O amor não é
- Não, o amor? Não, o amor não é isso!
- Mas quando o aroma do café fresco da manhã vem me acordar, eu lembro-me dela!
- Sei, mas isso não é amor.
- Mas quando sinto meu coração bater num ritmo completamente desproporcional ao comum bater de corações, sou direcionado a saudade dela.
- Sei, mas o amor é algo muito maior que isso.
- Mas quando meus olhos se deparam com os dela fico completamente fora de mim, imagino estar diante do sublime, do belo, de um artista metafísico qualquer.
- Sei, mas os olhos se iludem fácil, esse frenesi não é amor.
- Mas quando sinto o toque dela em minha pele sinto-me tocado por Deus.
- Sei, mas isso é blasfêmia meu caro, e quem ama não faz blasfêmias contra Deus, isso não é amor.
- Mas quando vejo a imensidão do mar e me apequeno sou levado a buscar naqueles braços a segurança de que preciso para não ceder àquelas ondas atormentadoras daquele gigantesco mar.
- Sei, mas a segurança que busca é ilusória, pois amor nenhum é seguro, isso não é amor.
- Mas quando ouço a singela melodia oriunda da voz dela sou levado a uma dimensão completamente acima da esfera comum das rotinas.
- Sei, mas o cotidiano não se divide em esferas, isso não é amor.
- Mas quando me vejo dentro do abraço dela sou completamente livre de todos os medos que atormentam a minha alma.
- Sei, mas a sua alma é tudo aquilo que você não vê fisicamente, mas é peculiar somente a você. Isso não é amor, é interioridade.
- Mas quando... Pera, Afinal o que é o amor?
- Bom, o amor é...
- Não! Para! O Amor não é; o amor só pode ser!