Vitória
Essa não é uma história sobre meu primeiro amor, mas sim, sobre meu oitavo amor. Vitória era linda. Seus cabelos lisos e castanhos que cobriam os ombros exalavam um perfume adocicado. Esse era o cheiro de sua pele, que possuía seu próprio odor, seu próprio perfume.
Se um dia plantasse uma flor em um vazo dentro de casa para perfumar o ambiente, eu plantaria Vitória - assim como se plantou em meu coração.
Quando senti falta de seu cheiro, percebi que não estava mais no ar.
Por que nunca a vi antes? Por que nunca a percebi? Tão cego eu era. Não enxergar a beleza diante de mim. Tolos fazem tolices, e eu fiz a pior delas. Não percebi a dama linda que sempre esteve por perto, que sempre me apoiou, que sempre me ajudou.
Pensava olhar além, que estava sempre em busca do novo. Mal sabia eu, que meu interesse estava naquilo que meus olhos já haviam passado. O velho pode virar novo, se conhece-lo de fato. E eu não a conheci.
Não sei como é seu corpo desnudo, muito menos sei, como é o gosto de seus lábios. Não cheguei até eles. O medo de alcança-los era forte demais. Exigia muito força, força contra o paradigma que criei em minha mente. Aquilo que fazia com que a tocasse como um membro fraternal. Não poderia beijar minha própria irmã, mas agora desejo beijar Vitória.
Seria como um incesto, mesmo não pertencendo a meu sangue
Agora onde a encontro? Onde posso vê-la? Ela guardava algo em seu coração e nunca me contou. Suas amigas quem me disseram quando foi embora. Mas de que adianta saber agora? Atiçou minha solidão. Atiçou minha infelicidade. Assim, como aticei a dela.
Tive vários amores. Varias paixões. Mas nunca senti meu coração assim, tão afundado em solidão.