Fabrício (Capítulo 1)
Não que ela soubesse que ele era um erro. Total, dos grandes, de proporções monstruosas. Mas sua amiga Clarisse estava louca por Fabrício, e Jane não sabia o que falar para ela, que mais uma vez via a amiga observando o cretino do cara passando na frente do café que elas frequentavam nos sábados a tarde. Clarisse tinha uma justificativa: ele era extremamente irresistível, lindo de morrer e era muito culto, mesmo para um cara que aparentemente era o pior aluno da sala e que trocava de "namorada" como trocava suas cuecas. Mas Jane não via isso: e daí se o cara era um gato e inteligente? Não havia dúzias de homens assim na escola, no curso, na cidade?
Mas a cegueira e imprudência já estavam na ingênua e doce Clarisse, que ignorava os apelos da amiga para deixar para lá sua paixão platônica. Depois de tomarem o café, Jane acompanhou a amiga até sua casa e foi sozinha para a sua, na outra quadra, imersa em pensamentos, demorou para perceber que havia esbarrado em alguém. Adivinhe: Fabrício, que a encarava com seus imensos olhos azuis (Clichê para ela que seus olhos fossem assim, da cor mais óbvia para um cara bonito ter).
- Desculpe.- ela disse antes de seguir. Já imaginava o auê que seria quando Clarisse descobrisse que ela esbarrou com ele, e perto de sua casa.
- Hey, não é bom uma garota tão bonita andar sozinha.- ele disse antes de continuar seu caminho.
Jane descarregou sua total indiferença a ele no olhar e seguiu para casa.
Para seu azar, não seria a última vez que isso aconteceria.