MEU AMOR EU TE PROMETO... Parte dois

A inocência de Sayumi encantava André. Ele fazia de tudo pra que ela gostasse dele.Levava a menina pra comer em restaurantes diferentes, em Museus diversos e chegaram até um dia a pegar um avião pra ir até a Quinta da Boa Vista no Rio de Janeiro, só pra ela conhecer o museu do parque. Ela gostava muito de André, mas não acreditava que isso fosse amor.

Depois de seis meses que Felipe visitava as sessões da quinta feira na tal igreja, ele passou a ajudar a realização das tarefas na prisão e logo estava tão bem que a juiza relaxou sua prisão. Ele passou a trabalhar fora e dormir na prisão. Na verdade ele ainda não havia sido julgado, só estava preso aguardando julgamento e por causa de um grande número de processos. Sayumi visitava Felipe todos os dias no trabalho e ele lhe parecia grato por ajudá-lo a sair da prisão. Ele trabalhava em uma Pet shop e ela adorava visitá-lo só pra pegar os filhotinhos de animais na mão.

Felipe relembrou em poucos meses o amor que Sayumi sentia por ele e que ele sentia por ela. Começaram a namorar e em breve trocaram o primeiro beijo de adultos. O namoro foi ficando sério e por isso ela deixou de visitar o museu e de ver o André.

André sentiu sua falta. Procurou por ela no trabalho mas ela não conversou muito com ele. Disse que estava namorando e que Felipe sentia ciúmes e portanto ela não podia mais encontrá-lo.

André não se conformou com o fim da amizade entre os dois. Sabia que ela não o amava, mas tinha esperanças de que com o tempo ela o considerasse mais que um amigo.

Felipe e Sayumi se encontravam numa praça perto do trabalho dela. Sempre que podia, ela ia até o trabalho dele só para vê-lo. Se passaram mais de um mês de namoro dos dois, e André resolveu que era hora de acabar com ele. Visitou Sayumi no trabalho e sem que ela percebesse pegou seu celular e mandou uma mensagem pra ele mesmo. Depois copiou o numero de Felipe. De um orelhão ligou pra Felipe e disse que Sayumi estava tendo um caso as escondidas com outro cara.

Felipe ficou dezesperado. Procurou Sayumi e sem que ela percebesse investigou o celular dela e descobriu a mensagem de André. Cheio de rancor despejou em cima dela sua fúria. Disse barbaridades que ela nunca tinha ouvido na vida.

Pra completar, André, comprou umas pedras de Crack com um amigo e colocou com umas notas de cem Reais em um bolso do casaco de Felipe que sempre ficava em cima da cadeira no serviço dele. A loja estava sempre cheia de animais e como Felipe não conhecia André, não reparou no que ele fazia. Em seguida fez uma denúncia anônima de que Felipe estava vendendo drogas no Pet shop.

A polícia invadiu a loja e por causa dos antecedentes criminais dele, pegaram pesado com o rapaz. Sayumi foi chamada e ele parecia outro. Despejou em cima dela todo o seu ódio. Chamou-a de nomes muito feios. Ela saiu chorando e foi desabafar com o André. O delegado investigou e acabou achando mais de uma testemunha de que um homem colocara aquilo no bolso do rapaz. Deram a descrição do homem mas ele não se parecia com ninguém que já tivesse antecedentes criminais. Felipe foi solto. O dono da loja não quiz recontratar o Felipe. Ele novamente caiu na marginalidade. Não queria, mas foi obrigado porque ninguém quiz lhe dar trabalho. Passou fome por alguns dias mas, um antigo camarada da prisão lhe ofereceu uma bocada e ele não resistiu. Alguns dias depois foi preso outra vez desta vez por assalto a mão armada. E desta vez o delegado avisou que não ia levar ninguém pra sessão em igreja nenhuma.

Felipe ficou preso por dois anos. Quando saiu da prisão já era maior de 21 anos e resolveu que iria tomar juizo. Procurou o pastor da igreja que o ajudara antes e ele prometeu que iria ajudá-lo se ele também se ajudasse. Não encontrou Sayumi. Ela estava de férias e ele soube por um colega que ela estava namorando sério com o André. Isto só aumentou suas suspeitas em relação aquele telefonema anônimo.

Felipe resolveu que sua vida ia dar certo desta vez. Não tinha ninguém no mundo e por isso era ele por ele mesmo. O pastor arranjou pra ele um emprego no museu onde André trabalhara antes. Ele agora trabalhava em outro lugar. Felipe estava até gostando do novo trabalho. Os superiores também estavam gostando dele. Sempre visitava o Pet shop e reencontrava antigos clientes e amigos.. Um dia uma menina falou pra ele que tinha visto o homem colocar alguma coisa no bolso do seu casaco. Ele sabia disso e perguntou pra ela se ela o reconhecia. Ela disse que sim. Ele então fez amizade com a família dela e cada vez mais passou a frequentar a casa dela. Seus pais também afirmaram que era verdade o que a menina dissera. Eles também viram alguém colocar algo em seu bolso. Alugou um quarto na casa deles e se tornou melhor amigo da menina. Ela se chamava florinda mas ele a chamava de florzinha. De alguma maneira aquela menina lhe lembrava de uma Sayumi que ele conheceu no passado. Era sábado e Valdir levou Florzinha para passear no parque. Sua mãe só confiava nele. Ele era realmente de confiança. Comprou um picolé pra florzinha e a deixou sentada chupando o picolé enquanto pagava o sorveteiro. Derepente a menina começou a gritar pra ele.

_Olha Valdir! É ele!

Virou pra direção que a menina apontava e lá estava Sayumi de mãos dadas com o Homem que a menina apontava. Num piscar de olhos Valdir entendeu tudo. Fora ele o homem que colocara a droga em seu bolso. Fora ele também o responsável pela morte de Felipe. Sim porque depois que acabou com Sayumi, Felipe resolveu voltar a usar o nome de Valdir e todos os conheciam por esse nome. Ele acabara com a vida dele e agora estava com a namorada dele. Isso não poderia ficar assim. Sayumi chegou perto da menina e tentou acalmá-la.

_Calma querida o que foi? Porque está apontando para o André.

Quando Felipe viu no celular de Sayumi a mensagem que a denunciava, investigou e descobriu que o celular que mandou era de um tal de André. Agora num piscar de olhos entendeu tudo. Ficou olhando pra Sayumi e ela não estava entendendo nada. Então a garotinha falou pra Sayumi:

Moça, cuidado com esse homem . Ele é mau. Ele colocou coisas no bolso do Valdir e por isso ele foi preso. Eu vi. Eu tava lá com meu pai e minha mãe. A gente viu. Todo mundo viu.

Apesar da garota ter apenas uns dez anos, Sayumi acreditou nela, mesmo porque ela viu que Felipe estava tão surpreso quanto ela. Olhava pro André e pra ele e não sabia o que fazer.

Valdir se arrependeu de tudo o que havia dito a ela. Pra ele, Sayumi estava perdida apesar de amá-la muito. Tentou esquecê-la de todas as maneiras. Mas aproximou-se de Florzinha por lembrar-lo Sayumi.

André Tentou calar a boca da menina em vão. Quanto mais ele pedia pra ela calar a boca mais a menina gritava pra Sayumi tomar cuidado. Então num ápice de loucura e raiva, Sayumi começou a gritar e a dar bolsadas em André que saiu correndo de lá. Ela sentou no banco e começou a chorar. Chorava pelo tempo perdido, por ter perdido Felipe pra sempre e por tudo o que André fizera a ele. Queria que o tempo voltasse atrás mas ele não volta. Voltou a realidade quando Felipe, o seu Felipe a chamou com um copinho de água de coco e lhe disse:

_Beba isso que vai lhe fazer bem!

Ela bebeu toda a água e sorriu pra ele.

_Você me perdoa? - Ele perguntou.

_Sim mas acho que sou eu quem lhe devo um pedido de perdão.

_Não. Sou eu. Eu devia confiar em você. Você me deu tantas provas e eu fui acreditar em outras pessoas. Estraguei tudo.

_Não fique triste. Há lições que a vida dá e a gente só compreende depois. Amigos? - Estendeu-lhe amão.

_Sim novamente amigos.

Aquele aperto de mãos significava muita coisa. Teriam que reconstruir tudo de novo. Florzinha observava inquieta aquela conversa e só perceberam sua presença quando ela tocou no ombro de Valdir e disse:

_Ei eu estou aqui! - Estava bem calma. E sorria

Felipe lhe apresentou Florzinha e daquele dia em diante seriam amigas. Ela lhe devolveu a amizade de Felipe e Sayumi lhe seria eternamente grata.

Sairam dali os três de mãos dadas. Pareciam uma família. Tudo voltou a ser felicidade novamente. Tudo corria muito bem até aquele telefonema da tia. Seu avô não estava nada bem. Sayumi viajou em seguida pra lá.

A fazenda parecia abandonada. Seu avô lhe explicou que estava muito doente e que estava condenado. Ela tentou argumentar, queria levá-lo a outros médicos mas a tia disse que era tarde demais. Falou que o câncer já estava em metástase e por isso não adiantaria nada. A fazenda seria vendida pra pagar as dívidas que eram muitas.

Felipe, que entrou na justiça para voltar a usar seu nome de batismo, veio ter com Sayumi na fazenda. Aquele recanto deles ainda estava lá. Parecia mais selvagem do que nunca.

Ela fora para lá fazer uma caminhada durante o sono de seu avô. E Foi lá que Felipe a encontrou. Bastou um olhar para renascer o amor de antes. Relutaram muito em declarar um ao outro seu amor. Mas naquele momento foi impossível esconderem seus sentimentos. Nos braços um do outro eles prometeram não deixar que aquele lugar sagrado fosse destruído pela ganância dos homens. Não tinham dinheiro mas tentariam manter a fazenda. A loja de ferramentas do avô em São Paulo também foi fechada.

Depois que Felipe partiu pra cidade, Sayumi ficou pra cuidar de seu avô. O velho Chinês não durou muito. O cancer acabou com ele. Foi embora como viveu, suavemente. As dívidas foram cobradas e Sayumi pediu um tempo aos credores. Não tinha como pagar mas ganharia tempo.

Felipe chegou a São Paulo numa tarde chuvosa. Havia tempo que não chovia e ele ficou feliz com a chuva. Na secretária eletrônica da sua velha Quitinete havia um recado para ele:

continua...

Nilma Rosa Lima
Enviado por Nilma Rosa Lima em 19/03/2015
Reeditado em 19/03/2015
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