Melissa e o mar

Melissa considerava o mar como um amigo, um pai e até um irmão. Ela sempre procurava estar próxima dele. Essa proximidade era possível por que ela nasceu em uma vila de pescadores que ficava perto do mar.

A vida de Melissa não era fácil. Sua mãe havia morrido quando ela era apenas um bebê e seu pai não a tratava bem. O homem era um pescador que quando não estava pescando estava bebendo umas cervejas baratas que tinha na região. Para ele a filha era invisível. Em meio a indiferença e ao desprezo do pai a menina cresceu.

Melissa buscava refúgio no mar. Desde de muito pequena ele sempre foi seu amigo. Ela falava sozinha enquanto andava pela praia e contava ao mar as suas dores, acreditava que o vento que batia em seu rosto levaria seus problemas para longe e que o mar entenderia. Com o passar do tempo essa amizade virou, digamos, um namoro. Ela sentia que o mar nunca iria a trair e havia entregado seu coração para ele. De alguma forma Melissa também sentia que o mar a amava.

A volta para casa sempre era o mais difícil para a menina. Ela se sentia abandonada longe do mar e perto do pai. Seu pai estava a cada dia mais irritado, a pescaria não estava sendo boa e ele acabava descontando na pobre filha. Melissa por um lado sentiu falta de quando era invisível, era melhor ser invisível do que ser maltratada.

Seus dias eram cada vez mais difíceis, seu pai estava cada vez mais violento, ele passou a bater nela. Muitas vezes após as surras ela corria para perto do mar e se jogava em suas águas. Apesar de o sal da água doer em seus machucados físicos, a mesma água acalmava a sua alma.

Um dia após uma surra mais forte ela correu novamente para o seu amigo/namorado mar. Só que dessa vez a menina estava mais fraca e acabou se afogando, ela não conseguiu ter forças para nadar de volta para a praia. Seu corpo foi achado no outro dia pelos pescadores. Seu pai não ligou muito para a morte da filha.

Algum tempo depois da morte da filha, o pescador se preparou para uma grande pescaria. Ele conhecia o mar como a palma da mão, mas naquele dia algo estava errado com o mar, ele parecia furioso, parecia de alguma forma bizarra querer vingar a morte de Melissa. Era como se o mar quisesse fazer justiça por uma amiga. O mar estava tão furioso que acabou afundando o barco do pai de Melissa. Após o vil homem se afogar, o mar voltou a ficar calmo, calmo como um amigo que consegue fazer justiça.

Ana Carol Machado
Enviado por Ana Carol Machado em 21/05/2015
Reeditado em 14/06/2024
Código do texto: T5249764
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