Ryan-Capítilo 1:Para Sempre

Carmen estava correndo.

Tentava arrancar qualquer energia e força que o seu corpo frágil e delicado de uma menina de 8 anos poderia lhe dar.Se sentia impossibilitada em continuar correndo,mas queria continuar mesmo assim.Não só queria como precisava.Enquanto tentava desviar das palmeiras e coqueiros que se colocavam como obstáculos em seu caminho,tomava cuidado em não cair e sujar seu short jeans curto e sua camisa com listras bancas e azuis,posicionadas de forma que formassem raios de sol.O suor percorria seu rosto como se estivesse parada,observando o espaço à sua volta sendo banhado por uma chuva singular.As gotas faziam com que as mechas dos seus cabelos longos,lisos e negros como fumaça,cujas pontas chegavam no meio dos seus braços,se prendessem ao seu rosto angelical,atrapalhando a sua visão.Sua respiração pesava e seu batimento cardíaco tinha sua velocidade e força aumentada,podendo ser sentido por um simples toque no seu liso pescoço.Olhava para trás,verificando se o seu perseguidor ainda permanecia em seu encalço.

Seus pés doíam.Não havia outra escolha.Tinha que parar.

Carmen parou por alguns segundos.Observou o lugar onde parava com o objetivo de achar um bom lugar para se esconder.Tudo o que conseguiu achar foi um conjunto de coqueiros organizador de forma que formavam uma roda,sendo que os espaços entre os mesmos eram cobertos por plantas tropicais de uma altura não tão grande,mas não tão pequena.Ela pulou para dentro do círculo de coqueiros,com a esperança de se esconder em paz.Se abaixou,ficando de joelhos e olhou atentamente para o espaço ao seu redor,procurando por algum sinal do seu perseguidor.

Longos minutos se passaram,e nenhum sinal do seu perseguidor.

Carmen abaixou a cabeça e começou a respirar fundo e lentamente,aliviada.

Mas...

Alguma coisa lhe tocou.Mesmo que o toque tenha durado um segundo,foi o bastante para lhe assustar.Ela pulou do seu esconderijo,enquanto gritava como um passarinho recém-nascido e indefeso,tentando escapar.Mas seu esforço foi em vão.

Ela acabou parando em frente a um coqueiro,sem tempo para desviar dele.Quando virou,Brian aproximou seu rosto com o seu,fazendo com que seus narizes se tocarem,com um sorriso malicioso.

-Te achei-Disse Brian,antes de começar a rir.

Carmen,com raiva de ter sido achada em pouco tempo,empurrou Brian ao chão com uma expressão de fúria.Mesmo tendo caído no chão com um forte impacto,Brian continuava a rir.Era um garoto magro,quase franzino,de 10 anos,cujos cabelos curtos eram tão negros quanto os de Carmen.

-Não vale!-Disse Carmen,enraivecida-Você nem me deu tempo pra me esconder!

-Sim,é claro que eu dei-Disse Brian-É porque eu corro rápido demais,ou porque eu consigo me esconder bem,ou porque você seria lenta demais-Ele voltou a rir.

Carmen,ainda com raiva,bateu em seu braço direito.

-Ai,isso doeu-Disse Brian,desmanchando sua risada e usando sua mão esquerda para onter a dor do seu braço dolorido-Mas é verdade-Voltou a rir.

Carmen bateu de novo em seu braço direito,com uma forçar maior do que na primeira vez.

Brian fez o mesmo para conter a dor,mas ainda ria.

-Você é muito bobo,Brian-Disse,Carmen.

-E você está muito séria hoje-Respondeu Brian-Por que você não dá um sorrisinho?-Ele usou seus dedos para esticar os lábios de Carmen,esboçando um sorriso mal-feito em seu rosto.

-Sai-Disse Carmen,enquanto batia em seus dedos,fazendo-os desprender do seu rosto.Em seguida,sentou em uma pedra próxima,com um ar de desânimo e projetando seu olhar para uma direção longe de Brian

Brian teve um idéia.Ele foi até um planta e retirou dela uma flor de 6 pétalas,cuja cor mesclava verde e azul escuro.Ele foi até Carmen e ficou de joelhos,lhe oferecendo a flor.

-Minha cara donzela-Disse Brian.Carmen desviou seu olhar para ele e sua flor-Mil desculpas se eu fui rude ou se você é lenta demais-Ela mudou sua expressão neutra para uma expressão furiosa e fechou sua mão direita em punho,preparando-se para bater em Brian,que se encolheu e colocou a mão portando a flor para trás-Espere,minha donzela!Quero que fique com esta maravilhosa flor como minha forma de me desculpar.Só uma bela dama como você iria merecer esta pérola da natureza.Aceite.

Carmen ficou surpresa.

-Brian...Isso foi lindo.-Disse ela,sem acreditar no que via e ouvia.

Ela estendeu sua mão para pegar a flor.

-Só um momento-Disse Brian.Ele tirou a flor do alcance de Carmen e a prendeu em seu cabelo.

-Como eu estou?-Disse ela.

-Bonita como nunca-Respondeu Brian,com um sorriso.

Apesar de ter desviado o olhar e do seu rosto ter ficado vermelho,Carmen também sorriu.

-Acho melhor nós voltarmos para casa agora-Disse Brian.

-É,concordo-Disse Carmen,ao mesmo tempo que o vermelho no seu rosto desaparecia.

-Quem chegar por último é uma vaca gorda!-Gritou ele.

-A vaca gorda é você!-Gritou Carmen.

Ambos saíram da floresta esverdejada rumaram para a praia,onde começaram a correr pela areia branca em direção ao amontoado de casas habitados por suas famílias.A brisa vinda do mar batia nos cabelos de Carmen,fazendo-os esvoaçar e desprendendo a flor tropical deles,voando livremente.

Carmen Victoria Hivera De La Vega e Brian Hector Delgado nasceram em 3 de Setembro de 1996.Mesmo não sendo irmãos,nasceram no mesmo dia.Uma incrível coincidência.Os pais de Brian,Kenneth Delgado e Kathleen Hector,nascidos no Texas,Estados Unidos,e os pais de Carmen,Lucio De La Vega e Catarina Hivera,nascidos no México,eram grandes amigos.Viveram histórias,emoções,tristezas,felicidades.Isso foi o bastante para aproximar suas famílias.Cresceram juntos,casaram.E apesar de Kenneth ter herdado de seu pai uma valiosa empresa petrolífera e Lucio ter se tornado chefe de uma rede de hotéis,eles ainda mantém contato e continuam amigos.Desde o começo de sua amizade,sempre viajavam em suas férias para a Ilha De Madre Selena,uma ilha localizada na America Central.Reza a lenda que,no auge da Caça Ás Bruxas,um grupo de freiras,liderado por Selena,a Madre Superior,zarpou em um navio com o intuito de fugir da magia negra que assolava a sua cidade.Chegando nesta ilha,nomearam-na em homenagem a sua líder.Não demorou muito para descobrirem que sua amada e idolatrada líder era uma alquimista,a chamaram de bruxa e queimaram-na viva.Sempre tiveram bons momentos nesta ilha.Não demorou muito até surgir o primeiro descendente dessa amizade:Chris,nascido em 18 de Julho de 1992,filho de Kenneth e Kathleen.4 anos depois,nasceram aqueles responsáveis por selar esta amizade por toda a eternidade:Carmen e Brian.Já nasceram sendo amigos.É impressionante a ligação entre ambos.Sem Carmen,Brian não é a mesma pessoa.Sem Brian,Carmen se sentia sozinha e vazia.Ambos eram almas gêmeas.

Aquele dia,onde estavam brincando de Esconde-Esconde na Ilha de Madre Selena era especial,pois naquele dia,fariam 10 anos.

Finalmente chegaram ao seu destino:Um amontoado de casas,formando um círculo,e uma árvore encorpada,posicionada no centro do círculo de casas,sendo rodeada por uma lona erguida como um telhado,sendo usada pelos convidados da festa como um guarda-sol.Havia lá um amontoado de mesas cobertas de panos brancos e cadeiras simples.Perto do tronco da árvore,se localizavam as panelas cheias de pratos latinos.Sopaalacriolla,ceviche,corvina,palta a lajardineira,choclo,anticuchos,picarones,lomosaltado.Tinha de tudo.Todos os convidados da festa eram,em sua maioria,parentes e amigos.Devido à amizade entre os pais de Brian e Carmen,ambas as famílias são amigas são bem próximas.Não era estranho ver um tio de Carmen conversar com uma prima de Brian.Uma comunicação saudável.

Carmen e Brian chegaram correndo.No mesmo instante,a maior parte dos convidados lançou olhares para eles,desejando-os parabéns pela data.Eles pararam e agradeciam aos pedido.Pouco depois,voltaram a correr,até que Carmen achou os seus pais.Lucio,um senhor magro quase calvo com a maior parte de seu cabelo nascendo da parte de traz de sua cabeça e rosto limpo,vestindo uma camisa branca e calças curtas de cor azul-escuro,chinelos e Catarina,uma senhora cujo era jovem demais para sua idade e com seus cabelos negros herdados pela filha pintados de vermelho,trajando um vestido de seda roxo.Correu até eles.Brian tentou seguí-la,mas foi impedido por Chris,aparentando ter o dobro da altura de Brian.Usava uma camisa branca sem mangas e um short azul,combinando com seu cabelo curto e negro,similar ao cabelo do seu irmão caçula.

-Aonde vai,Ligeirinho?-Disse Chris,enquanto segurava seu irmão.

-Vou ir aonde a Carmen está!-Respondeu Brian.

-Em outra hora,Brian.Nossos pais querem falar com você.

-Tá bom...-Disse Brian,desanimado.

Chris levou seu irmão em direção à uma das casas que rodeavam a festa.Era uma casa simples,pintada de verde,possuíndo somente uma porta da frente,uma varanda e algumas poucas janelas.Quando o pequeno Brian entrou naquela casa,com um interior feito quase inteiramente de madeira,ficou frente-a-frente com seus pais.

-Meu filho!Feliz aniversário!-Disse sua mãe,Kathleen,ao mesmo tempo que beijava sua bochechas.Ela vestia uma longa camisa verde-escura com listras verticais castanhas e uma saia vermelha com finas listras brancas horizontais.Possuía cabelos castanhos como nozes e um rosto ligeiramente envelhecido.

-Parabéns,meu campeão!-Disse Kenneth,logo em seguida.Ele trajava uma camisa comum,completamente verde,uma calça branca e chinelos.Era careca,mas o que não tinha de cabelo no topo da sua cabeça,tinha em sua longa barba.

-Obrigado-Disse Brian.

-Nós compramos um presente para você e Carmen-Disse Kathleen.Kenneth havia ido até uma gaveta para pegar alguma coisa.

-E que presente é esse?

-Isso-Respondeu Kenneth.Ele mostrou à seu filho uma caixa preta,abriu-a a mostrou o conteúdo guardado dentro dela:Dois colares,sendo que cada um tinha no meio de suas correntes douradas uma pedra preciosa com um forma de um losango vertical,com suas pontas horizontais aparadas.Um deles tinha um Rubi com um vermelho forte e o outro,uma Safira tão escura quanto a noite.

Brian não parava de olhar para os colares.Nunca tinha visto nada parecido com aquilo.Levou pouco tempo para se encantar com os colares.Começou a estender a sua mão e tentou pegar um dos colares para vê-lo mais de perto.Antes que o fizesse,seu pai fechou a caixa,quase esmagando seus frágeis dedos.

-Calma rapaz-Disse Kenneth-O presente não é só isso.Ele vem acompanhado de um história sobre os colares.

-Que história?-Perguntou Brian,curioso.

Kenneth,juntamente com Kathleen,contou a história por trás dos colares.Detalhe por detalhe.Quando acabaram de contá-la,Brian ficou encantado com ela.

-A próxima vez que você ver a Carmen,dê o colar com a Safira para ela e conte a história.Ela vai amar!-Disse Kathleen.

-Tá bom!-Disse Brian,confiante.

-Temos que sair agora Kathleen.Os convidados estão cansados de esperar-Disse Kenneth,perto da porta da casa.

Kathleen se juntou ao seu marido,levando Brian com ela.

A família Delgado saiu da casa,e foram saudados pelos convidados.Especialmente pela família Vega.Eles,de fato,foram cumprimentados primeiro pela família Vega,seus amigos de longa data.Logo após a enxurrada de cumprimentos,Kenneth pegou uma taça,a encheu com Champagne,pegou uma colher e começou a bater na taça para chamar a atenção de todos os convidados da festa.Algumas batidas foram mais que suficientes para chamar a atenção de todos.

-Eu quero propor um brinde-Disse Kenneth-à família Vega,por ter concedido a nossa família uma amizade inigualável.Uma amizade pura,verdadeira e,acima de tudo,eterna.E um brinde também para os nossos filhos,que estão completando 10 anos hoje.Que eles tenham vida boa e cheia de felicidade,riqueza e amor.À Brian e Carmen-Kenneth levantou a sua taça.

-À Brian e Carmen-Disseram os convidados,que levantaram suas taças cheias de vinho e champagne.Eles voltaram a conversar uns com os outros após o discurso curto de Kenneth.

Brian procurou por Carmen.Ele a achou sentada em uma das mesas,brincando com os pedaços de carne do seu prato,com uma expressão nítida de desinteresse.Ele se aproximou,e ela notou sua presença.

-Oi Brian!-Disse ela,mudando sua expressão por um sorriso vivo.

-Preciso te mostrar uma coisa-Disse Brian.

-Mostrar o que?-Perguntou Carmen.

-É uma surpresa.Enquanto nós conversamos,quer ir andar pela floresta comigo?-Disse Brian.

-Quero!-Respondeu Carmen,sorridente.

Ambos se afastaram da festa colorida e viva e de seus convidados e começaram a se aproximar de uma floresta próxima,adentrando a mesma.Uma vez dentro dela,eles andavam cautelosos,atentos a alguma planta com espinhos,plantas carnívoras e animais selvagens.A medida que prosseguiam pela floresta,o coração de Bryan batia mais forte e mais rápido,quase quebrando o seu frágil peito.Suas mãos suavam,seu rosto corava.Carmen,por sua vez,estranhava o comportamento de seu amigo,com medo do que poderia acontecer.Entrelaçava os seus dedos e brincava com eles,esperando aquele silêncio assustador passar.Por fim,ela não aguentou mais.

-Brian,tá tudo bem?-Perguntou em um tom preocupado,com um olhar manifestando o mesmo sentimento.

-Sim,está tudo ótimo-Disse Brian,inqueto.

-Então,o que você queria me mostrar?-Carmen foi direto ao assunto.

Ambos param por segundos,até Brian tirar a caixa com os colares do bolso,perto de deixa-la cair.Ele estendeu a caixa na direção de sua amiga e a abriu,mostrando seu conteúdo.Carmen examinou seus colares.Parecia maravilhada.Nunca tinha visto nada tão belo quanto aqueles colares.

-Eles são lindos!-Exclamou Carmen.

-O meu é o vermelho,você fica com o azul-Disse Brian,enquanto tirava o colar de Carmen de sua caixa e a guardava em seu bolso-Deixa eu colocar ele em você.

Brian se colocou atrás dela.Abriu o colar e o colocou à sua frente e o fechou,colocando-o em seu pescoço.Ela se virou.

-Como eu estou?-Perguntou ela.A peça de seu colar combinava perfeitamente com seus olhos azul-marinhos.

-Linda!-Respondeu Brian.

-Ah,obrigado-O rosto de Carmen corou,tomando a cor de um vermelho intenso-Agora me deixa colocar o seu.

Brian pegou a caixa de seu bolso,abriu-a e deixou Carmen pegar o colar com a peça vermelha e,em um salto,se colocou detrás de Brian e colocou seu colar.Ele se virou.

-Como eu estou agora?-Perguntou ele-Pareço bonito?

-Na verdade,você parece mais bobo que antes-Carmen se pôs a rir.

Brian abaixou a cabeça,soltando um ‘’Ah...’’ de desânimo,mas mesmo assim,não perdeu seu bom humor.Acabou de se lembrar da história.

-Espere até ouvir a história.

-Que história?

-A história dos nossos colares.

-Ah,e você a conhece ou esqueceu dela na primeira vez que a ouviu?-Brincou Carmen.

-Não sua idiota,eu a conheço detalhe por detalhe.

-Então,conte-a.

Brian limpou a garganta,procurando lembrar de todos os detalhes da história.Ele se preparou.

-‘’Há muito tempo atrás,quando esta ilha era habitada apenas por uma pequena vila de camponeses,havia um Rei e uma Rainha.Eles governavam a ilha com sabedoria,para que ela pudesse ser herdada por sua filha,a Princesa Turquesa.Ela tinha uma beleza única e invejável.Um cabelo negro que cobria metade do seu rosto,lábios perfeitos e olhos azuis como o mar que cercava a ilha governada por seus pais.Era a mais desejada de todas as mulheres.Não importa o quão bonito podia ser o seu pretendente em questão,ela sempre rejeitava qualquer um que a desejasse,quebrando seu coração em trilhões de pedaços.Conquistá-la seria uma tarefa muito difícil.Tal fato lhe rendeu o título de Pérola De Fogo,pois conquistar seu coração se mostrava tão difícil quanto roubar uma pérola guardada pela lava ardente e mortal de um vulcão profundo.Certo dia,Basílio,filho de um joalheiro,determinado a tê-la,pediu a seu pai uma jóia bela,tão bela quanto Turquesa,o bastante para que ela se apaixonasse por ele.Seu pai construiu um colar,cuja corrente foi feita dos mais puro ouro e a peça presa à sua corrente,um topázio claro como os olhos de sua amada,moldado com uma forma similar à um losango.O joalheiro também construiu para seu filho um colar similar em forma e cor,porém,a peça que recheava a sua beleza não era um topázio,e sim um rubi,esculpido da mesma forma que o topázio do outro colar.O rubi tinha um vermelho forte,simbolizando a coragem de Basílio em tentar realizar uma proeza impossível:Conquistar a Pérola De Fogo.Basílio,no dia que os Reis estavam caminhando pela ilha com sua filha,chamou a atenção de todos,principalmente a da Princesa,e lhe mostrou o colar com a peça de topázio.A Princesa Turquesa ficara pasma,pois nunca vira nada tão belo em toda a sua vida.Por fim,seu pretendente pediu sua mão em casamento.Os Reis e o povo esperavam pela resposta sempre desanimadora da Princesa.Entretanto,todos se assustaram ao ouvir a resposta:Sim.Os dois se abraçaram e beijaram.Turquesa havia,enfim,encontrado seu príncipe.Basílio,após a sua proeza,ganhou dos Reis e futuros sogros o título de ‘Leão De Fogo’,por ter tido tamanha coragem e astúcia por ter conseguido pedir a mão da Princesa.Foi adorado por todos,exceto por seu irmão Sibilo,afundando em ciúmes por Basílio.Queria ter conquistado a Pérola De Fogo.Pretendendo acabar com o casamento,Sibilo pagou uma trupe de piratas e os deu uma ordem especial:’Capturem Basílio e sumam com ele!’.Eles o fizeram,e de fato sumiram com o futuro Príncipe da ilha.Turquesa de pôs em uma profunda depressão ao saber do sumiço de seu amado.Isso fez com que Sibilo pudesse preencher o vazio deixado por seu irmão e finalmente casasse com a Princesa.Ela estava feliz com ela,mas seu coração pertencia a Basílio.10 anos desde o seu sumiço,Basílio conseguiu enfim escapar de seu cativeiro.Procurou por sua Pérola,agora Rainha,juntamente com o Rei Sibilo.Quando a achou,falou quem realmente era,mas o cabelo longo e a barba comprida cultivado por Basílio durante seu desaparecimento dificultaram seu reconhecimento.O Leão De Fogo,com um último esforço,puxou o colar de seu pescoço e mostrou à Rainha.Ela não podia acreditar.Ambos se abraçaram,matando a saudade em seus corpos.Sibilo,assistindo a cena,ordenou a execução de Basílio.Um dos soldados preparava sua lança,com o intuito de cravá-la no peito de Basílio.A Rainha rapidamente se pôs em frente de seu amado,disposta a morrer por ele.Não foi o suficiente.A lança perfurou ambos.Eles caíram no chão,sangrando até a morte.Uma cena triste,porém feliz,pois a Rainha deixaria aquele mundo cruel e iria até o Mundo Dos Céus,vivendo o resto da sua vida junto de seu Leão De Fogo.’’

No instante que Brian terminou de contar a história sobre os colares,o rosto de Carmen exalava perplexidade,espanto e surpresa com o fato de seu melhor amigo,um ‘’bobo’’ em suas palavras,conseguiria fazer passar por sua boca trilhões de palavras,formando assim uma bela história,acompanhadas por um colar luxuoso dado por ele.

-E fim!-Concluiu Brian,assustado com a perplexidade de Carmen,usando deste para fazê-la voltar ao normal.

Carmen desmanchou sua expressão,mas ainda mantinha vestígios dela.

-Nossa Brian,eu adorei o colar.E sobre a história...-Disse Carmen.Sua mente ainda organizava seus dizeres.

-Gostou dela?-Interrompeu Brian.

-Eu amei!-Disse ela,abrindo um largo sorriso,de orelha a orelha.

A felicidade percorria o corpo de Brian,fazendo-o repetir o sorriso de sua amiga.

-E além disso-Retomou Carmen,em uma voz suave,como se estivesse confessando algo,enquanto se aproximava de Brian-Eu nunca tive um amigo tão especial e tão divertido quanto você.Não quero te perder.Quero que você seja meu amigo para sempre.-Ela beijou a sua bochecha-Obrigado pelo presente.

-De nada-Disse ele,com o rosto corado.

-Vamos embora?-Disse ela-O resto dos convidados deve estar preocupado com a gente.

Ela começou a caminhar,saíndo da floresta,sendo acompanhada por ele segundos depois.Quando ela notou sua presença ao seu lado,segurou a sua mão.No início,ele achou esquisito.É a primeira vez que a via agir assim.Ela virou seu rosto,fazendo-o encontrar o seu e soltou uma risada brincalhona e o virou para a frente.

Num piscar de olhos,Brian começou a perder o equilíbrio e,desprovido de sua voz,começou a cair no solo.Carmen mirou os olhos sobre seu amigo,apenas para vê-lo atingir o chão como um objeto inanimado.No momento que o garoto pousou no chão,seu coração estava quase explodindo.

-Brian,o quê é isso?-Perguntou,assustada-Levante!Isso não é hora de se fingir de morto!

Brian não reagia.O desespero enchia os olhos de Carmen.

-Brian,você está bem?-Havia um certo embargo em sua voz-Vamos embora daqui!Acorde!Nossas famílias estão esperando!

Mesmo assim,nenhuma reação.

O desespero possuiu Carmen totalmente no momento que ela percebeu que Brian não respirava.

Tomada por um susto,ela decidiu sair correndo de volta para a sua família.Seus olhos estavam completamente dominados pelas lágrimas,ofuscando totalmente sua visão e sua razão.Sua respiração estava perdida no meio de tantos soluços.Enquanto isso,a terra abaixo de Brian começou a ficar menos densa,tomando a consistência semelhante a de areia movediça.A terra começou a engoli-lo,puxando-o para o subsolo.Não havia mais nenhum rastro dele.

Depois de tanto correr,ela finalmente chega ao local da festa.Todos olharam fixamente para ela,em estado de choque.

-O que aconteceu,minha filha?-Perguntou sua mãe,Catarina,correndo desesperada até a filha para poder abraçá-la.

-Brian...-Foi tudo o que ela conseguiu dizer entre as lágrimas pingando de seus olhos.

-O que aconteceu com ele?-Perguntou Kenneth,preocupado?

-E-ele d-d-desmaiou...n-não c-consegue r-r-respirar-Respondeu Carmen,gaguejando com o seu choro.

-Carmen-Disse Kenneth,ao mesmo tempo que se aproximava dela-Por favor,me mostre onde ele desmaiou.Lucio!-Gritou ele-Me traga um kit de primeiros-socorros!

Lucio não demorou em dar a Kenneth o necessitado.Ambas as famílias acompanharam Kenneth e Carmen até o local onde Brian desmaiou.

-Tem certeza que ele estava aqui?-Perguntou Kenneth ao pararem próximo ao local.

-T-tenho-Respondeu Carmen,ainda gaguejando-Eu tenho certeza que ele estava aqui.

Não havia ninguém no local.Nem mesmo o corpo de Brian.

Aquilo foi demais para o coração da pequena Carmen.Achava que estava dentro de um pesadelo bem real.Não conseguia aceitar o fato de que seu amigo desapareceu do nada.Não conseguia achar um explicação para aquele horror.Sentia vontade de sentar no chão,chorar até secar por completo,enquanto gritava por Brian.

-Carmen,escute aqui-Disse Kenneth,agarrando a menina pelos braços,falando em um tom bem calmo-Eu e os outros vamos tentar procurar por Brian.Volte para casa e acontece o que acontecer,fique lá.Pode fazer isso?

-P-posso-Respondeu Carmen,usando as costas da mão direita para enxugar os olhos.Sua boca estava retorcida pelo choro.

A noite chegou.Carmen estava na sala,sentada no sofá.Sua mãe a chamou do lado de fora.Saiu de casa correndo,esperando ver seu querido amigo novamente.Abriu a porta de casa.Viu sua mãe,seu pai e Kenneth.Todos com um olhar decepcionado.Kenneth se aproximou dela e se ajoelhou.

-Tio Ken,vocês acharam o Brian?-Perguntou ela,curiosa e esperançosa.

Kenneth apenas fechou os seus olhos e balançou a cabeça horizontalmente,indicando um ‘’não’’ entristecido.Suas lágrimas escorriam como gotas de chuva.

Aquilo foi demais para a pequena Carmen.Ela correu de volta para sua casa,trancou-se em seu quarto e deitou em sua cama,chorando como se o amanhã não existisse.Suas esperanças foram destruídas como vidro.Havia perdido seu melhor amigo.Queria acordar em sua cama aconchegante,no dia de seu aniversário,festejando com sua família,acordada por Brian,pulando em sua cama feito um lunático,pulando até fazê-la cair no chão.Agora quem iria brincar com ela de esconde-esconde?Quem iria irritá-la e perturbá-la até perder o controle e agisse feito uma louca?Quem iria lhe chamar de chata,lenta,boba e idiota?

Ninguém.

Pobre Carmen.

No dia seguinte,toda a sua família e a família de Brian foram embora da ilha.Prometeu nunca mais voltar para aquele lugar.O lugar onde seu amigo foi deixado,sozinho,indefeso,assustado...

...Morto.

Desde então,Carmen usou o colar de corda negra e com a peça de topázio pelo resto de sua vida.Fazia parte de seu corpo.Sua alma.Seu espírito.

Foi a única coisa que lhe lembrava de Brian.Seu melhor amigo,e a primeira pessoa por quem se apaixonou.

Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia)
Enviado por Caio Lebal Peixoto (Poeta da Areia) em 15/04/2015
Código do texto: T5208219
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