Momento mágico

Momento mágico

No palco da vida, atuamos em nossos papéis diários num texto cotidiano onde tudo muda a todo o momento. No texto que a vida escreve com a habilidade de um mestre, nos reserva surpresas boas e más, porém um dia Deus reservou uma inesquecível para mim e para a Abelhinha.

A arte é mágica e nós somos dois palhaços atuando com amor, assim a nossa força do amor atraiu um momento mágico, reservando as pessoas certas para nosso espetáculo.

A Abelhinha chegou voando com um convite na mão, pedindo que fizéssemos uma festa surpresa para umas crianças no dia das crianças. Como somos palhaços, aceitamos imediatamente, porém pediam que fôssemos vestidos de palhaços.

No dia do espetáculo eu vesti palhaço e a Abelhinha se vestiu palhacinha com uma maquiagem maravilhosa, pois não sabíamos quem eram as crianças e fomos de coração aberto para o palco, que aquele dia a vida nos reservou.

Nossas mochilas estavam carregadas com pirulitos e os bonecos para divertir as crianças e ensiná-las a viajar no mundo da magia com o carinho e a habilidade, que a arte proporciona.

Colocamos tudo dentro do carro e seguimos para o local definido apenas com o endereço. Não sabíamos mais nada, éramos dois palhaços lançados à sorte no palco da vida pela arte.

Chegando ao lugar indicado, tremi, pois era uma casa beneficente de crianças especiais. Um desafio para grandes atores o momento de mostrar que sabemos atuar e para isso tivemos que entrar no mundo deles, sair do nosso mundo materialista, individualista e mergulhar no amor, no carinho e na atenção de crianças brilhantes.

Olhei para a Abelhinha, aquela linda palhacinha, toquei com a minha mão em seu rosto, demos um beijo de palhaços e eu falei:

- A hora é essa! O show vai começar:

Facilitamos o máximo possível, para que as crianças participassem do espetáculo e começamos a pintar o rosto das crianças, os meninos com bolinhas coloridas e as meninas com flores brilhantes e lindas. Cada rosto maquiado saia daquele mundo e voava na arte, transformando- se em verdadeiros artistas, porém um garoto deficiente visual se aproximou da abelhinha e falou:

- Eu quero ser palhaço também.

- Então você será um lindo palhacinho. Ela fez uma maquiagem maravilhosa nele e eu sentia que alguma coisa especial estava para acontecer.

A Abelhinha os ensinava a fazer arte com bexigas, fazendo cachorrinhos, capacete, corações e pássaros. Elas chegavam a gritar de felicidade enchendo as bexigas coloridas. Quase chorei vendo a atenção e o amor deles pelos que não tinham possibilidades de chegar até as bexigas. Eles compartilhavam a alegria e a felicidade, levando bexigas para os outros e chegou a hora da história com os bonecos.

Eles participaram ajudando a montar o palco e depois de tudo montado, um deles veio até mim e falou:

- Palhaço! Deixa-me ser um boneco?

Olhei e vi que ele era um deficiente visual, não enxergava nada.

- Deixo! Mas vou te ensinar. Preste atenção!

- Segura essa madeira. Você vai manusear o boneco na história, segura com a mão esquerda no canto do palco para você controlar a distância. Você vai ser o personagem principal e se eu falar: O menino está saindo da casa, você volta com ele para o palco. Certo?

- Certo!

A Abelhinha participava de cada movimento do garoto, desde a preparação até no ato da cena. Falando para ele assim:

- Quando o palhaço começar a contar a história, você manuseia o boneco como você imaginar que é a cena.

A história era ouvida com atenção, Pareciam vivê-la, estar dentro da história e o garoto manuseava a marionete como se fosse ele, como se estivesse enxergando e durante o transcorrer da história, não saiu com o boneco uma vez do palco, parecia viver naquele espaço há anos.

O espetáculo terminou e eles fizeram questão de guardar os bonecos com cuidado e atenção, como se estivessem guardando algo precioso, que invadiu seus corações e suas lembranças para sempre. Após terminarem o garoto deficiente visual me abraçou e falou:

- Palhaço! Como é o nome do boneco da história? Você não falou o nome dele nenhuma vez, apenas falava que ele colecionava folhas.

- Ele não tem nome. Pode ser qualquer um, até você.

- Eu queria que ele tivesse um nome.

- Certo! Então você coloca um nome nele.

- Eu queria que ele tivesse o meu nome.

- Vamos colocar um nome nele. Qual é o seu nome?

- Jesus.

- De hoje em diante, o colecionador de folhas se chamará Jesus.

Agora vamos nos despedir estourando bexigas, que é para dar sorte e a gente voltar aqui mais vezes.

Todos começaram a estourar bexigas numa gritaria de felicidade inexplicável, com seus rostos maquiados, numa cena teatral, sem ensaios e numa atuação perfeita que o espetáculo da vida proporcionou.

Antes de ir embora falei:

- Agora vocês também são atores e podem fazer seus próprios espetáculos, basta deixar a imaginação fluir e a história sairá junto proporcionando o espetáculo perfeito.

- Vamos Abelhinha! Chegou a hora de voar, pois hoje a alma está mais leve e pura, carregada de carinho e amor puro.

O palhacinho se despediu tocando o meu rosto, como se estivesse desenhando em um papel, depois tocou o rosto da Abelhinha, sorriu e se despediu.

Saímos daquele lar, deixando os atores atuando no palco e nós éramos apenas telespectadores da vida, que acabaram de assistir um grande e excelente espetáculo, levando como bagagem experiência, ensinamentos e lição de vida, provando que a felicidade está além do que imaginamos.

Obrigado arte! Por mais esse momento mágico.

Um beijo de palhaços.

Paulo Ribeiro de Alvarenga

Criador de vaga-lumes

Iluminando Pensamentos

VrummmmmmmmmmZummmmmmmmm...

Criador de vaga lumes
Enviado por Criador de vaga lumes em 08/04/2015
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