavas.

Fui triste andando pela rua a meditar

E sem que eu quisesse, não pude me conter

Chorei bem baixinho, comecei a soluçar.

Mas ah! O amor tem sempre seus momentos

De dor, de alegrias e sofrimentos.

Pois quando a pensar assim estava

Eis que surge meu príncipe encantado

E diz-me num tom de ternura pontilhado:

“Amor, com você, a pouco em sonhava”

Meus versos careciam de métrica e a rima era pobre, mas mesmo assim me aventurava na seara dos poetas. Tudo em nome do Amor!

QUE IMPORTA OS SONHOS?

Pela colina íamos subindo

De mãos dadas. E prá mim olhavas

Sempre sorrindo

Eu te fitava, amando, sim.

Pelas margens da estrada

A primavera explodia

E vi que tu, ficando parada

De flores teus braços enchias.

Depois tu correste alegre

Convidando-me a brincar

Alcancei-te e foi-me entregue

O ramalhete de flores, impar.

Tomei-te em meus braços

E o sonho findou, acordei.

Mas que importa os sonhos?

Se tu me amas e sempre te amei?

E assim fomos descrevendo nosso namoro com versos, rimas e inspiração.

Momentos de felicidade gravados em nossos corações como as mais belas lembranças de amor.

ANTONIO ROQUE GOBBO

Belo Horizonte, 27 de novembro de 2013

Conto # 814 da série Milistórias

Contos da Série “Amor Sem Limites”

# 807 - Amor à Primeira Vista

# 810 - Amor Platônico

# 813 - Amor de Namorados

# 814 - A Poesia de nosso Amor

# 827 - O Primeiro Adeus

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 30/05/2015
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