Como você diz a um estranho que está vendo pela primeira vez que ele é o grande amor da sua vida, sua alma gêmea e quer passar o resto de sua vida com ele? Não conseguia ver mais ninguém na pista de dança, sequer ouvir a música que estava tocando.
Eu estava fascinado por ele, alto, esbelto, usava um boné e tinha o sorriso mais safado e cativante que já vira. "Eu o amo", pensei. Nos olhamos por algum tempo até ficarmos tão próximos, que senti o cheiro do seu perfume.
Meus amigos Caio e Pedro, e eu resolvemos comemorar o fim da década de 80 na boate Aquarius, sem família, onde não teríamos que fingir nada e poderíamos ser nós mesmos, sem restrições. Não foi um ato de rebeldia. Tínhamos vividos os anos 80 intensamente e queríamos entrar com o pé direito na década de 90.
Estavamos a meia hora de 1990, o começo de uma nova década. Ele me ofereceu sua cerveja, neguei e ele colou em mim:
- Seu perfume é tão gostoso que me deixou com tesão. Como se chama? - ele falou no meu ouvido -
- É segredo - respondi -
- Quero entrar o ano novo beijando você - ele continuou -
- Que coincidência! Eu também quero entrar o ano novo beijando você. - devolvi -
- Vai ser difícil esperar tanto tempo, mas vou tentar.
Ele afastou-se e logo depois voltou com duas taças de champagne.
- Mãos macias - ele disse rindo ao me entregar a taça - Mãos de quem nunca trabalhou.
A Aquarius foi a Studio 54 da comunidade gay, nosso templo. Nasceu na época da ditadura militar, sobreviveu ao regime, a censura implacável e durante 26 anos foi um símbolo de resistência sendo a única boate gay da cidade. Lá dentro não precisavamos fingir, vivi momentos intensos e felizes, conheci meus melhores amigos, beijei muito, namorei e estava conhecendo o grande amor da minha vida.
Naquela época vivíamos um vida dupla e a regra do jogo era: A sociedade sabia da nossa existência, mas éramos discretos. Roberta Close, Cássia Eller e Cazuza brilhavam no cenário artistico, não existia luta pelo direito de casar, paradas gays ou a lei PLC 122, mas posso afirmar com toda a certeza: Éramos muito felizes. O proibido tornava o beijo, o romance, a transa ou uma simples troca de olhar, inesquecivel.
O dj colocou a música "marcas do que se foi", começou a contagem regressiva e exatamente a meia noite o estranho me beijou.
- Feliz Ano Novo! Meu nome é Eliseu.
- Feliz Ano Novo! Meu nome é Nicolas.
- Quero namorar comigo Nicolas?
- Quero sim Eliseu.
Caio e Pedro que eu já tinha esquecido completamente, nos abraçaram ao mesmo tempo e esse foi o melhor reveillon da minha vida. Encontrei meu grande amor e estava ao lado dos meus melhores amigos.
Eu estava fascinado por ele, alto, esbelto, usava um boné e tinha o sorriso mais safado e cativante que já vira. "Eu o amo", pensei. Nos olhamos por algum tempo até ficarmos tão próximos, que senti o cheiro do seu perfume.
Meus amigos Caio e Pedro, e eu resolvemos comemorar o fim da década de 80 na boate Aquarius, sem família, onde não teríamos que fingir nada e poderíamos ser nós mesmos, sem restrições. Não foi um ato de rebeldia. Tínhamos vividos os anos 80 intensamente e queríamos entrar com o pé direito na década de 90.
Estavamos a meia hora de 1990, o começo de uma nova década. Ele me ofereceu sua cerveja, neguei e ele colou em mim:
- Seu perfume é tão gostoso que me deixou com tesão. Como se chama? - ele falou no meu ouvido -
- É segredo - respondi -
- Quero entrar o ano novo beijando você - ele continuou -
- Que coincidência! Eu também quero entrar o ano novo beijando você. - devolvi -
- Vai ser difícil esperar tanto tempo, mas vou tentar.
Ele afastou-se e logo depois voltou com duas taças de champagne.
- Mãos macias - ele disse rindo ao me entregar a taça - Mãos de quem nunca trabalhou.
A Aquarius foi a Studio 54 da comunidade gay, nosso templo. Nasceu na época da ditadura militar, sobreviveu ao regime, a censura implacável e durante 26 anos foi um símbolo de resistência sendo a única boate gay da cidade. Lá dentro não precisavamos fingir, vivi momentos intensos e felizes, conheci meus melhores amigos, beijei muito, namorei e estava conhecendo o grande amor da minha vida.
Naquela época vivíamos um vida dupla e a regra do jogo era: A sociedade sabia da nossa existência, mas éramos discretos. Roberta Close, Cássia Eller e Cazuza brilhavam no cenário artistico, não existia luta pelo direito de casar, paradas gays ou a lei PLC 122, mas posso afirmar com toda a certeza: Éramos muito felizes. O proibido tornava o beijo, o romance, a transa ou uma simples troca de olhar, inesquecivel.
O dj colocou a música "marcas do que se foi", começou a contagem regressiva e exatamente a meia noite o estranho me beijou.
- Feliz Ano Novo! Meu nome é Eliseu.
- Feliz Ano Novo! Meu nome é Nicolas.
- Quero namorar comigo Nicolas?
- Quero sim Eliseu.
Caio e Pedro que eu já tinha esquecido completamente, nos abraçaram ao mesmo tempo e esse foi o melhor reveillon da minha vida. Encontrei meu grande amor e estava ao lado dos meus melhores amigos.