Luzes baixas espantavam a penumbra. Lentamente os olhos foram se abrindo até enxergar uma figura que abria um largo sorriso. Flores se espalhavam pelo quarto lançando um suave perfume. A porta entreaberta deixava que espectadores ansiosos pudessem olhar para dentro e ver a figura cansada de Márcia que descansava após uma longa cirurgia:
     - Boa tarde mãe, agora tudo correrá bem. O médico informou que sua recuperação será lenta, porém dentro do esperado.
     Márcia olha carinhosamente para a sua filha e devido aos medicamentos volta ao seu sono, agora sabendo que não esta mais na mesa de operações. – Após sofrer um acidente de carro a mãe de Raquel teve a sua coluna fraturada e um rompimento de artéria a deixara entre a vida e a morte. No mesmo acidente que seu pai falecera.
     Raquel sai do quarto onde sua mãe se encontra internada, vai até os corredores do hospital e se percebe em meio aos seus familiares:
     - Tudo esta correndo dentro do esperado. Eu vou ficar aqui com ela e procurar cuidar da melhor forma, não existe motivos para preocupação.
     No largo corredor, do oitavo andar, os olhares se encontravam em tristeza. Nada parecia com os belos momentos vividos entre mãe e filha. Apenas sentimentos confusos brotavam das mentes focadas na necessidade de ficar junto à pessoa amada.
     Em sua angustia, sentada em uma pequena sala de recepção Raquel percebeu um interno chegar, apoiado em um andador e carregando o seu soro se sentou e tentou acompanhar o seu pensamento:
     - Boa noite – passava das dez horas da noite – tudo é difícil por aqui.
     - É verdade, espero que você melhore.
     - Vou melhorar, estou sempre carregando a minha fé.
     - Bom para você.
     No corredor uma correria se inicia. Enfermeiros, médicos passam à frente de Raquel. Assustada procura verificar o que estava ocorrendo. Percebe que todos entravam no quarto de sua mãe. Procurou correr para entrar no quarto, mas a impediram e ela ficou parada frente à porta aguardando saber o que acontecia. Parecia que tudo voltava ao normal até que o último médico saiu do quarto e a informou o que ocorrera: - Filha, sua mãe entrou em coma.
     Raquel pôde então entrar no quarto e viu sua mãe conectada a fios, inconsciente aparentemente caminhando para a morte.
     A porta do quarto novamente se abriu e lentamente uma figura foi entrando – O rapaz que Raquel conversou na recepção -, se aproximou de Raquel, que naquele momento se banhava em lágrimas. Colocou sua mão em seu ombro e quando tentou dirigir-lhe a palavra um dos aparelhos de sua mãe começou a emitir um som intermitente. Médicos entraram no quarto e colocaram Raquel e o agora conhecido para fora do quarto. Minutos que pareciam horas angustiavam a espera de Raquel, até a chegada de um médico:
     - Filha, milagrosamente a sua mãe retornou a consciência, tão rápido que estamos perdidos sem saber o que estava acontecendo. Apenas queremos saber quem é Rogério? Ela não para de chamar.
     Raquel colocou a mão no rosto e informou com toda a sua tristeza que era o pai falecido. O interno que acabara de conhecer avançou e falou ao médico: - Sou eu!
     Assustada Raquel olhou para seu colega. Esboçou um ar de revolta e dúvidas enquanto perguntava quem era realmente aquele que a seguia:
     - Meu nome é Rogério...
     - Mas é o nome de meu pai, que morreu no acidente.
     Repentinamente Rogério entrou no quarto da Mãe de Raquel e segurou em sua mão. Raquel tentava impedi-lo, mas nada impediu de Rogério falar algumas palavras, enquanto a mãe de Raquel o olhava apaixonadamente:
     - Senhora o seu Rogério faleceu, mas o seu coração ainda bate, em meu peito.
 
   Fim ...


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