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       ***CABELOS MOLHADOS *** (Conto da vida real)
 
 15 anos! Adolescente... Crente que o amor um dia chegaria... Onde afinal ele estaria? Ela pensava, enquanto saía do banho,  e às pressas, arrumava o material para sua aula matinal de inglês.
 Sua mãe como sempre a seguia, lhe ajudando a juntar os livros que  levaria para o curso... 
Só que naquele dia, algo diferente pairava no ar...
Sua mãe ansiosa, fala em tom apressado, quando ela já cruzava a   soleira da porta:
 -Seu cabelo está muito molhado menina! Dê um jeito nisso!  É assim que quer arranjar namorado?
Sorrindo ela saía, ainda ouvindo aquelas palavras!
Mas por que essa preocupação a essa hora da manhã...?!!?   Ah! Essa minha mãe tem cada uma! 
Na esquina da rua onde morava, faz sinal para o ônibus, que a  deixaria num  bairro próximo de sua casa.
Procurando despreocupadamente um lugar, encontra um banco lateral na parte da frente  do veículo. Senta-se ao sabor do vento, que teimava em secar seus cabelos ainda molhados...  
Sorria disfarçadamente, ao lembrar-se das 
 palavras de sua mãe:
  “Assim com esse cabelo menina, não dá para arranjar namorado!” 
 Passou a prestar a atenção nos passageiros sentados a  sua frente.
 Eram três rapazes, que a fitavam com certa insistência.
 Nada de anormal naquela cena! 
 Os costumeiros paqueras estão em todos os lugares...
 A grande diferença com os de hoje, é que naquele  época, os olhares eram muito mais significativos e na    verdade, decidiam se haveria ou não outro tipo de    aproximação. No caso de interesse por parte da mulher,  o certo era fitar, sorrir e continuar olhando em  curtas  pausas...
 Essa era a forma de encorajar o paquera a aproximar-  se e a puxar uma conversa...
 Bem, não perderei tempo aqui, a discutir a diferença    com as paqueras dos dias atuais...        
 Com certeza será assunto para um próximo texto... 
 Em determinado momento, um dos três, começou a    olhá-la com certa insistência.... Ela podia sentir o olhar    dele buscando o seu...
 Com certa timidez, começou a corresponder, com  breves lances de olhar, que se espaçavam à medida  que  a viagem transcorria.
 Algumas dessas vezes, seus olhares se cruzaram e ele
 esboçou  um sorriso, do qual, ela jamais se esqueceria..
 Havia uma mensagem misteriosa que aquele olhar    transmitia!  Algo místico e forte... Parecia, em alguns    rápidos momentos, que ele iria lhe dirigir a  palavra...
 Seria apenas uma impressão de sua fértil imaginação?
 E a viagem prosseguia...
 De repente, se aproximava a hora de saltar.
 Ela levantou-se e deu 
o sinal para o motorista.
 Nesse mesmo momento, olhou para ele com um gentil  aceno de  despedida.
 Para seu espanto e surpresa, ele se pôs de pé, encarou-a  e olhando no fundo de seus olhos perguntou :
 - Posso falar com você?

 Hesitante e dirigindo-se para a porta do ônibus, ela  respondeu:
     - Não, não vai dar... Eu vou saltar agora...
      Ele sorrindo, retrucou com firmeza: - E daí?                                  
Assim, ela saltou do ônibus, seguida por aquele rapaz,
é claro, 
meia sem graça  e ainda  surpresa, pela forma como tudo começara.
Nos primeiros momentos da caminhada, os dois apenas sorriam e se entreolhavam, pois havia trânsito e sinais, até que chegaram na porta do curso de inglês.
De relance, ela reparou que ele transportava uma valise, onde lia-se - : Faculdade de Ciências  Médicas - UFF.   
      Foi a deixa para que ela então indagasse:-
      Você estuda medicina?
     -Sim respondeu ele, estava no caminho da faculdade,
      que nosso encontro, impediu que acontecesse...   
      Prosseguindo, ele comentou: 
      -Olha, um dia com certeza, vou lhe contar o estranho   pensamento que me veio a cabeça, a partir  do momento em que lhe vi,  ainda na rua, fazendo sinal para tomar o ônibus!
Ela, curiosa, ainda insistiu para que ele contasse logo!
Que pensamento seria aquele? Mas ele foi logo dizendo:
      -Me dê seu telefone, pois não posso perder a aula de Fisiologia!
Assim, do mesmo jeito que apareceu, ele desapareceu na esquina!
Seguindo para a sala de aula, ela não sabia realmente o que   pensar...       No entanto, não podia negar a forte atração que sentira por ele...  Será que ele ligaria?          
Chegando a casa, entrou porta adentro gritando às gargalhadas:
      - Mãe!!!!  Pela primeira vez você não acertou!
      - Arranjei um namorado, apesar do cabelo molhado!
 Sua mãe é claro, não entendeu o que acontecia, até que  ela,  ajeitando os cabelos em  frente ao espelho, contava  os  detalhes  daquele encontro, que na verdade muito a
 impressionara...

 Será que ele cumpriria a promessa?
       Claro, que conhecer um paquera no ônibus, não representaria  nada de anormal, exceto pela forma como as coisas se passaram  e a rapidez dos acontecimentos, pois, ao saber que ela chegara  ao seu destino, ele a seguiu sem pestanejar!
Que pensamento ele tivera, na hora que a viu acenar para o ônibus parar?   Por que o mistério?
       Os dias se passaram... Cinco intermináveis dias...
       Mesmo que ela quisesse, não conseguiria tirá-lo do
       pensamento...
       Sua imagem a perseguia e ela a essa altura sentia-se
       angustiada.          ...
       Afinal, por que  ainda  não se manifestara?
       Teria perdido seu telefone? 
       Já o mês de abril transcorria... e o encontro tinha sido no final de  março... Que agonia!
Mas, foi  exatamente naquele dia, que o telefone tocou e ela  ouviu sobressaltada,  coração aos pulos:
        - Alô! - Aqui é o seu paquera do ônibus.
        Ainda se lembra de mim?
No mesmo dia, à noitinha, no portão da sua casa,
eles se encontraram e desde então nunca mais se separaram!
Meio encabulado, ele contou o pensamento que lhe ocorrera no  primeiro momento  em   que a viu:
        -É que quando lhe avistei, ainda na calçada, um pensamento obsessivo tomou conta  de mim :
        -Atenção! Essa é a mulher da sua vida!!
         Não a deixe fugir!” 

        Casaram-se cinco anos após esse encontro!
        Foi intensa e verdadeira a paixão que viveram...
        Ele foi a única paixão e o grande amor de sua vida!
Jamais se separaram e juntos viveram momentos inesquecíveis!
Vieram os filhos queridos!
É claro, que houve brigas e desentendimentos no passar dos anos!  É lógico, que muitas vezes,  a rotina e as responsabilidades da lida os incomodavam e nem tudo  saía às mil maravilhas...
Mas o amor sempre vencia, e a amizade e a cumplicidade em dividir tristezas e alegrias, devolviam a cor dourada ao amor que os unia! 
         Mas toda história de amor tem sua parte triste...
         Há dez anos ele se foi esperá-la junto aos  anjos...
         Outro encontro marcado!
         Os mesmos anjos que os uniram naquele dia de
         Março!

         Ela ficou triste e perdida... Carência infinda...Vazio
         indescritível 
cristalizado em  devaneios perdidos..Porém, com a certeza, que o amor verdadeiro, é a maior maravilha que se pode ter na vida!
      Aqui repito o que já escrevi em  poesia:
         "Meu Deus! Se o amor for um milagre... lhe sou eternamente agradecida!!!!!!!!!"      
            
Mariapaz
Enviado por Mariapaz em 29/04/2015
Reeditado em 29/04/2015
Código do texto: T5224688
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