Os brincos da lua

Quem não se encanta com o brilho dela?

Sua iluminação romântica aguça a imaginação do poeta e a inspiração flui brotando em várias faces, cada dia diferente num nascente constante, brilhante e belo, que abre suas cortinas no leste e se despede do grande público no oeste.

A atuação da atriz em cena num palco quase escuro é perfeita, tanto que os espectadores arregalam seus olhos mesmo quando ela esconde sua face e até a última rosa do canteiro mais distante do mundo também aprecia sua beleza.

Radiantes como símbolos do amor, a lua e a flor são as grandes mensageiras das manifestações de sentimentos do coração, enquanto a lua ilumina, a flor perfuma a declaração de amor.

Eu não acredito que a lua seja capaz de se esconder de mim! Esconder-se atrás das nuvens e deixar apenas seus brincos brilharem como duas estrelinhas ao lado para me encantar.

O escuro entre o céu e o mar se torna confuso e o vento forte traz as águas em ondas para acariciar os grãos de areia, que na escuridão obscurecem os sentimentos. Esse momento na escuridão parece fazer o amor ausente, mas simplesmente segue as pegadas na areia de uma pequena morena, imperceptível aos olhos, porém incapaz de ofuscar o brilho dos seus belos brincos de lua.

Ela caminha na praia usando um vermelho escuro e eu apenas vejo o seu vulto passar, mesmo assim percebo que ela sai correndo quase desaparecendo. De onde ela partiu há alguma coisa caída no chão, então corro para conferir o que o mar trouxe e entregou aos braços da amada areia.

Aquela areia que parece uma teia agora me aprisiona e eu toco naquela garrafa estranha. Seus contornos são irresistíveis e eu a contorno com a mão, passando levemente os dedos em seus detalhes e percebo que há uma mensagem dentro. Retiro a mensagem de dentro da garrafa, leio e sou atingido no coração por aquelas palavras:

“Agora você é meu prisioneiro. O amor”

Naquela praia escura iluminada apenas pela luz romântica da lua, eu não conseguia encontrar a garota de vermelho, então comecei a meditar:

O vermelho é a cor da imaginação. Seria apenas imaginação?

Também é a cor da atração e da vontade. Estaria eu fascinado e aprisionado?

Logo avisto a menina da lua passando com seu vestidinho vermelho soltinho, voando ao vento em suas passadas elegantes, charmosa e feminina. O voar do vestidinho às vezes mostra e outras vezes esconde a beleza de suas coxas dando um prazer enorme apenas de olhar ela passar seguindo rumo ao mar.

O vermelho escuro do seu vestido e seus cabelos negros dão um brilho maior aos seus brincos de lua. O brilho. A lua e eu sentado na areia olhando a grande lua luminosa e carinhosa refletida ao mar.

A menina da lua me abandonou sozinho naquela praia escura, talvez ela nem tenha me visto ou eu também seja apenas um vulto naquela escuridão, mas eu continuo olhando para ela e vejo nitidamente seus brincos brilhando como duas estrelinhas, fazendo da lua uma linda menina.

Distraído com a beleza da lua, nem percebi a maré subir, molhar meus joelhos, levar a garrafa embora e com ela a mensagem, mesmo assim continuo prisioneiro daquela praia e apaixonado cada vez mais pela beleza atraente daquele luar carinhoso, que nos dias mais tristes tem sua luz num tom meio amarelado, mas muito apaixonado. Isso mesmo! Sou um louco apaixonado pela menina da lua.

Paulo Ribeiro de Alvarenga

Criador de Vaga-lumes

Iluminando Pensamentos