A garrafa.
Se você for uma mulher e estiver lendo isto, então foi por que encontrou minha garrafa, uma simples e medíocre garrafa que joguei para flutuar e entregar essa carta a alguém que não faço ideia de quem seja.
Espero que entenda que eu tentei, juro que tentei, mas depois de incansáveis tentativas desastrosas finalmente me decidi, eu desisti do Amor. Mesmo que nesses tempos idiotas onde essa palavra é desgastada por inúmeras pessoas, eu sim foi o último ser da terra a dar importância a ela e por tanto, o ultimo Idiota. Se você se perguntar agora o que haveria acontecido comigo, eu não saberia explicar. Não foi uma ou outra coisa, foi o resultado de incessante batalha entre eu e a vida, a droga de uma vida que não me permitiu sequer um dia completamente feliz.
Tantas vezes declarado, prometido e juramentado, em fim fui fadado ao fracasso por acreditar no que era dito, por acreditar demais em quem não deveria. Todos os olhares, todas as frases bonitas, todas as promessas esperançosas todos os futuros maravilhosos, finalmente a frase final nunca mudava, nunca. Eu era sempre o homem bom. O homem bom que todas não queriam por perto. Confiando sempre que a pessoa certa estaria por vir, diversas vezes veio, mas nunca sendo o que acreditava ser. Outras vezes a imagem da perfeição, sobre a mentira, sobre uma falsidade cínica, logo demonstravam ser simples, seres humanos comuns, com seus erros tolos de achar que pessoas boas já não existiam e que poderiam assim, fazer o que queriam, fazer o que desejavam, mas eu ainda era, mesmo que o ultimo, um homem bom. Era, não sou mais.
Tão simples como possível, acreditava no sentimento puro, de que dinheiro ou poder não faziam a diferença, e a aparência, não era o desejável, muito menos sexo. Esse por sinal abdicava completamente ao estar apaixonado, pois esquecia, desviava-me o pensamento, por que, não sei ao certo, só que sexo, não era o que eu buscava. Eu era assim, um homem bom, um homem puro, o último. Eu era, não sou mais. Desisti...
De tantas vezes que pensei em mudar, em me tornar um homem fútil, buscando prazer e usar da mentira como escudo para uma vida de tantas loucuras sem sentido, de tantas conquistas, de inúmeras mulheres, cheguei à conclusão de que não iria ser assim. Não iria mudar o que eu sou por que o mundo quis assim, eu simplesmente desistiria do amor, pois era pra ser, tinha que ser, e foi... Eu desisti.
Portanto se você estiver lendo isto, então foi por que encontrou minha garrafa, uma simples e medíocre garrafa que joguei para flutuar e se em suas mão estiver uma outra garrafa, com outra carta, jogue-a junto com a minha de volta ao mar. E simplesmente saia caminhando por ai, e se encontrar em frente a um lago qualquer, um homem sentado na grama verde olhando para ele sem qualquer motivo, saiba que sou eu. Sente-se ao meu lado se quiser, mas não de oi. Não diga nada só observe. Afinal de contas, morreu hoje o último homem bom da Terra.